quinta-feira, 27 de maio de 2010

Hiperrealismo

Aprendi uma nova esta semana. Hiperrealismo. Em linha gerais, trata-se de desenhar utilizando ferramentas digitais, de forma que a imagem gerada fique ainda mais perfeita do que uma foto. É uma pintura digital no máximo que se pode imaginar de detalhes, brilho, texturas...

Citei o conceito na verdade para falar sobre Bert Monroy, o palestrante em questão. O artista é o tipo de pessoa que eu admiro. Lógico que o que vou expor são impressões que eu formei a partir dos depoimentos que ele deu na entrevista. Se é ou não assim, de verdade, eu nunca vou saber. Mas gosto do perfil que ele descreveu a respeito de si mesmo.

Já falei algumas vezes no passado sobre a questão de ser artista e a carreira. Como sentimento de ser artista e auto-estima se confundem. Se a obra não é aceita, a pessoa põe em questão simplesmente tudo o que ela é. Bert Monroy é o tipo de artista maduro, que faz o que gosta e que já passou dessa fase de afirmação. Ele encontrou aplicação comercial para o que ele faz, é muito bom e já não se importa mais com o impacto que o resultado está provocando no público. Se é um letreiro de bar enferrujado que ele quer pintar, é o que ele pinta, como ele mesmo diz.

Ele descreveu uma coisa muito bonita que é o prazer de criar. Já falei sobre isso também. Falo muito sobre isso porque encontro uma imensa satisfação desde criança em executar trabalhos manuais. Colagens, bordados, costuras, tudo me diverte. É o "faça você mesmo", olhos brilhando ao observar o resultado de um trabalho. E é exatamente o que ele fala sobre "encontrar a criança interior". Ele diz que a criança faz um desenho de palito e diz, "mamãe, olha você aqui". Orgulhosa de seu desenho. Plena. O adulto pode olhar e dizer que o desenho não se parece com a "mamãe". Não importa, no dia ou no minuto seguinte, a criança vai desenhar novamente e tornar a sentir aquela mesma alegria.

E não pára por aí. Tem a questão do "payback". Ele conta que veio de um meio pobre, sem perspectivas. Uma forma que ele encontra de "recompensar" o sucesso que ele atingiu, é ministrando palestras em colégios públicos de forma que ele possa contribuir para abrir a visão de jovens humildes, como ele foi, que se sentem na maioria das vezes sem esperanças. Ele não esconde informação, pelo contrário, escreve artigos em revistas especializadas e livros, descrevendo as técnicas utilizadas. Grande parte da satisfação pessoal vem da constatação de que o que ele ensina faz diferença.

Hoje em dia tem todo esse papo sobre retoque de imagens, de como as pessoas ficam perfeitas e tudo mais. Para os leigos, acho que pode ficar uma impressão de que é "mole" entrar no Photoshop e fazer aquela reforma geral. Não quero nem entrar no mérito do retoque em si, queria falar da técnica. Believe me: é prático mas é difícil. Para fazer bem feito, precisa de estudo, de dedicação, de olho de artista, perfeccionismo. Isso tudo para dizer que eu os convido a olhar as obras digitais de Bert Monroy com essa visão. Não vamos sair desprezando só porque não foi feito com tinta. Temos que quebrar os paradigmas e reconhecer os benefícios do mundo digital, porque eles existem. É só saber usar.

8 comentários:

Anônimo disse...

Nossa... Adorei o post!
Não conheço o artista em questão, mas vou pesquisar na net.
Fiquei curiosa.
BjO*

Lilly disse...

Que bom! ;)
Se não gostar da obra, pelo menos fica conhecendo um artista de valor.
Bjo!

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Lilly!

Amei o post, a iniciativa de indicação, vou agora mesmo conhecer o artista.
Quando estava lendo, percebi que realmente arte e vida se confundem, e que é muito difícil separar porque geralmente a essência do que somos empregamos no que fazemos, acreditamos, e assim vai.
Achei muito bom o texto, sou totalmente a favor da observação de arte que não seja apenas pintura, mas, que chegue à outros níveis.

bjs e ótimo fds!

Lilly disse...

O bacana é que vocês complementam com comentários fantásticos!
bjs!

Ilhados Aqui disse...

reflexões sobre arte e mundo real: UMA SÓ: eu poderia ter uma banda de rock / ou poderia estudar pra se doutor / e passar num concurso público pra fazer cumprir a lei / ou fazer cursos pra aprender o que não sei / e a gente tenta fazer tudo ao mesmo tempo / e o que dá grana é raro ser a grande paixão / mas essa vida é uma só e não sou tão bom no futebol / e me permtito ter um pouquinho de diversão

Beth Blue disse...

Ele descreveu uma coisa muito bonita que é o prazer de criar. Já falei sobre isso também. Falo muito sobre isso porque encontro uma imensa satisfação desde criança em executar trabalhos manuais. Colagens, bordados, costuras, tudo me diverte. É o "faça você mesmo", olhos brilhando ao observar o resultado de um trabalho. E é exatamente o que ele fala sobre "encontrar a criança interior".

Eu até desconfio que a essência de qualquer arte manual seria justamente fazermos as pazes com a nossa criança interior. Sem dúvida um excelente canal de expressão pessoal. E eu tenho sentido uma falta tremenda dos meus scraps mas confesso que semana passada comecei um novo mini-album!!! ;-)

Beth Blue disse...

Believe me: é prático mas é difícil. Para fazer bem feito, precisa de estudo, de dedicação, de olho de artista, perfeccionismo. Isso tudo para dizer que eu os convido a olhar as obras digitais de Bert Monroy com essa visão. Não vamos sair desprezando só porque não foi feito com tinta. Temos que quebrar os paradigmas e reconhecer os benefícios do mundo digital, porque eles existem.

Hummmm...muito interessante, vou dar uma estudada no assunto. :-)

Anônimo disse...

Gostei do post! Interessante vc aprender como é o trabalho de um artista, e aprender que fazer um trabalho assim não é simples como parece!
-:)P
beijão