segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Eu não levo desaforo para casa


Me ocorreu no outro dia que quem se utiliza da máxima "eu não levo desaforo para casa", paradoxalmente é o que mais leva o desaforo para casa.


Pessoas que proferem desaforos, normalmente estão desgostosas com a vida, num momento de surto de mau-humor ou passando por alguma situação difícil. Eu me refiro a desconhecidos como atendentes de lojas, vizinhos com quem temos pouco ou quase nenhum contato, motoristas de ônibus. Não vou entrar neste momento no mérito dos conflitos familiares ou de rusgas antigas, mesmo achando que a análise proposta também possa se aplicar nestes casos.


Eu diria que é um erro tomar determinada atitude desagradável de um desconhecido como "desaforo" pois a forma de agir dessa pessoa não tem absolutamente nada de pessoal em relação a nós. Ela não nos conhece o suficiente para elaborar em questão de segundos um ataque que tenha qualquer base na análise de nossa personalidade. Vou dizer, com o risco de me atrever demais, que quase sempre nos sentimos ofendidos neste casos como resultado de nossa própria insegurança interna, seja ela causada por um mal momentâneo ou por algum abalo mais sério em nossa auto-estima.


Agora eu explico porque ao "não levar o desaforo para casa", nós estamos de fato "levando o desaforo para casa". Se ao recebermos um suposto desaforo, reagimos a ele com alguma ofensa de qualquer nível, raramente a disputa pára neste ponto. O nosso coração acelera, a respiração fica mais pesada, por vezes a temperatura corporal aumenta, há quem sinta pressão nos olhos ou na cabeça, dependendo do grau de fúria que o embate possa ter provocado. E existe, não sei porque, mesmo após o episódio terminado, uma tendência do nosso cérebro a visitar e revisitar a situação várias vezes após o ocorrido, algumas vezes até propondo frases que poderiam ter sido ditas no lugar daquela que de fato foi usada. Há ainda o reviver da situação quando relatamos aos amigos o acontecido e a forma como enfrentamos a batalha.


Dona de uma personalidade explosiva, bem mais no passado do que no presente, tenho por objetivo, mesmo que nem sempre atingido, reprogramar esta frase. Na minha forma de ver, o verdadeiro "não levar desaforo para casa" ocorre quando ao recebermos qualquer atitude ríspida, nos isolamos do fato e do agente, percebemos que a pessoa que está do outro lado, preferencialmente merece a nossa compaixão e o nosso perdão, no lugar de nos tornar tão desgostosas ou agressivas quanto ela. O desaforo não nos segue pois é imediatamente esquecido. Nós não o levamos para casa.


Sim, sei que é muito difícil. Mas creio que é a solução.


Um comentário:

Anônimo disse...

EU ACHEI MUITO BOM OQUE VOCÊ ESCREVEU EM RELAÇÃO AS PESSOAS QUE NOS OFENDEM QUE MAL NOS CONHECE,ESSAS EU CONCORDO QUE TEMOS QUE PERDOA-LAS,COMO VOCÊ MESMA DISSE O CONFLITO ESTÁ COM ELAS,MAS QUANDO SÃO PESSOAS PROXIMAS EU NÃO PERDOO,PORQUE SEI QUE É MALDADE QUER ME OFENDER PORQUE MUITAS VEZES NÃO ACEITA O MEU JEITO DE SER,OU POR INVEJA,CIUMES,DESSAS PESSOAS EU NÃO LEVO DESAFORO PRA CASA,ANTIGAMENTE EU LEVAVA,PORQUE NA HORA EU FICAVA NERVOSA EU TRAVAVA,MAS AGORA ISSO NÃO ACONTECE MAIS,ESTOU ME SENTINDO MELHOR DANDO RESPOSTAS,MAS É LOGICO EM CIMA DO SALTO,DOU TAPAS COM LUVAS DE PELICA,ESSE DITADO É POPULAR,É TEM TUDO A VER COMIGO.