terça-feira, 28 de outubro de 2008

Amor ou egoísmo

Venho há dias querendo falar sobre o caso do recente sequestro que terminou tragicamente. O que mais me impressionou na história toda, não foi o cerco policial, a estratégia utilizada, a troca de reféns, nada disso. Eu diria que acompanhei tudo de longe, apenas ansiando pelo momento em que aquelas meninas fossem soltas. O pior mesmo, para mim, foi ouvir o depoimento do sequestrador, algo como: eu tentei esquecer durante 1 mês, tentei sair, conhecer outras pessoas, beber e nada adiantou.

Não escrevi antes, por não me achar competente o suficiente. Tantos já escreveram sobre o amor: poetas, filósofos, psicanalistas, jornalistas. Pensei: quem sou eu para falar sobre o tema. Mesmo até porque no fim, acho que ninguém sabe ao certo definir ou mesmo se ele existe ou não.

Mas não consegui me calar.

A sensação que esse jovem passou, não foi diferente do que 99,9% da população da terra já passou um dia. Quem é que nunca sofreu uma desilusão amorosa, não sentiu a dor de querer alguém e de ver esta pessoa afastada de si. Amor real ou platônico, adulto, adolescente ou infantil, quase sempre acontece um dia. Com certeza o problema aí não foi a desilusão amorosa em si, mas isto aliado a outros problemas mais sérios.

Mesmo que a situação não derive para algo trágico, infelizmente, creio que exista em muitos casos um equívoco: o de confundir egoísmo com amor.

Fico imaginando que se uma pessoa ama, ela quer o bem do outro, para que juntos possam viver este amor e compartilhar bons momentos. É natural que um ciuminho ou um sentimento forte de rejeição provoquem um desejo de vingança ou pensamentos não tão politicamente corretos. Mas tudo não passa de uma farsa, uma fantasia. Por que, quem ama, no fundo tem a esperança de que um dia volte a ser amado. E para isto, é preciso que o outro ainda exista e que esteja bem. É como diz aquela canção: "cedo ou tarde a gente vai se encontrar, com certeza numa bem melhor".

Se o sentimento, por outro lado, é violento o suficiente para provocar a destruição do seu objeto de desejo, ou de suscitar uma vontade de vingança em que a pessoa de verdade se satisfaz ao ver a humilhação do outro, então imagino que este sentimento não seja amor de verdade, e sim egoísmo, pois ao que parece o outro existe mais para satisfazer aos desejos próprios. Não seria o amor algo como querer alguém quase tanto ou mais do que a si próprio?

E por fim, fico me perguntando de que adianta exigir amor. Creio que parte da graça do processo de enamoramento esteja na imprevisibilidade. Seja no amor à primeira vista, no amor conquistado ou no "amor que chega de mansinho, sem pedir licença", o que conta é o acelerar de corações e a alegria de se ver finalmente junto da pessoa amada. Exigir amor é o mesmo que comprar a própria infelicidade, pois uma hora ou outra, a verdade aparece. E o que se segue é somente desgosto. Não deu certo? Pode ter sido o momento errado, uma impressão equivocada, desencontros de todo o tipo. De que adianta insistir? Não é melhor "ficar bem na fita" e tentar trilhar o seu caminho? No futuro, os caminhos se cruzando novamente ou não, ficarão as boas lembranças.

Sendo assim, eu pergunto: foi amor ou egoísmo?

Nenhum comentário: