segunda-feira, 3 de maio de 2010

Quarto arrumado


Quando eu tinha entre 5 e 6 anos de idade, eu adorava assistir o seriado "Feiticeira". Me fascinava não somente os poderes mágicos da protagonista mas também o estilo de vida em si: casa ampla com gramado na frente, belos penteados, roupas elegantes, o cenário "família feliz" a despeito de todas as trapalhadas que a terrível Endora ou a irmã morena provocavam. No final tudo se resolvia e acabava com o casal feliz se beijando.

Não era raro que eu olhasse a bagunça à minha volta, que eu mesma havia provocado após uma série de brincadeiras e pensasse: "seria tão bom se eu tivesse poderes mágicos para colocar tudinho de volta no lugar!". Então, lá ia eu tentar imitar o movimento de nariz que a "Feiticeira" fazia ou fechar os olhos para desejar que ao abri-los, eu pudesse encontrar tudo arrumadinho de novo. E obviamente, para minha profunda decepção, não encontrava. Mas isso não impedia que eu de novo, tentasse a mágica num outro dia.

Eu não sei porque mas desorganização, tumulto visual, excesso de cor e de informação, despadronização, essas são coisas extremamente perturbadoras para mim. Desde criança. Isso não quer dizer que eu consiga manter tudo arrumado o tempo todo mas arrumar, desfazer-me do desnecessário, são atitudes que me devolvem o equilíbrio e a paz interior.

Tem dias que eu visualizo a minha mente assim: como um quarto. Às vezes ele está ensolarado e arrumado, com um sol gostoso entrando pela janela. Em outros dias ele me parece sombrio, empoeirado como a passagem para a cabeça do John Malkovich, naquele filme "Quero ser John Malkovich".

O que há de comum entre mim e aquele menina de 5 anos é que eu ainda tento colocar tudo de volta nos lugares certos. Cada coisinha, cada pensamento na sua caixinha certa. A diferença é que hoje eu não acredito mais em fórmula mágica. Eu não tento mais fechar os meus olhos e esperar que tudo esteja bem ao abri-los. Doa ou não, eu tento fazer o certo, colocando eu mesma tudo de volta no lugar.


8 comentários:

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Acho que em mim ainda existe a menina de 5 anos, que dorme na esperança e acordar com tudo diferente... nem sei se isso é ruim ou bom, mas, sei que existe! bjs

Lilly disse...

Sabe que depois que eu escrevi, fiquei pensando sobre a conclusão? Soou meio desiludido, né? Um pouco de sonho é sempre necessário. Se eu não achasse isso, o nome do blog não faria sentido... ;-)

Anônimo disse...

Todos sonhamos com poderes mágicos em algumas circunstâncias: como eu gostaria de ser uma formiguinha e ver o que está acontecendo em determinado lugar, como eu queria sumir e não ter que passar por esse apuro, como eu queria isso ou aquilo! Tão bom seria!
Bjs.
;)

Lilly disse...

é verdade... de vez em quando eu ainda sonho com o teletransporte... sair de um lugar e aparecer magicamente no outro... rs
Bjo!

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Oi Lilly, ganhei selinho e estou te dando, passa ´lá prá pegar! bjs

André Lima disse...

Eu sempre quis poder ficar invisível! Ou congelar o tempo. Tinha um seriado disso também, não?

Ana Paula disse...

Oi... passei por aqui por acaso... adorei teu blog e resolvi te seguir!!!!
Sempre sonhei tb com poderes mágicos, como o que vc descreveu de ter tudo arrumado num piscar de olhos, ou de ser teletransportada para qualquer lugar do mundo, se tornar invisível para observar algumas pessoas, como um ex, ou ver o que o namorado faz enquanto não está com vc...rs! Seria o máximo!
Dá uma passadinha no meu quando puder: http://mamaequetrabalha.blogspot.com/
Bjinhos!
Ana Paula

Lilly disse...

André,
lembro daquele de viajar no tempo, "Túnel do tempo". Fascinante também, né?

Obrigada pela visita, Ana Paula!