sábado, 10 de dezembro de 2011


quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Tive que voltar aqui e fazer um complemento rápido ao post anterior. Eu fiquei pensando sobre o livro, sobre Clarice Lispector e o fato de só agora eu ter começado a ler. Posso estar errada mas me tocou que este é exatamente o momento de estar lendo Clarice Lispector. Se eu a tivesse lido quando adolescente, como muitos outros livros que li, acho que ia ficar a maior parte das coisas na imaginação, no entender somente intelectual. Sem o coração. Olhando para fotos antigas ontem e pensando hoje sobre o livro, percebo que eu sempre quis ser feliz. Eu queria ter amigos e fazer o que todo mundo fazia e me sentir parte de algo. E foi aí que eu errei. Porque ser feliz, não significa fazer o que todo mundo faz mas fazer o que você faz. Como diz Clarice muitas vezes, é preciso "ser". E eu continuo nessa difícil tarefa de "ser". Uns dias sendo mais ou menos, mas com a experiência aprendendo o que de fato não faz parte de mim. Sendo devagar e sem me violentar, assim espero. E entendendo finalmente que mesmo querendo ser feliz, nem sempre a gente consegue, porque por algum motivo, a tristeza independe da nossa vontade e vez por outra ela vem nos buscar. A única coisa boa é que uma vez vencida a tristeza, a gente se surpreende de ter aprendido e se sente mais poderoso. Deve ser o tal estado de graça que Lóri sentiu. Eu não estou no estado de graça uma vez que ele é passageiro. Mas bem sei como é. Graças a Deus.

Viagem ao fundo da alma

O livro mencionado no post anterior surtiu algum efeito em mim pois eu parei um pouco com os filmes e recomecei a ler. Após uma longa fase de leitura meramente recreativa, resolvi retomar os livros mais de alma.

Por sugestão da amiga Beth, do Noites em Claro, resolvi ler mais um de Clarice Lispector:

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O livro é realmente muito bom. O que me frustra em Clarice Lispector é que não é uma autora para ser lida assim sem compromisso, tipo, li, entendi a estória, terminei e guarda na prateleira. Por ser uma leitura muito sensorial, dependendo do momento ou da fase de vida, a gente conecta melhor com um ou outro trecho. E no final, pelo menos eu, fico sempre com a sensação de não ter aproveitado o livro todo como eu deveria. Por exemplo, neste livro aí, especificamente, teve uma passagem que eu de verdade senti o peso dos elefantes no ar, isso só como um exemplo, porque houve outras. Só que a maçã, eu não visualizei tão bem. Então como se não me bastasse a quantidade de livros e filmes que tem por aí para ver, eu ainda fico com essa frustração, de não poder dizer que terminei com o livro. Enfim, paranoia minha mas acho que muitos que me leem devem ter sentimentos parecidos.

Hoje eu tive que resolver uns assuntos e não me segurei e acabei entrando na Livraria Cultura. Como estou assim nessa onda de leitura profunda, resolvi quebrar mais um mito interno que era a resistência ao "Retrato de Dorian Gray". Confesso que o motivo foi muito fútil. Eis que vi numa banca uma belíssima coleção de clássicos da Penguin, todos encapados com tecido e com estampas impressas, uma mais linda do que a outra. Tive que me segurar para não comprar outros que eu já li e que amo. Consegui me restringir a ficar apenas com o volume ainda não desbravado. De quebra, comprei também Mrs. Dalloway, já que Virginia Woolf estava entre as minhas antigas pendências. Só espero não sofrer demais com essas leituras. Porque lendo Clarice, eu sofri e chorei muito.

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