segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Stella - O doce refúgio da leitura


Eu que ando para lá de atrasada nos lançamentos cinematográficos, consegui assistir ontem "Stella". Para ser sincera, o filme não me entusiasmou muito. Achei-o lento além da conta, a mãe, dona de bar, elegante demais para o nível do local... mas não deixa de ser um filme que eu recomendo. Vale a pena assistir pela sensibilidade e reprodução de época. Talvez a minha insatisfação tenha sido um pouco também pela comparação inevitável com o excelente "A culpa é do Fidel" que segue uma linha parecidíssima sendo entretanto infinitamente mais interessante e menos dramático.

O ponto do filme que me tocou mais foi a forma como a leitura passou a ser um refúgio para a solitária Stella. Eu mesma, filha única, embora criada num lar estruturado, lembrei-me com carinho das centenas de tardes passadas junto aos livros.

Há uma cena em que se vislumbra na capa do livro o nome "Duras". Eu não tenho problema em confessar (aliás já o fiz diversas outras vezes) os livros que tentei desbravar mas não consegui. Com certeza já andou pelas minhas mãos algum de Marguerite que eu não aguentei além do primeiro capítulo. O bom é que a esperança é a última que morre, e quem sabe um dia eu consiga voltar nesses livros abandonados.

Tudo isso me fez refletir sobre a forma como a leitura é tratada hoje em dia. Fico pensando que Stella, com aproximadamente 12 ou 13 anos, lia com interesse Marguerite Duras, assim como eu, apesar de não ter conseguido depois de adulta, fui capaz na mesma idade de enfrentar e desfrutar de outros grandes e densos autores.

Preocupou-me então que os jovens de hoje estejam limitados pelo marketing a visitar seções de livrarias específicas e um tanto pasteurizadas. De autores que, não tirando o mérito, repetem-se nos temas de dragões, seres fantásticos em geral, fadas e temas adolescentes que versam quase sempre as fórmulas de garotas populares, problemas escolares e namoro.

Na minha época, onde o consumo era menos estimulado, as visitas às livrarias eram menos frequentes. A gente acabava explorando as estantes de casa e as bibliotecas. Com isso, éramos menos direcionados, me parece que havia menos limites. Se Dostoievski era o que se tinha disponível e havia uma fome de leitura a alimentar, então era isso o que se lia.

Não gostaria de soar nem saudosista e muito menos metida a intelectual mas creio haver um valor inegável na leitura diversificada e com vários graus de dificuldade. Eu mesma gosto de um chick-lit e já li outros tantos autores "dedicados aos seres fantásticos" como mencionei anteriormente. O que eu não gostaria, creio eu, seria que meus filhos tratassem a leitura como uma visita a uma lanchonete de fast-food.

"I've made my point".



Um comentário:

Beth Blue disse...

Concordo com você...embora eu admita que também seja fã do bruxinho, hehehe. ;-)

Mas olha, a coisa tá tão feia que se os jovens de hoje lêem Harry Potter e a trilogia Twilight já é uma grande vitória!!! A maioria passa horas na internet, vendo enlatados na tv ou jogando games. Os livros tem se tornado cada dia mais descartáveis para esta geração. Uma pena...quem perde são eles mesmos!