Eu tenho das minhas esquisitices. Dentre elas, está a aversão a assuntos repetitivos. Sejam diálogos repetitivos ou mensagens publicadas na mídia, tenho pavor a isso. Então, se a Amy Winehouse quer se matar de drogas e os jornais não param de publicar detalhes a respeito, posso dizer que a partir da terceira notícia, já não leio mais nada.
Morre um ícone e não tem como fugir. A gente já sabe que vamos ser inundados por retrospectivas, elocubrações acerca da morte, detalhes sórdidos ou belos sobre a vida da pessoa. Alguns causam mais interesse na gente, outros menos, o fato é que a gente acaba não escapando de se emocionar, nem que seja pelo menos um pouquinho.
Dos astros ou celebridades que morreram, posso dizer que me emocionei com a partida de Elvis Presley, John Lennon e Lady Di. Tudo tem a ver com o momento da vida ou das lembranças que os astros nos trazem. Elvis Presley me lembrava sessão da tarde, momentos descontraídos ao pé da televisão. "Love me tender" cantado de uma forma intuitiva, não muito fiel ao inglês da letra.
John Lennon tinha toda a ligação com os Beatles, do movimento hippie, do Peace not War, Paz e Amor, sei lá. Ou talvez tenha sido mesmo influência, de ouvir "Imagine" sendo tocado exaustivamente, da imprensa traduzindo a letra e mostrando cenas de John e Yoko na cama fazendo greve de fome.
Lady Di personificou o sonho de menina. A súdita que encontra o príncipe e faz um casamento de conto-de-fadas com um belíssimo vestido branco, adentrando a pomposa St. Paul Cathedral debaixo de todo o rigor e tradição da monarquia britânica. Princesa que então se dedica, a despeito dos caríssimos vestidos, às causas humanitárias, com direito a emoção e lágrimas.
Eu nem queria alimentar muito essa discussão de morte de Michael Jackson. Mas parei para pensar um pouco e não pude deixar de refletir que os grandes ícones acabam marcando época na vida da gente e trazendo um pouco mais de sonho à realidade repetitiva do nosso cotidiano. A gente sonha um pouco quando pára para ouvir determinada música ou ler sobre algo de grandioso que eles construíram. E a gente se sente mais motivado a seguir em frente e a buscar nossos feitos também.
Eu nem li muito sobre a morte dele. Achei imprecisa a causa, vi algo sobre um helicóptero transportando o corpo. Se há algo a ser registrado por mim nesse momento é a lembrança. De uma adolescente que estudava no seu quarto fechado, ouvindo repetidamente de uma fita K-7 gravada da rádio Cidade, do Rio de Janeiro, uma gravação de qualidade muito pobre do hit "Beat it". Da emoção que causava a entrada da guitarra de Van Halen. Da música que acabava, a fita rebobinada, para de novo ouvir toda a canção ou apenas o riff (ops, aprendi essa palavra recentemente e precisava usar).
E assim segue a vida. Um ícone que vai, outro que chega, fases que iniciam ou terminam. Histórias entremeadas pela presença ou ausência de outros, caminhos que se cruzam influenciando ou não o nosso curso.