Como tantas outras vezes eu entrava no elevador. Mas não era um elevador comum. Não que os das outras vezes fossem; em geral tinham quatro portas e muitos paineis, os antigos, quero dizer.
O elevador desta vez era como um carrinho que corria num trilho por um longo corredor. A esquerda de mim, um painel digital. As pessoas a minha direita começaram a falar, e eu, que não suporto pressão ou ordens, para meu azar apertei diretamente o número do andar: oitavo. E foi quando observei o elevador correndo no trilho que percebi meu erro: que deveria, na verdade, ter digitado o número do quarto. 815. Mas era tarde demais então pensei: "desço no oitavo e caminho até o quarto".
Chegando lá me dei conta de que aquele corredor me levava, não ao quarto como eu imaginava, mas ao apartamento onde eu moro. Os números das portas não estavam ordenados e o corredor era longo. Era um corredor que eu desconhecia, no meu próprio prédio.
O instinto me fez caminhar para o outro lado (mas que coisa essa que eu tenho com o lado esquerdo). E de fato, era para aquele lado. Vi do lado de fora do apartamento dois pares de sapatos, dos meus filhos, que haviam sido limpos e que estavam ali fora para secar.
Então eu tive certeza de que era naquela porta que eu tinha que entrar.
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