quarta-feira, 18 de maio de 2011

Origami para Lixeira



Recentemente eu precisei elaborar uma peça gráfica que tivesse o tema ligado a sustentabilidade. Meu ponto de partida para sugestão do tema sobre o qual eu iria trabalhar, foi listar as dúvidas que eu mesma tinha a respeito do que realmente são boas práticas. E com isso, automaticamente caí na questão das "sacolas plásticas".

Estamos tão viciados nas tais sacolinhas para jogar o lixo, que não conseguimos imaginar solução diferente. Uma coisa que pensava era: "se extinguirem as sacolinhas, não teremos que recorrer ao saco de lixo que também é de plástico?". Fui lendo a respeito e o que descobri foi o seguinte:

1. O que a maioria já sabe porque é mais divulgado, é que sobra muita sacolinha sem uso, ou seja, temos menos lixo do que sacolinhas. Logo, sempre há muitas delas por aí voando, sem utilização.

2. O saco de lixo normalmente é feito de material reciclado. Além disso, a composição dele é diferente da sacola de supermercado. Como não existe um compromisso tão grande com a questão do seu rompimento, o material dele acaba também sendo mais facilmente decomposto.

3. Podemos substituir a sacola plástica pelo jornal, para armazenamento do lixo.

Bom, com relação ao 3o. item, preciso dizer que trata-se de uma grande amnésia da minha parte. Quando eu era criança, as sacolas de supermercado eram de papel e a gente costumava forrar a lixeira com jornal e depois fazer um embrulho, também de jornal, mais revestido, para levar o jornal até a lixeira (no meu caso) do prédio. O mais engraçado no fato de eu ter esquecido, é que eu era responsável na maior parte das vezes  por esta tarefa. Eu abria grandes folhas no chão, virava o lixo, enrolava tudo bonitinho e forrava a lixeira de novo.

Mas como lembrei disso? Lendo a respeito do "Origami para Lixeira". Encontrei diversos artigos e videos sobre o assunto, que vocês poderão conferir nos links das palavras assinaladas.

Acho que tive tanto gosto em fazer essa pesquisa que a peça gráfica resultante acabou se tornando a melhor do conjunto que eu produzi. Achei muito simpática a figurinha do origami. Mas fica a dica: se bater preguiça de fazer o origami, sempre dá para forrar com o jornal, colocando mais de uma folha para proporcionar melhor absorção.

A imagem que eu utilizei, para fins acadêmicos, foi a mesma desse post, que eu encontrei no blog "Mundo Possível Vidas Possíveis" que recomendo visitar.

Pequenos Espaços


Meu quarto sempre foi, até uma certa idade adulta, o meu lugar sagrado. O meu cantinho de leituras, reflexão, de ouvir música e olhar através da janela. O lugar onde nada me parecia errado (a não ser que estivesse muito bagunçado, pois não suporto bagunça) e onde eu gostava de me refugiar.

Houve tempo na minha vida em que me senti roubada desse santuário. Tudo começou a me parecer muito complicado, como diria o André, "fiquei obesa por dentro" (adorei essa frase, acho que nunca esquecerei, pois entendi bem a sensação).

Comecei a analisar e percebi que o motivo de minha aflição foi o excesso de coisas que eu havia colocado em minha vida. E foi então, lá atrás, quando me senti tão aflita, que percebi que eu era feliz dentro do meu quarto. Do meu quarto antigo, aquele que abrigava meus livros e meus discos (que então ainda eram de vinil). Minhas roupas, minhas lembranças. Não que eu achasse tudo de adquirido desnecessário, mas foi quando percebi o quanto o excesso de coisas me tornava infeliz. Já escrevi outras vezes sobre isso. Sobre contas a pagar, suporte tecnológico, ou mesmo quantidade de lâmpadas a trocar. Coisas que acontecem quando a gente tem mais do que precisa. A gente puxa muita responsabilidade para si. Eu sou muito grata por tudo que conquistei. Mas sou partidária dos ajustes. De viver, analisar e mudar o que for preciso.

Hoje eu vivo de forma a simplificar a minha vida. Jogar ou doar objetos sem uso, questionar compras e qualquer utilidade moderna. Reconheço que ainda estou longe de ser "magra por dentro" e por fora, pois ainda me cerco de muita coisa desnecessária, mas persigo esse intento de um dia, ter exatamente as coisas que eu preciso. Na medida certa. Esperando assim viver melhor e contribuir para um mundo melhor (falando assim parece que eu sou super certinha, mas não sou. Eu tento).

Bom, falei de tudo isso para introduzir um post que eu achei muito interessante. Pessoas que chegaram à conclusão de que não precisavam de mansões para serem felizes, que ficaram felizes em ter seu pequeno espaço organizado a gosto próprio, privilegiando os hábitos que mais apreciam: Tiny Apartments. E os argumentos que a Sam coloca são interessantíssimos. Vale a pena conferir e refletir.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Estudar


Eu não gosto de me abrir muito no blog, não porque seja uma pessoa introspectiva, mas por que sou, apesar de extrovertida, desconfiada. A gente escuta tanta história bizarra envolvendo internet hoje em dia, que fica medindo (pelo menos eu), o que pode ou não ser dito.

No passado eu já escrevi sobre sonhos recorrentes. Sobre elevadores de 4 portas, discos voadores. Enfim, nem lembro direito o que escrevi. Terei que reler. Mas eu senti grande necessidade de dividir algo que aconteceu comigo. Tem muita coisa que a gente lê e que a gente sabe na teoria. Mas eu acho que existe um valor agregado muito maior em falar sobre algo que a gente leu e acabou constatando. Eu sempre falo sobre o "estalo", o "cair da ficha". Quando a gente vive algo e se dá conta de que era sobre isso que fulano estava falando num livro, ou no filme, ou que qualquer pessoa contou para a gente.

Durante grande parte da minha idade adulta, eu tive um sonho. De que eu voltava para o colégio. O sentimento do sonho não tinha nada a ver com saudades de adolescência, dos tempos dourados. O tom, era sempre o de algo inacabado. Eu voltava para o colégio, de uniforme e tudo e encontrava tudo mudado. E me perguntava o que eu fazia ali se já tinha me formado. Às vezes era a faculdade. Eu achava que estava faltando algo para obter o diploma. Eu acordava e não sabia definir exatamente o que faltava e porque eu estava sonhando com aquilo.

Um dia eu li "Quando Nietzsche Chorou". Li por que era moda, ou por que fiquei curiosa, nem lembro direito o motivo. Só sei que li e não gostei muito. Empurrei a leitura. Não me parecia coerente (naquela ocasião), ver um grande nome da filosofia reduzido a trapos, a criatura tão severamente atormentada. Muito embora eu tivesse conhecimento de que grande parte dos grandes nomes, dos ícones que tanto admiramos, foram na verdade almas extremamente sofredoras. Tem horas, que não sei porque, a minha razão não bate com a compreensão. Eu sei do fato mas simplifico. Naquele momento, Nietzsche = sábio < > depressivo. Eu sei, não faz o menor sentido a minha equação. Mas foi o que pensei.

Também durante grande parte de minha idade adulta, eu sofri de alguns males. Ansiedade, pequenas crises de pânico, fobias inexplicáveis. Coisas que eu sofria e queria muito vencer. Coisas que praticamente foram vencidas durante algum tempo, com a vinda do primeiro filho. Por que a maternidade me deu uma força que eu nem sei de onde veio. Maternidade não sonhada, não planejada, mas que configurou um novo sentido à minha vida. E continuei eu deslumbrada por ela, até o segundo filho. Mas quando parte dos problemas retornaram. Por que embora fascinada, eu não estava preparada para toda a responsabilidade que a vida moderna infligiria nas variadas facetas que eu precisava dominar. Metódica, caprichosa ao extremo, perseguidora de ideais nem sempre factíveis, ou cabíveis, eu me enrolei. Eu me perdi nos objetivos, errei as prioridades e comecei a sofrer novamente. E comecei a sonhar com caminhadas livres ao sol das 10 da manhã e dias sem problemas e prazeres simples de infância. Coisas nem tão absurdas mas que para mim pareciam inatingíveis.

E fui seguindo assim, até que minha vida virou de cabeça para baixo. Eu sofri, eu me perdi na minha essência. Mas hoje eu entendo que tudo aquilo foi necessário para que eu voltasse ao meu trilho. Para que eu recuperasse as coisas em que eu acreditava, para que eu voltasse a ser quem eu realmente era e tivesse coragem de perseguir os sonhos que finalmente eu tinha preparo (de vida) para perseguir. Eu sofri, joguei tudo para o alto, separei o que não servia mais e recomecei. Recomeçar, não é nada fácil. Recomeçar, nem sempre é seguir em frente. Muitas vezes é questionar as decisões, duvidar de nossa capacidade.


Eu tive muitas coisas boas em que me apoiar nesse tempo todo. Poderia falar sobre várias delas. Mas eu gostaria de falar sobre algo que estou vivendo nesse momento. Algo que eu iniciei há cerca de um ano e que gradativamente me mostrou a luz no fim do túnel. Essa coisa, foi estudar. Eu comecei devagar com alguns cursos livres. Comecei a me familiarizar com os temas que envolveriam minha nova carreira. Sim, eu resolvi mudar de carreira! Radical! Fui fazendo um cursinho aqui e acolá. No final do ano passado, resolvi investir num curso técnico. Porque eu percebi que precisava de algo mais formal do que os cursos livres vinham me proporcionando. E eu tinha um tempo limitado para me recolocar na nova carreira.

E foi por isso que sumi. Porque o curso técnico começou e um novo mundo, de verdade, sem querer me utilizar de chavões, se descortinou diante dos meus olhos. Eu vi coisas que me remeteram à infância e aos gostos cultivados durante tantos anos, paralelamente ao meu trabalho formal. Eu descobri que para tudo aquilo que me fascinava, havia se não uma, milhares de possibilidades e aplicações diferentes. Eu me reencontrei, reinventei e acima de tudo: recuperei minha dignidade. Eu vi que uma hora, tudo vai dar certo. Que eu vou conseguir mostrar o meu valor e fazer o que gosto. Eu redescobri isso tudo pelo estudo. Leio ávidamente a bibliografia que meus professores passam e discuto de igual para igual os temas com colegas que são na grande maioria, 23 ou 24 anos mais novos do que eu. De igual para igual no que tange ao novo, ao moderno, porque bagagem não me falta, sobra! E eu não me sinto discriminada, eu não me sinto velha. Eu me sinto viva e atual. Eu renasci.

E onde "Quando Nietzsche Chorou" entra nessa história toda? Por que foi assim que um dia eu entendi. Simplesmente lembrei das situações do livro e compreendi por que a gente pode vomitar sem doença e o coração pode disparar e a gente achar que vai morrer, sem motivo aparente. Por que a gente pode olhar para uma comida, e a despeito de sua aparência fresca, achar que algo pode estar estragado ali e que vai nos fazer mal. A gente sente tudo isso, por que a gente está se violentando. Por mais corretos que possam parecer nossos planos, nossa dedicação, a gente pode estar seguindo um caminho totalmente errado. Descobri que tão perigoso quanto não saber o que fazer da vida, pode ser a certeza do que a gente deve fazer da vida. Por que dever, nem sempre é querer. E existe um limite para o que a gente pode suportar.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Alma

Existe aquele conceito de alma que muitos tentam classificar ou explicar. De Platão a Allan Kardec, seja no Hinduísmo ou na Cabala, muitos acreditam existir dentro da gente aquela centelha que não faz parte exatamente de nosso corpo físico. Algo que em teoria poderia continuar vivo, uma vez morto o invólucro - a parte material que nos compõe. De minha parte posso dizer que isso eu sinto, desde sempre, sem que para isso precisassem colocar tanta regra. Espírito, alma, anima, seja como queiram chamar, existe dentro de mim a certeza de algo maior, de uma força interna que me rege e que pode estar aqui, no passado ou no futuro, em lugares imateriais e simultâneos, com outros que cá ainda estão ou que já se foram. Essa essência que se transporta sozinha, no momento em que ouve uma música, no calado de um escritório vazio, num dia pré-chuvoso, e que no mesmo estante está no Rio antigo da avó querida, jovem ou já velhinha, que tanto gostava dessa música em particular ou mesmo numa abafada sala de piano com a saudosa mestre que mesmo sem conhecer, dividia as mesmas lembranças.

Brejeiro e Apanhei-te Cavaquinho de Ernesto Nazareth em majestosa execução.