quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Slumdog Millionaire - A India de verdade


Ultimamente, com bastante frequência, eu diria, tenho sido tomada por um sentimento de "eu acredito em Papai Noel". Eu não sei dizer exatamente porque isso ocorre. Se é porque a minha angústia por me tornar uma pessoa em paz consigo mesma e com o mundo me tornou excessivamente otimista ou se eu realmente era incapaz de enxergar algumas verdades.

Eu confesso que tinha uma visão "super-hiper-adocicada" a respeito da India. No passado, lembro-me de ter lido, embora não consiga citar, inúmeros livros que tratavam a India como um pólo de espiritualidade, quase que um nirvana em terra. Eu tive a minha fase espiritualista e esotérica, quando lia com avidez tudo o que pudesse encontrar dentro do tema.

Talvez a minha visão, em particular, tenha sido formada a partir de um relato de uma colega de trabalho que nos idos dos anos 90 aderiu ao movimento do "Sai Baba" passando um mês num ashram. Segundo ela, na India as pessoas eram pobres, até miseráveis, mas eram felizes. Estavam sempre sorrindo. E essa imagem, de alguém que sonhava em encontrar um mundo verdadeiro, dentro da perfeição espiritual, ficou forjada a ferro, como se nada de ruim pudesse existir dentro daquele país.

Se eu estava errada ou não, não vem ao caso, creio eu. Concluo que era um ideal meu, sonhador, embora absoluto. O meu erro, não foi em acreditar que a espiritualidade pudesse tornar sim, uma pessoa mais feliz. O meu maior erro foi acreditar que a evolução espiritual de alguns, pudesse excluir tudo o que houvesse de mau naquele lugar. Eu errei em esquecer que seres humanos, uns mais evoluídos ou não, estão sempre sujeitos a erros, ao domínio da vaidade e no quanto a religião pode matar, contrariando os reais ensinamentos de seus líderes.

Pois foi assim que "Slumdog Millionaire - Como ser um milionário", me ajudou a ver uma India mais verdadeira. Na minha visão do passado, que era equivocada, assim como no presente. Cenas de conflitos religiosos, matança, miséria absoluta que não tem nada de bonita, criminalidade e prostituição, todas elas me surpreenderam, me trouxeram de volta ao chão. Sem no entanto, praticar o que aquele país também tem de bonito. A combinação da miséria com o sonho, a dualidade viva. O sonho de Jamal, um muçulmano sobrevivente a todos os contratempos. Que dentro de toda a maldade e a pobreza foi capaz de cultivar no íntimo a sua inocência.

A cena final ao estilo "Bollywood" nos traz de volta a esperança. E não preciso nem comentar sobre a genialidade do roteiro, a forma como as perguntas se entremeiam com a história. Meus aplausos para o filme.


2 comentários:

Beth Blue disse...

Assisti e comentei há tempos no meu blog, é mesmo um bom filme. E já que passei por aqui, vou perguntar: quando a sra. vai decidir seguir o meu blog? eu já sigo o seu há tempos ;-)

beijos transatlânticos...

Lilly disse...

Ops! My bad... hehehe...

Já estou retratando o meu erro!

Beijos!