Vou arriscar dizer que não existe artista de um talento só. O que torna o artista de verdade, conhecido ou desconhecido, não é a habilidade, a virtuosidade. O que torna o artista de verdade é o olhar e a vontade de expressar, de transbordar para o mundo o que vai lá dentro. Se a crítica é boa ou não, não importa. O crítico nada mais é do que alguém que decidiu classificar as produções alheias e que foi imponente o suficiente para fazer-se prevalecer. Sentir, visualizar, viajar, expressar, aí reside a verdadeira arte. Seja qual for o meio ou combinação, idade, sexo, origem, etnia, o que importa é a sensibilidade. A emoção provocada numa cena, por uma pincelada mais forte, num feixe de luz, composição de sons e ritmos, escritos poéticos, confissões, sabores. O perceber que somos também um pouco artistas quando aprisionamos aquela beleza, nem que por um segundo somente. O embevecimento, o enlevamento da alma, o sublime, o vencer do abstrato e das sensações.
Sofremos porque somos sensíveis. Mas somos artistas. E vemos. E sentimos. E vamos de um extremo ao outro. Do inferno ao céu.