terça-feira, 28 de julho de 2009

Necessidade


Tem gente que não entende. Às vezes pode parecer que perco a concentração nas coisas pela vontade de escrever no blog. Mas é justamente o contrário. Escrever é o que faz os meus pensamentos acalmarem.

Há muito tempo atrás eu acordei um dia de madrugada pensando em trabalho e nas atividades que eu tinha que fazer no dia seguinte. Então me dei conta de que se eu escrevesse o que eu precisava fazer ou o que eu tinha bolado de solução para um problema, eu aquietaria os meus pensamentos e conseguiria dormir melhor. E tem sido assim. Solucionar problemas, construir, isso é parte do meu trabalho. Tenho a sensação freqüentemente de que não descanso enquanto não coloco as idéias no papel.

Meu pensamento voa, sem controle, quase sempre. Hoje estava lembrando de uma pessoa que vi num casamento. Ela estava vestida de Frida Kahlo. Não era uma festa a fantasia. Era um casamento e ela de Frida Kahlo. Aí fico pensando assim, na coragem, na originalidade, e que no fim estava legal. E que talvez muitas pessoas nem tenham se dado conta de que ela estava parecida com a Frida Kahlo. Não sei porque fico pensando nessas coisas, mas eu fico.

Abro o documento para escrever o desenho de uma solução de trabalho. Teminha específico, sincronização de dados de um sistema central com outro sistema na internet. Abro o documento e lá dentro tem escrito (por outra pessoa) assim : "A estrutura de Produtos está baseado". Não dá para perceber sem ler o resto mas: falta de contexto, de concordância, de preposição, maiúscula no lugar errado, no fim uma frase que não precisava nem existir.

Fico lendo e relendo a frase, totalmente sem importância, mas incrédula me desconcentro. E de novo volta a Frida Kahlo no pensamento.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Porque até a pessoa mais paciente pode ter um momento quase sem noção

- Boa tarde, qual o seu pedido?

- Uma promoção mega, por favor. (Refrigerante grande, batata-frita, 2 hambúrgueres, queijo e salada).

- Promoção com mais 2 reais leva mais um lanche?

"Onde eu vou enfiar mais um lanche? Tá vendo mais alguém do meu lado?"

Sorriso forçadamente simpático:

- Não, obrigada.

A imitação da vida

Quando eu era criança eu tinha muita restrição alimentar. Certo período, para desespero da minha mãe nutricionista, eu me alimentei somente de macarrão e ovo mexido.

Com o passar do tempo meu leque de gostos foi aumentando gradativamente. Até demais, eu diria. Pois hoje em dia tudo me parece gostoso.

Estávamos falando sobre isso, eu e minha mãe no outro dia, e ela lembrou de uma ocasião em que eu cheguei em casa pedindo que ela cozinhasse um ensopado de carne e quiabo. O motivo foi que eu havia passado a manhã na casa de uma amiga e vi a mãe dela preparando o prato. Eu senti o aroma do cozido e observei que eles comiam com tanta satisfação que a iguaria, a despeito do aspecto gosmento e pouco atraente para mim, me pareceu apetitosa.

Vou fazer uma filosofia agora muito de porta de botequim. Estava pensando sobre como a gente ganha em conviver e observar o modo de vida de outras pessoas. De uma simples comida que nos parece estranha e que somos motivados a experimentar até grandes reformulações em atitudes e hábitos negativos. Ao conviver e observar recebemos a oportunidade de comparar e avaliar aquilo que agrega mais ou menos qualidade à nossa vida. É uma espécie de "benchmarking" natural. Observar, refletir, melhorar. E perceber mais uma vez que o prazer na vida reside nas coisas mais simples. No aconchego de uma cama quentinha, nos gestos carinhosos ou na partilha de uma refeição saborosa com as pessoas que amamos.

Essência, Alma


Muitas vezes eu me cobro coerência nas coisas. Naquilo que eu leio, estudo, acredito. Religião, filosofia, fico tentando encontrar uma linha de raciocínio que justifique as coisas e na qual eu possa acreditar.

Passei muito tempo achando que tinha me afastado disso tudo, dessas observações a respeito da vida, da origem de tudo, do sentido da vida. Não que seja obrigatório se preocupar com isso. A maior parte das pessoas vai passando pela vida sem se preocupar. Cheguei até a pensar várias vezes se essa "despreocupação" não poderia tornar a vida mais fácil, mais leve. Acho que a minha indagação sobre esses assuntos está ligada à lacuna religiosa que eu sempre senti.

Recentemente tenho assistido a algumas palestras espíritas. O que me agrada na doutrina espírita é que apesar dela ditar suas "crenças", ela nos induz sempre ao estudo, a compreender e conhecer antes de aceitar. Como diz uma grande amiga minha, é uma "fé raciocinada e não cega". E isso me agrada muito pois aceitar as coisas sem saber os motivos nunca foi a minha praia.

Surpreende-me que os estudiosos do espiritismo procurem passar em suas aulas conceitos que não são tão e somente ligados à religião em si. Muito tem a ver com filosofia e ciência. Freqüentemente são citados filósofos gregos, temas ligados à ciência genética. Mais especificamente, poderia comentar sobre o debate do outro dia, sobre o desenvolvimento de clones e o que os diferencia dos seres produzidos de forma natural: a vida, a inteligência, a alma, a essência.

Coincidentemente assisti com o meu filho um dia desses um documentário do Discovery Channel que falava sobre o esforço que os cientistas fazem para dar "vida" aos seus inventos. Alguns seguindo a linha de Inteligência Artificial, outros mais vanguardistas, se é assim que posso chamar, baseando-se na "Teoria do Caos".

Fico fascinada com tudo isso... astronomia, robótica, nanotecnologia, todos esses assuntos que eu tenho tido oportunidade de visitar. Mas não posso deixar de observar que no fim, pouco se sabe ainda com certeza sobre a origem da vida. Acumulamos muito conhecimento mas poucas conclusões concretas. Ou, pergunta para meus amigos espíritas: será que eu é que sou cética demais?

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Blythe dolls


A Beth vive nos tentando com essas bonequinhas danadas de caras... Toda vez que visito o site dela fico babando nas fotos...


quinta-feira, 23 de julho de 2009

Música e atemporalidade

Desde pequena tenho a sensação de me olhar no espelho e me sentir momentaneamente dissociada de minha imagem. Hoje estava no carro, vindo para o trabalho e como sempre ouvindo minhas músicas. Às vezes cantando, às vezes batucando ou quietinha, perdida nos meus pensamentos.

Fui invadida num certo momento pela consciência de quem eu era que mesmo sem se olhar no espelho, sabia que o íntimo não casava com a imagem. O que sinto nesses momentos é que a minha essência não tem idade e nem ligação direta com o meu corpo físico.

A música que eu ouvia era muito atual, música eletrônica, usando a tecnologia que eu tenho tido oportunidade de conhecer um pouco.

Eu não canso de me surpreender com a função que a música pode exercer na nossa vida. O prazer de ouvir, o prazer de executar, as lembranças que ela pode trazer e a mudança no nosso estado de espírito que ela pode provocar.

Hoje, escutando música no meu carro, me dei conta de uma sensação inédita. Eu percebi que ao me manter atualizada nas tendências musicais, eu acabo me sentindo parte do presente e do futuro, eliminando mesmo que por alguns instantes o peso negativo da idade. Sim, eu me senti muito jovem de novo, eu me transportei para uma época de sonhos e de inocência. Eu não era jovem no passado. Eu era jovem no presente.

Mini-adultos

Eu tenho me espantado cada vez mais com o nível e o teor das conversas que tenho travado com meus filhos. Minha filha de 5 anos (agora, quase 6) produz as pérolas que eu "posto" com freqüência aqui no blog. Nessa fase eles têm esse jeitinho irresistível de descrever assuntos complexos de uma forma infantil.

Meu filho de 9 anos está descobrindo o mundo da internet. Eu faço restrições ao tempo de uso e aos sites que ele acessa. Em conjunto com a internet vem toda uma tecnologia que dia após dia acaba se tornando obrigatória para quem depende do computador para trabalhar. Então é freqüente que eu discuta com ele assuntos como anti-vírus, roteadores, banda larga, sites de busca e softwares diversos.

Para suprir a curiosidade deles e a necessidade de aprender eu me vejo obrigada a me atualizar, a estudar para conseguir ensinar.

É aí que reside a renovação que os filhos provocam na vida da gente.

O preço que se paga



Fico pensando que não há na vida nada que seja essencialmente bom ou ruim. Em tudo há nuances, aspectos favoráveis ou desfavoráveis.

Quem tem uma mente criativa se beneficia de idéias que impulsionam quase tudo na vida. Trabalho, estudos, criações que dão o colorido diferente, o toque especial. Mas o preço que se paga é que a mente excessivamente criativa pode produzir em certos momentos um mundo paralelo, irreal, quase tão vasto quanto o mundo real. E as coisas às vezes se confundem, perde-se a noção, o limite entre esses dois mundos. Em certos momentos, a fuga momentânea pode até ser reconfortante. Em outros, pode produzir uma tortura desnecessária e massacrante.

Qual a solução? Como manter-se sonhador, criativo e com os pés no chão? Eu não sei a resposta. Sei que é possível transitar quase que permanentemente no mundo real. Mas é inevitável alçar vôos de tempos em tempos, momentos em que a criatura domina o criador.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A ciência e o universo infantil

Menina de 5 anos acerca de seus 2 fios de cabelo branco:

- Mamãe, acho que a melanina ficou com preguicinha e esqueceu de pintar esses 2 fios na minha cabeça.

Aprendizado

Não sei se ironia é a palavra certa mas às vezes me parece irônico que tantas pessoas se dediquem a escrever sobre suas próprias experiências, a compartilhar mensagens interessantes, seja através de auto-ajuda ou religião mas que no fundo a gente precise passar pela experiência ruim para apreender de verdade o que a mensagem queria dizer.

São vários os exemplos. A gente lê sobre o perdão, sobre a oportunidade de recomeçar, de se reerguer, de não perder o foco das coisas. Sobre não julgar e uma série de conceitos que uma vez entendidos, parecem muito lógicos. Só que misture a emoção ou a tendência a seguir um padrão de comportamento e parece tão difícil aplicar tudo isso.

E é aí que a gente percebe a verdade do ditado que diz que a "vida se encarrega de ensinar". Porque na hora do aperto, do sofrimento, é que certas "máximas" vêm à tona e é quando se dá a constatação real. A gente acaba aprendendo de verdade pelo sofrimento. Seria a forma positiva de enxergar a adversidade.

Seria muito bom se a gente conseguisse ler uma mensagem e de imediato aplicar o ensinamento. Na maioria das vezes acaba não sendo. É então que a gente começa a refletir que tudo isso faz parte mesmo do aprendizado. Que a gente tem que passar pela experiência para aprender de verdade.

Libertar-se do problema alheio entendendo que não cabe a nós a solução, que existe o livre arbítrio, este também é um aprendizado. Ajudar, orientar, apoiar sem no entanto sentir-se responsável pela solução quando ela depende do sentimento do outro.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Amor e atitude

Recebi um texto atribuído a Leo Buscaglia onde em linha gerais ele diz que para se desenvolver uma relação é necessário demonstrar através de ações o amor que se sente.


Uma vez, eu pincelei de leve esse assunto num post. Que não basta sentir, tem que externar através de palavras e atitudes. Existem coisas que parecem óbvias quando a gente lê mas que não são tão óbvias no momento de praticar. Resolvi falar sobre isso porque o texto fechou exatamente com um dos curtas de "Paris je t'aime" entitulado "Bastille" que eu vi recentemente.


Fico me segurando para não escrever sobre o filme porque detesto ser daquelas pessoas que contam o final da história. Mas para quem tiver interesse, pode dar uma procurada no Youtube e assistir; descobri que praticamente todos os curtas podem ser encontrados lá.


Nessa estória, o marido que planeja abandonar a mulher desiste da idéia quando recebe a notícia de que ela está em fase terminal de leucemia. Ele decide voltar com ela para casa e cuidar dela até que ela morre em seus braços. E a frase que me marcou no filme: "en force de se comporter comme un homme amoureux il devint de nouveux un homme amoureux" que seria algo como "de tanto se comportar como um homem apaixonado ele se tornou novamente um homem apaixonado".

Não que seja sempre possível resgatar de volta os sentimentos que se sentia antes que a relação se desgastasse. A situação do filme foi muito específica, uma decisão baseada na doença da mulher. Mas me pareceu original essa visão, a de que os atos gentis e carinhosos de uma pessoa apaixonada, em princípio simulados, pudesse por fim resultar na recuperação dos sentimentos que haviam se perdido.

Esclarecimento e dúvida


Mãe e filha de 5 anos colando adesivos no livro sobre cavalos:


- Mamãe, sabia que não existe uma zebra igual à outra? Cada zebra possui o seu próprio padrão de listras... O que é padrão?