sábado, 29 de maio de 2010

Felt Frenzy

Numa de minhas visitas à seção infantil da livraria, achei um livro e comprei (para mim...).

Engraçado que esse blog começou com feltro e depois nunca mais postei nada... Fiquei um tempão sem mexer com feltro... O resultado deste novo livro que eu comprei foi este:




E o livro:

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Hiperrealismo

Aprendi uma nova esta semana. Hiperrealismo. Em linha gerais, trata-se de desenhar utilizando ferramentas digitais, de forma que a imagem gerada fique ainda mais perfeita do que uma foto. É uma pintura digital no máximo que se pode imaginar de detalhes, brilho, texturas...

Citei o conceito na verdade para falar sobre Bert Monroy, o palestrante em questão. O artista é o tipo de pessoa que eu admiro. Lógico que o que vou expor são impressões que eu formei a partir dos depoimentos que ele deu na entrevista. Se é ou não assim, de verdade, eu nunca vou saber. Mas gosto do perfil que ele descreveu a respeito de si mesmo.

Já falei algumas vezes no passado sobre a questão de ser artista e a carreira. Como sentimento de ser artista e auto-estima se confundem. Se a obra não é aceita, a pessoa põe em questão simplesmente tudo o que ela é. Bert Monroy é o tipo de artista maduro, que faz o que gosta e que já passou dessa fase de afirmação. Ele encontrou aplicação comercial para o que ele faz, é muito bom e já não se importa mais com o impacto que o resultado está provocando no público. Se é um letreiro de bar enferrujado que ele quer pintar, é o que ele pinta, como ele mesmo diz.

Ele descreveu uma coisa muito bonita que é o prazer de criar. Já falei sobre isso também. Falo muito sobre isso porque encontro uma imensa satisfação desde criança em executar trabalhos manuais. Colagens, bordados, costuras, tudo me diverte. É o "faça você mesmo", olhos brilhando ao observar o resultado de um trabalho. E é exatamente o que ele fala sobre "encontrar a criança interior". Ele diz que a criança faz um desenho de palito e diz, "mamãe, olha você aqui". Orgulhosa de seu desenho. Plena. O adulto pode olhar e dizer que o desenho não se parece com a "mamãe". Não importa, no dia ou no minuto seguinte, a criança vai desenhar novamente e tornar a sentir aquela mesma alegria.

E não pára por aí. Tem a questão do "payback". Ele conta que veio de um meio pobre, sem perspectivas. Uma forma que ele encontra de "recompensar" o sucesso que ele atingiu, é ministrando palestras em colégios públicos de forma que ele possa contribuir para abrir a visão de jovens humildes, como ele foi, que se sentem na maioria das vezes sem esperanças. Ele não esconde informação, pelo contrário, escreve artigos em revistas especializadas e livros, descrevendo as técnicas utilizadas. Grande parte da satisfação pessoal vem da constatação de que o que ele ensina faz diferença.

Hoje em dia tem todo esse papo sobre retoque de imagens, de como as pessoas ficam perfeitas e tudo mais. Para os leigos, acho que pode ficar uma impressão de que é "mole" entrar no Photoshop e fazer aquela reforma geral. Não quero nem entrar no mérito do retoque em si, queria falar da técnica. Believe me: é prático mas é difícil. Para fazer bem feito, precisa de estudo, de dedicação, de olho de artista, perfeccionismo. Isso tudo para dizer que eu os convido a olhar as obras digitais de Bert Monroy com essa visão. Não vamos sair desprezando só porque não foi feito com tinta. Temos que quebrar os paradigmas e reconhecer os benefícios do mundo digital, porque eles existem. É só saber usar.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Deletei o meu orkut

Faz aproximadamente um mês que eu deletei o meu Orkut. A ação foi provocada por uma constatação, daquelas que tomam a gente de repente, de que o site em questão não estava agregando nenhum benefício real à minha vida.

Fazia tempo que eu pensava sobre isto. Se devia ou não manter a conta. Eu sempre me dizia que se optasse pela exclusão, ia perder o elo de ligação com amigos tão queridos, pessoas tão importantes para mim no passado e que eu pude reencontrar através dessa rede.

Já faz algum tempo que eu defendo o modo de vida mais simples. Venho substancialmente, quase que diariamente me questionando sobre hábitos e atitudes que podem tornar a minha vida mais ou menos simples. E foi a partir de uma reflexão dessas que cheguei finalmente à minha decisão.

Eu fui privilegiada na profissão pelo contato com várias pessoas. Sempre encontrei muitas pessoas interessantes e outras nem tanto ou quase nada. Ao longo destes anos, pude colecionar uma imensidão de amigos e conhecidos no Orkut. Abria o sistema ultimamente quase que apenas mensalmente para encontrar nas atualizações, dezenas de fotos de pais deslumbrados, solteiros frenéticos nas baladas, solitários viajantes, fotos de terceiros publicadas sem o conhecimento ou aprovação dos mesmos, quando não, comentários indiscretos, que melhor teriam sido ditos por e-mail do que no scrapbook para todo santo ver.

Não me levem a mal. Não é tudo, ou melhor, pouco é crítica. A crítica fica sim para a falta de discernimento ou discrição. Dos amigos felizes por suas conquistas, fica da minha parte uma certa angústia, uma sensação de débito por não poder compartilhá-las pessoalmente. Dos amigos reencontrados idem, uma certa frustração por eu não encontrar o espaço que eles merecem em minha vida no presente, dado o papel importante que desempenharam no passado. Em relação às fotos... fica um gostinho da adolescência, quando a gente achava que sempre havia uma festa acontecendo da qual a gente não fazia parte.

Eu não posso reclamar da minha vida. Tenho uma parcela satisfatória de festas, conquistas e viagens a celebrar. O que me incomoda nas fotos do Orkut é a falsidade mesmo que não intencional. Fica aquela imagem estática, o sorriso eterno, como se tudo fossem flores o tempo todo. Caras e bocas, poses, como se fôssemos todos pop-star. Me veio hoje um insight; eu não pretendo de forma alguma condenar qualquer avanço tecnológico ou ferramenta. Eu acho que tudo é benéfico se utilizado com valor. O insight que me veio foi que as redes sociais em geral acabam se tornando veículos de uma certa falsidade, enquanto que o blog acaba privilegiando a sinceridade. É no blog que, despidos pelo anonimato, confessamos as nossas mazelas, os incômodos, onde escrevemos cansados, tristes e descabelados, mas verdadeiros. Existem os que se abrem sim. Mas os debates mais enriquecedores me parecem acontecer naqueles círculos onde permanece um certo mistério.

Então foi assim. Percebi que os amigos verdadeiros, aqueles que gostam de mim, batem na minha porta, me ligam, exatamente como antigamente, quando não havia internet. Os que eu espero um dia reencontrar, estão guardadinhos ou podem ser encontrados através de algum outro conhecido. Os que gostam de trocar experiências, mesmo que desconhecidos, continuam antenados no blog.

Pois é, deletei e fiquei mais leve.

Ganhei um selinho!

Olha,
fazia tempo que não recebia um selinho. Esse foi enviado pela Albuq, do "Relacionamentos, Vida e Cotidiano". Obrigada, Albuq, pelo selinho e principalmente por me acompanhar com tanta assiduidade!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Quarto arrumado


Quando eu tinha entre 5 e 6 anos de idade, eu adorava assistir o seriado "Feiticeira". Me fascinava não somente os poderes mágicos da protagonista mas também o estilo de vida em si: casa ampla com gramado na frente, belos penteados, roupas elegantes, o cenário "família feliz" a despeito de todas as trapalhadas que a terrível Endora ou a irmã morena provocavam. No final tudo se resolvia e acabava com o casal feliz se beijando.

Não era raro que eu olhasse a bagunça à minha volta, que eu mesma havia provocado após uma série de brincadeiras e pensasse: "seria tão bom se eu tivesse poderes mágicos para colocar tudinho de volta no lugar!". Então, lá ia eu tentar imitar o movimento de nariz que a "Feiticeira" fazia ou fechar os olhos para desejar que ao abri-los, eu pudesse encontrar tudo arrumadinho de novo. E obviamente, para minha profunda decepção, não encontrava. Mas isso não impedia que eu de novo, tentasse a mágica num outro dia.

Eu não sei porque mas desorganização, tumulto visual, excesso de cor e de informação, despadronização, essas são coisas extremamente perturbadoras para mim. Desde criança. Isso não quer dizer que eu consiga manter tudo arrumado o tempo todo mas arrumar, desfazer-me do desnecessário, são atitudes que me devolvem o equilíbrio e a paz interior.

Tem dias que eu visualizo a minha mente assim: como um quarto. Às vezes ele está ensolarado e arrumado, com um sol gostoso entrando pela janela. Em outros dias ele me parece sombrio, empoeirado como a passagem para a cabeça do John Malkovich, naquele filme "Quero ser John Malkovich".

O que há de comum entre mim e aquele menina de 5 anos é que eu ainda tento colocar tudo de volta nos lugares certos. Cada coisinha, cada pensamento na sua caixinha certa. A diferença é que hoje eu não acredito mais em fórmula mágica. Eu não tento mais fechar os meus olhos e esperar que tudo esteja bem ao abri-los. Doa ou não, eu tento fazer o certo, colocando eu mesma tudo de volta no lugar.