Longas, numerosas e abafadas manhãs de intermináveis férias no Rio de Janeiro.
Infância de apartamento.
Clique, clique, Thor, Tom e Jerry, Pica-pau. Nada de novo.
No meio da programação, uma novidade: programa de culinária.
Olhos curiosos que observam as mãos mágicas, a calma, o detalhe.
"Hum, isso aqui vai ficar gostoso!"
"Parece tão fácil!"
Um pouco de farinha aqui, quebre os ovos, misture bem.
A manteiga: e quanta manteiga!
Voz pausada, tranquila, um certo sotaque.
Olhos atentos, mente ativa que tudo observa, inconscientemente gravando. Cada detalhe.
A apresentadora anuncia: "isto aqui vai ficar uma delícia". E a imaginação acredita.
Dezenas de pratos saboreados, todos na imaginação.
Infância superada, aventuras na cozinha adolescente. Fase adulta: "odeio cozinhar"!
Trabalho, trabalho, trabalho... a luta contra o tempo. Que chato cozinhar!
Eu não quero cozinhar, eu não quero cozinhar, eu não quero cozinhar.
Pausa para reflexão: valores primordiais, sentido da vida?
Arte, comida, descanso. O ócio essencial? E os sonhos de infância?
E os bolinhos enrolados? E os pastéis fechados? E a massa de bolo crua?
C-O-N-S-T-A-T-A-Ç-Ã-O: cozinhar não é tão ruim assim.
Entre saladas, bolos e grelhados, temperos e azeites: puxa, como é bom cozinhar! Um dos prazeres da vida.
C-O-N-S-T-A-T-A-Ç-Ã-O-2: cozinha não precisa ser atribulada, tumultuada ou vaporosa. Cozinha pode ser devagarzinho, ao seu tempo, como aquela da infância, da saudosa D.Ofélia.
Ô cozinha maravilhosa da D.Ofélia! Obrigada, senhora: infância recuperada! Tomadas as rédeas da vida!
2 comentários:
Ohhhh Lilly esse "Realizando sonhos" me traz cada lembrança maravilhosa hummmmmmm
Ofélia era figurinha certa da casa da minha avó, minha mãe anotava as receitas e reclamava horrores de quando a gente falava atrapalhando ela, não diferente dos tempos de hoje... antes sentávamos prá assistir e discutir as receitas de Ofélia, hoje minha mãe pede que entre em tal site e pegue a receita de tal dia! Nunca pensei em tanta modernidade kkkk
E como minha avó era pomposa, se fosse viva estaria no mesmo ritmo, se brincar, brigando comigo pelo pc kkkkkk
muito legal!
Adorei, adorei, bjs
Pois é, Márcia, gostoso isso né, de ter uma lembrança que parece particular mas que no fundo é de uma geração, só que a gente não se dava conta, isolados que vivíamos no nosso mundinho infantil....
Bjs!
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