Pincelei de leve no post anterior uma insatisfação comigo mesma. Existe um cansaço que nos atinge de tempos em tempos quando buscamos a nossa melhora interior. Melhora impalpável e impossível de medir. É fatigante essa tarefa de se observar, identificar o que precisa ser mudado e efetivamente implementar. Engraçado que nem estava naquele momento do post nesse estado de letargia. Mas lembrei dele. Porque sou possuidora de uma mente inquieta e inconstante, que num minuto está observando embevecida a forma como uma luz toca um objeto e no outro está sendo perseguida por monstros particulares e totalmente imaginários.
Se por um lado posso me torturar com o desejo de reforma e evolução, por outro, apesar do sofrimento, não consigo acreditar que seja se não correto, no mínimo saudável não pensar e nem almejar mudanças. Eu não prego o sofrimento. Mas olho com desconfiança tudo o que é fácil. Buscar o equilíbrio interior: sempre. Mas isso não quer dizer que não haverá esforço no aprendizado. Não quer dizer que eu não possa errar e tentar de novo de um outro jeito. E pelo fato de estar sempre atenta, acredito que os erros serão menores. Não estou dentro de um trem desgovernado que provoca acidentes irreparáveis. O que falo na primeira pessoa não é privilégio meu. É direito adquirido por todos, desde o nascimento.
Eu estava lendo o post da Pri no Devaneios e Metamorfoses e me deu vontade de expressar o quanto precisamos ser mais condescendentes conosco de tempos em tempos. Não dá para entender o passo da mudança. Mas eu tenho a certeza de que ela ocorre no tempo certo.
Eu tenho um lado espiritualizado independente de crença. Bom, vamos dizer que eu tenho uma tendência religiosa. Mas o meu lado excessivamente lógico me impede de abraçá-lo com entrega e sinceridade. Eu sinto que o clamor religioso nos atinge com o tempo, quando percebemos que na vida muitas coisas não conseguimos explicar mas que precisa haver um sentido em tudo o que vivemos. E que se a gente não sabe exatamente qual o sentido, fica mais fácil nomeá-lo como Deus até que a gente descubra o que é de verdade. E percebi que existe beleza na luz. E que todos somos atraídos por ela.
Devido a esse lado espiritualizado, desenvolvi um hábito de ler todo dia, antes de dormir, textos de meditação. Durante algum tempo foi um livro psicografado por Chico Xavier, do espírito Emmanuel, chamado "Meditações Diárias". Depois que eu quase decorei o livro e aproveitando a coincidência do comentário de uma amiga, passei a ler "Abrindo Portas Interiores" de Eileen Caddy. O ritual consiste em abrir aleatoriamente uma página, ler a mensagem e refletir sobre ela. E existe um misto de surpresa e certeza em reconhecer que 99% das vezes a mensagem é exatamente a que a gente precisava ouvir. É um hábito quase adolescente, para pessoas céticas como eu, mas que me nutre interiormente, quiçá até pela aceitação da inocência implícita no ato.
Para encerrar o post que já ficou longo demais, transcreverei a mensagem que li um certo dia e que me veio à cabeça quando li o que a Pri escreveu:
26 de fevereiro (são 366 mensagens diárias "recebidas" pela escritora):
"Algumas vezes o novo se desdobra tão devagar que não é possível perceber as mudanças que estão acontecendo, até que, de repente, elas já aconteceram desapercebidamente. Outras vezes é possível ver as mudanças se desenrolando passo a passo bem à frente dos olhos. Há vezes, ainda, quando acontecem coisas de um dia para o outro - como no inverno, quando você vai dormir à noite e na manhã seguinte está tudo coberto de neve. Você não teve nada a ver com o que aconteceu; tudo se passou de uma maneira miraculosa. O novo será revelado de muitas maneiras diferentes. Tudo que você tem a fazer é caminhar com ele, sem resistência. Mudanças não são necessariamente dolorosas. São inevitáveis porque nada pode permanecer imutável; e se você consultar seu coração, você mesmo não irá querer que ele permaneça o mesmo."
9 comentários:
Poxa, que legal! Obrigada por ter encontrado o trecho. :-)
Ele propicia uma excelente reflexão mesmo!
Quanto a essa sua fala:
"Porque sou possuidora de uma mente inquieta e inconstante, que num minuto está observando embevecida a forma como uma luz toca um objeto e no outro está sendo perseguida por monstros particulares e totalmente imaginários."
Eu poderia tê-la escrito! rs Às vezes tb me sinto assim. Somos muito duras conosco... Realmente é preciso paciência, saber que o tempo da vida é diferente do nosso tempo interno. E caminhar adiante sempre. :-)
Obrigada, viu?
Bjos!
Oi Pri!
É uma mensagem simples, despretenciosa mas que precisa ser lida de vez em quando. Eu gostei de reler e também me identifiquei com o seu post, por isso a vontade de escrever.
Imagina, nem precisa agradecer!!! :-)
Beijos!
Eu não prego o sofrimento. Mas olho com desconfiança tudo o que é fácil. Buscar o equilíbrio interior: sempre. Mas isso não quer dizer que não haverá esforço no aprendizado.
Pois eu penso exatamente assim! Outro dia li algo interessante, não sei mais onde: a dor é inevitável mas o sofrimento é opcional. Acho que alguns de nós só aprendem sofrendo...a gente comete erros, sofre e tenta melhorar pra não cometer o mesmo erro de novo.
Enfim, a vida é um constante aprendizado. E sofrer às vezes faz parte do crescimento...
Lili e Pri, somos tão parecidas...E como é bom encontrar afinidades na net, no meio de tanta gente falando de tudo ao mesmo tempo!
beijos transatlânticos...
Pois é, Beth. Eu estou tentando não sofrer mais. E acredito que com o tempo vou aprender. É que muitas coisas na vida, a gente fica fazendo pq não dá conta que não precisa ser assim. Depois que a gente aprende a olhar, a estória muda de figura.
Eu li uma frase no post da Pri sobre Clarice Lispector: "... livros da Clarice, que me ensinou que a minha "estranhice" não era só minha e que nem era tão estranha assim...". O fato é que existe essa classe de pessoas da qual nós fazemos parte que sonha muito. Por um lado nos dá essa capacidade enorme de criar, veja que nos interessamos por diversos assuntos diferentes, mas também nos tira demais do chão. E dificulta alguns assuntos práticos, a gente cria estórias desnecessárias dentro da cabeça, ou seja, ela age tanto para o bem como para o "mal" e portanto é necessário que a gente aprenda a distinguir o real do imaginário... Putz, vou parando pq tá virando post! :)
Beijos!!
Lilly,
O "sair da zona de conforto" causa inquietação - sadia para uns e temida por outros.
Mudanças são inevitáveis. A maior parte acontece mesmo que não queiramos.
BeijO*
Às vezes a gente mesmo provoca a mudança mas não está preparado para as consequências, não é mesmo? Mas concordo com vc que são inevitáveis. E no fim dá tudo certo.
Beijos!
Somente alguém muito estúpido (ou sem amor) livraria-se de todo o sofrimento. O segundo nome dele é Riqueza.
É isso aí, segue teu rumo, menina.
Bom, dizem que sofre-se muito (até mais) quando se ama. :-)
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