segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Lembranças de muito tempo atrás

O post de hoje vai em homenagem à minha querida avó E. pois hoje seria o aniversário dela se ainda estivesse viva.

A minha avó, à sua maneira, foi daquelas avós que todo mundo sonha em ter. Ela brincava comigo, me preparava doces maravilhosos (arroz doce quentinho, bolinho de fubá frito com açúcar e canela, doce de abóbora, de mamão verde ralado). Me ensinou a brincar de "cama-de-gato", diversão para quando faltava luz, contava-me estórias da sua época, um passado para mim tão distante, da quando não havia televisão.

Juntas assistimos algumas novelas quando eu ainda era bem pequena: "Estúpido Cupido", a "Moreninha". Todo dia à tarde, ela se sentava para tomar o seu copo de café preto com pão com manteiga. Ensinou-me o básico de tricô e crochê, artes que ela dominava com maestria.

Momento mágico era quando eu pedia para ela abrir suas caixinhas de jóia em madeira marchetada. Ela não gostava de usar jóias mas meu avô era fascinado por elas e nas datas especiais sempre a presenteava com uma nova peça. Meus olhos de criança brilhavam vendo o colorido das águas-marinhas, esmeraldas, madrepérolas, dos anéis e dos broches. Eram jóias e bijuterias finas simples, compradas com esforço.

Ela gostava de música e radio-novela que escutava no seu radinho de pilha sempre ligado no final da tarde. Sua música preferida era o "Brejeiro" de Ernesto Nazaré que eu me esforçava em dedilhar como podia, quando ainda não tinha domínio suficiente no piano para fazê-lo, só para agradar.

Já bem idosa, tinha os cabelos branquinhos e fofos como algodão. Com a sua fragilidade, mãos levinhas e dedos fininhos, secava e desembaraçava com carinho os meus longos cabelos então negros.

Uma pessoa querida, quando se vai, nunca é esquecida. Seja a separação por morte ou pelo destino, no fim ficam as boas lembranças. E o tempo ajuda a amenizar a dor.

3 comentários:

Barbara disse...

Como você, não tive os meus avós por perto. Foram raros os momentos juntos. Mas essa possível lacuna foi ocupada por sua avó. Ao observar a relação de vocês e compartilhar de alguns momentos pude compreender e valorizar essa relação de netos e avós. Lembro muito bem dos cabelos branquinhos... E com muito carinho!!!

Lilly disse...

Postando o comentário da Cacau:
Temos mais uma coincidência de datas: minha avó mais querida também era de 6 de outubro! Lendo seu texto como me lembrei dela... Das comidinhas gostosas, das brincadeiras, de me ensinar o gosto pela leitura e a economizar. Quantas tardes passamos jogando buraco e quantas estórias contava antes de dormir! Guardo até hoje, único e precioso bem que me deixou, uma caixa de fotos antigas, início do século 20. Tinha uma pele fininha, enrugadinha, que eu achava poder esticar e prender com durex atrás da orelha. Nossa, que saudade... Bolinho de café (como ela chamava os bolinhos de chuva), pudim de leite, bolo de nescau, bolinho de batata com carne... Nunca mais comi nenhum igual aos dela. Era uma nutricionista leiga... Me fazia tomar leite, suco de laranja antes do almoço e pouco líquido com as refeições - ela chamava o copo de geléia de mocotó que me dava para tomar o suco no almoço de "copinho educado". Que saudades da minha vó Daura...

Lilly disse...

Meninas... relembrar pessoas queridas é sempre gostoso...

Babi, eu não fazia idéia.... por isso são importantes as amizades, muita coisa a gente realiza através dos amigos. Minha avó gostava muito de vc, sempre te elogiava.

Beijos!