sábado, 10 de dezembro de 2011
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Tive que voltar aqui e fazer um complemento rápido ao post anterior. Eu fiquei pensando sobre o livro, sobre Clarice Lispector e o fato de só agora eu ter começado a ler. Posso estar errada mas me tocou que este é exatamente o momento de estar lendo Clarice Lispector. Se eu a tivesse lido quando adolescente, como muitos outros livros que li, acho que ia ficar a maior parte das coisas na imaginação, no entender somente intelectual. Sem o coração. Olhando para fotos antigas ontem e pensando hoje sobre o livro, percebo que eu sempre quis ser feliz. Eu queria ter amigos e fazer o que todo mundo fazia e me sentir parte de algo. E foi aí que eu errei. Porque ser feliz, não significa fazer o que todo mundo faz mas fazer o que você faz. Como diz Clarice muitas vezes, é preciso "ser". E eu continuo nessa difícil tarefa de "ser". Uns dias sendo mais ou menos, mas com a experiência aprendendo o que de fato não faz parte de mim. Sendo devagar e sem me violentar, assim espero. E entendendo finalmente que mesmo querendo ser feliz, nem sempre a gente consegue, porque por algum motivo, a tristeza independe da nossa vontade e vez por outra ela vem nos buscar. A única coisa boa é que uma vez vencida a tristeza, a gente se surpreende de ter aprendido e se sente mais poderoso. Deve ser o tal estado de graça que Lóri sentiu. Eu não estou no estado de graça uma vez que ele é passageiro. Mas bem sei como é. Graças a Deus.
Viagem ao fundo da alma
O livro mencionado no post anterior surtiu algum efeito em mim pois eu parei um pouco com os filmes e recomecei a ler. Após uma longa fase de leitura meramente recreativa, resolvi retomar os livros mais de alma.
Por sugestão da amiga Beth, do Noites em Claro, resolvi ler mais um de Clarice Lispector:
O livro é realmente muito bom. O que me frustra em Clarice Lispector é que não é uma autora para ser lida assim sem compromisso, tipo, li, entendi a estória, terminei e guarda na prateleira. Por ser uma leitura muito sensorial, dependendo do momento ou da fase de vida, a gente conecta melhor com um ou outro trecho. E no final, pelo menos eu, fico sempre com a sensação de não ter aproveitado o livro todo como eu deveria. Por exemplo, neste livro aí, especificamente, teve uma passagem que eu de verdade senti o peso dos elefantes no ar, isso só como um exemplo, porque houve outras. Só que a maçã, eu não visualizei tão bem. Então como se não me bastasse a quantidade de livros e filmes que tem por aí para ver, eu ainda fico com essa frustração, de não poder dizer que terminei com o livro. Enfim, paranoia minha mas acho que muitos que me leem devem ter sentimentos parecidos.
Hoje eu tive que resolver uns assuntos e não me segurei e acabei entrando na Livraria Cultura. Como estou assim nessa onda de leitura profunda, resolvi quebrar mais um mito interno que era a resistência ao "Retrato de Dorian Gray". Confesso que o motivo foi muito fútil. Eis que vi numa banca uma belíssima coleção de clássicos da Penguin, todos encapados com tecido e com estampas impressas, uma mais linda do que a outra. Tive que me segurar para não comprar outros que eu já li e que amo. Consegui me restringir a ficar apenas com o volume ainda não desbravado. De quebra, comprei também Mrs. Dalloway, já que Virginia Woolf estava entre as minhas antigas pendências. Só espero não sofrer demais com essas leituras. Porque lendo Clarice, eu sofri e chorei muito.
Por sugestão da amiga Beth, do Noites em Claro, resolvi ler mais um de Clarice Lispector:
O livro é realmente muito bom. O que me frustra em Clarice Lispector é que não é uma autora para ser lida assim sem compromisso, tipo, li, entendi a estória, terminei e guarda na prateleira. Por ser uma leitura muito sensorial, dependendo do momento ou da fase de vida, a gente conecta melhor com um ou outro trecho. E no final, pelo menos eu, fico sempre com a sensação de não ter aproveitado o livro todo como eu deveria. Por exemplo, neste livro aí, especificamente, teve uma passagem que eu de verdade senti o peso dos elefantes no ar, isso só como um exemplo, porque houve outras. Só que a maçã, eu não visualizei tão bem. Então como se não me bastasse a quantidade de livros e filmes que tem por aí para ver, eu ainda fico com essa frustração, de não poder dizer que terminei com o livro. Enfim, paranoia minha mas acho que muitos que me leem devem ter sentimentos parecidos.
Hoje eu tive que resolver uns assuntos e não me segurei e acabei entrando na Livraria Cultura. Como estou assim nessa onda de leitura profunda, resolvi quebrar mais um mito interno que era a resistência ao "Retrato de Dorian Gray". Confesso que o motivo foi muito fútil. Eis que vi numa banca uma belíssima coleção de clássicos da Penguin, todos encapados com tecido e com estampas impressas, uma mais linda do que a outra. Tive que me segurar para não comprar outros que eu já li e que amo. Consegui me restringir a ficar apenas com o volume ainda não desbravado. De quebra, comprei também Mrs. Dalloway, já que Virginia Woolf estava entre as minhas antigas pendências. Só espero não sofrer demais com essas leituras. Porque lendo Clarice, eu sofri e chorei muito.
domingo, 27 de novembro de 2011
Livros
Comprei este livro faz mais de 1 mês na Livraria Cultura. Me pareceu daqueles achados. Daquelas peças preciosas que de repente aparecem na seção de descontos. Coloquei na minha chique mesa de vidro como pede a mais correta das publicações de decoração.
Ocorre que coloquei lá e nem li. Hoje, num almoço frugal e solitário, resolvi folheá-lo ao lado de meia garrafa de vinho argentino, da uva Pinot Noir. Não sei se foi a influência do vinho ou se charme próprio, mas imediatamente me encantei com o conteúdo. Bela fotografia, texto bem cuidado, como todo bom obsessivo, já comecei uma nova lista. Aquela dos livros a ler. Como se me faltassem listas.
Foi num livro de Clarice Lispector, descrito neste livro, que me chamou a atenção a recomendação: leitura vagarosa. Eu, nos meus ímpetos e conceitos de pseudointelectual, sempre achei que a gente tivesse que entender tudo muito rápido e de primeira vez. tem que mostrar ser inteligente! Mas ao longo da vida fui quebrando muitos paradigmas autoimpostos. E do alto dos meus 40 anos, entendi finalmente que livro não precisa ser lido rápido. A gente pode simplesmente saborear. E se não entender de cara, que problema tem? Ninguém além de nós mesmos a julgar. Ler de novo, e de novo, até entender. É o que venho praticando ultimamente. Mesmo sem a permissão alheia, senti necessidade, num denso volume que venho tentando desbravar, de ler e ler, repetidas vezes até entender e absorver. E agora, mais do que nunca, lerei cem vezes, se for necessário, até julgar necessário prosseguir, já que me foi aprovado ler vagarosamente.
Fica aqui a recomendação.
Ocorre que coloquei lá e nem li. Hoje, num almoço frugal e solitário, resolvi folheá-lo ao lado de meia garrafa de vinho argentino, da uva Pinot Noir. Não sei se foi a influência do vinho ou se charme próprio, mas imediatamente me encantei com o conteúdo. Bela fotografia, texto bem cuidado, como todo bom obsessivo, já comecei uma nova lista. Aquela dos livros a ler. Como se me faltassem listas.
Foi num livro de Clarice Lispector, descrito neste livro, que me chamou a atenção a recomendação: leitura vagarosa. Eu, nos meus ímpetos e conceitos de pseudointelectual, sempre achei que a gente tivesse que entender tudo muito rápido e de primeira vez. tem que mostrar ser inteligente! Mas ao longo da vida fui quebrando muitos paradigmas autoimpostos. E do alto dos meus 40 anos, entendi finalmente que livro não precisa ser lido rápido. A gente pode simplesmente saborear. E se não entender de cara, que problema tem? Ninguém além de nós mesmos a julgar. Ler de novo, e de novo, até entender. É o que venho praticando ultimamente. Mesmo sem a permissão alheia, senti necessidade, num denso volume que venho tentando desbravar, de ler e ler, repetidas vezes até entender e absorver. E agora, mais do que nunca, lerei cem vezes, se for necessário, até julgar necessário prosseguir, já que me foi aprovado ler vagarosamente.
Fica aqui a recomendação.
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Uma imagem vale mais do que 1000 palavras? E sobre o meu paradeiro...
Tenho lido muitos, muitos, muitos, livros de design, ilustração e tipografia. Redescobri o prazer de estudar através da arte. Arte que já existe em mim desde sempre, mas desde muito abafada. E foi num livro desses, mais especificamente "Illustration" de Andrew Hall, que eu li um comparativo que me encantou profundamente, sobre as similaridades e diferenças entre palavras e imagens. Não que eu intuitivamente já não as conhecesse, mas porque nunca tinha parado para pensar a respeito. E sendo ainda mais específica, me "tocou" um item em que o autor coloca a possibilidade de voltar "de novo" e "de novo" numa imagem, e se encantar "de novo", como uma das qualidades que a torna tão especial.
Tem a ver com esse meu momento o repentino encanto pelo Tumblr. Tinha a conta já há algum tempo mas nunca tinha me animado a explorar esse mundo. Veio um dia uma vontade de criar uma imagem, em seguida a vontade de postar e mais adiante a vontade de ver o que andam fazendo por lá. Quase sempre o que eu olho é o bonitinho. Apesar de reconhecer que na arte, não vale só o que é comumente aceito como bonitinho. Enfim, não importa os motivos. Tenho andado por lá. Com bastante frequência, mesmo que apenas reblogando o que outros fizeram.
Sobre meus gostos atuais, estou totalmente fascinada pelo seriado "How I met you mother", consegui assistir de Woody Allen "Você vai conhecer o homem dos seus sonhos" e ainda não consegui assistir "Meia-noite em Paris". Escuto obsessivamente "Adele" e "Regina Spektor", minhas mais recentes descobertas. E tenho aumentado um pouco mais meu repertório de Arte, ficado um pouco mais por dentro do que é moderno. E gostei do que o Invader andou fazendo aqui em São Paulo. Inusitado, delicado e ao mesmo tempo nostálgico. Sem dizer, criativo. Enfim, é a capacidade de se expressar, tirando beleza de onde se pode.
terça-feira, 12 de julho de 2011
Cisne Negro - Decepção
Terminei de assistir ontem o "Cisne Negro". Digo terminei de assistir porque há uns 2 meses atrás eu comecei a assistir, depois fui atraída por outras prioridades (leitura) e só ontem é que pude retomar e terminar. Confesso que fiquei decepcionada. Não quero parecer pedante e nem superior a toda uma categoria de entendidos no assunto mas tenho direito de expor minha opinião. Não nego a belíssima plasticidade de Natalie Portman. Musa "nerd", ela tem um que de blasé, uma magreza elegante, pele perfeita e uma série de outros atributos que justificam o título. Entretanto, no quesito interpretação, diria que ela não me convenceu como psicótica. O filme tem tudo para ser bom. Belíssima fotografia, a mágica do ballet, o figurino. Tudo maravilhoso. Mas a ambição foi grande demais. Admiro o empenho da atriz, com certeza não é fácil "atacar" de bailarina. Tenho certeza de que foi um esforço enorme. Entretanto para o público ao qual a produção se direciona, certamente amantes do ballet em primeiro lugar e em seguida os cultos e os curiosos, entre outros, os produtores se arriscaram. Pois com certeza existe uma diferença grande entre uma bailarina de verdade e a empenhada atriz, o que já em princípio, começa a desinteressar.
Eu acredito no crescimento do ator. Foi assim com Meryl Streep, por exemplo. A desde cedo aclamada atriz me causava um incômodo por me parecer sempre igual nos papéis dramáticos. A ponto de quase desistir dela. Disse uma vez o saudoso "Paulo Francis" no Manhattan Connection que "ela fazia aquela cara de formiga", seguida de uma careta do comentarista, que só pessoas que como eu concordavam com ele, podiam entender. Mas talvez o que os peritos no assunto enxerguem, e eu como leiga ainda não seja capaz, é o potencial que existe no ator. A interpretação que embora ainda não madura, levará um dia, à perfeição, como a personagem "Nina" relata no final de "Cisne Negro", em suposto êxtase e como foi com Meryl Streep que passado o desconforto inicial, tornou-se recentemente uma de minhas atrizes preferidas.
De forma caricata, me convenceu bem mais a personagem "Emma", de Glee, ao desabafar com lágrimas nos olhos e gestos nervosos de quem tenta colocar ordem com a limpeza exagerada, que está cansada de seu transtorno obsessivo-compulsivo. Eu não sei porque os transtornos, as síndromes, ou o que quer que seja existem. Mas concordo que são um verdadeiro inferno autoimposto para quem os carrega dentro de si e achei muito interessante a abordagem do programa. Eu ainda não sei qual será o desfecho. Mas acho que é libertador entender que por mais que a gente queira tomar as rédeas da vida, existem coisas que fogem ao nosso controle. O descontrole químico do nosso corpo é bem maior do que nossa boa vontade. E é então que entra a informação como chave para a compreensão. De que por mais independente que se queira ser, às vezes a gente precisa aceitar a ajuda.
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Origami para Lixeira
Recentemente eu precisei elaborar uma peça gráfica que tivesse o tema ligado a sustentabilidade. Meu ponto de partida para sugestão do tema sobre o qual eu iria trabalhar, foi listar as dúvidas que eu mesma tinha a respeito do que realmente são boas práticas. E com isso, automaticamente caí na questão das "sacolas plásticas".
Estamos tão viciados nas tais sacolinhas para jogar o lixo, que não conseguimos imaginar solução diferente. Uma coisa que pensava era: "se extinguirem as sacolinhas, não teremos que recorrer ao saco de lixo que também é de plástico?". Fui lendo a respeito e o que descobri foi o seguinte:
1. O que a maioria já sabe porque é mais divulgado, é que sobra muita sacolinha sem uso, ou seja, temos menos lixo do que sacolinhas. Logo, sempre há muitas delas por aí voando, sem utilização.
2. O saco de lixo normalmente é feito de material reciclado. Além disso, a composição dele é diferente da sacola de supermercado. Como não existe um compromisso tão grande com a questão do seu rompimento, o material dele acaba também sendo mais facilmente decomposto.
3. Podemos substituir a sacola plástica pelo jornal, para armazenamento do lixo.
Bom, com relação ao 3o. item, preciso dizer que trata-se de uma grande amnésia da minha parte. Quando eu era criança, as sacolas de supermercado eram de papel e a gente costumava forrar a lixeira com jornal e depois fazer um embrulho, também de jornal, mais revestido, para levar o jornal até a lixeira (no meu caso) do prédio. O mais engraçado no fato de eu ter esquecido, é que eu era responsável na maior parte das vezes por esta tarefa. Eu abria grandes folhas no chão, virava o lixo, enrolava tudo bonitinho e forrava a lixeira de novo.
Mas como lembrei disso? Lendo a respeito do "Origami para Lixeira". Encontrei diversos artigos e videos sobre o assunto, que vocês poderão conferir nos links das palavras assinaladas.
Acho que tive tanto gosto em fazer essa pesquisa que a peça gráfica resultante acabou se tornando a melhor do conjunto que eu produzi. Achei muito simpática a figurinha do origami. Mas fica a dica: se bater preguiça de fazer o origami, sempre dá para forrar com o jornal, colocando mais de uma folha para proporcionar melhor absorção.
A imagem que eu utilizei, para fins acadêmicos, foi a mesma desse post, que eu encontrei no blog "Mundo Possível Vidas Possíveis" que recomendo visitar.
Pequenos Espaços
Meu quarto sempre foi, até uma certa idade adulta, o meu lugar sagrado. O meu cantinho de leituras, reflexão, de ouvir música e olhar através da janela. O lugar onde nada me parecia errado (a não ser que estivesse muito bagunçado, pois não suporto bagunça) e onde eu gostava de me refugiar.
Houve tempo na minha vida em que me senti roubada desse santuário. Tudo começou a me parecer muito complicado, como diria o André, "fiquei obesa por dentro" (adorei essa frase, acho que nunca esquecerei, pois entendi bem a sensação).
Comecei a analisar e percebi que o motivo de minha aflição foi o excesso de coisas que eu havia colocado em minha vida. E foi então, lá atrás, quando me senti tão aflita, que percebi que eu era feliz dentro do meu quarto. Do meu quarto antigo, aquele que abrigava meus livros e meus discos (que então ainda eram de vinil). Minhas roupas, minhas lembranças. Não que eu achasse tudo de adquirido desnecessário, mas foi quando percebi o quanto o excesso de coisas me tornava infeliz. Já escrevi outras vezes sobre isso. Sobre contas a pagar, suporte tecnológico, ou mesmo quantidade de lâmpadas a trocar. Coisas que acontecem quando a gente tem mais do que precisa. A gente puxa muita responsabilidade para si. Eu sou muito grata por tudo que conquistei. Mas sou partidária dos ajustes. De viver, analisar e mudar o que for preciso.
Hoje eu vivo de forma a simplificar a minha vida. Jogar ou doar objetos sem uso, questionar compras e qualquer utilidade moderna. Reconheço que ainda estou longe de ser "magra por dentro" e por fora, pois ainda me cerco de muita coisa desnecessária, mas persigo esse intento de um dia, ter exatamente as coisas que eu preciso. Na medida certa. Esperando assim viver melhor e contribuir para um mundo melhor (falando assim parece que eu sou super certinha, mas não sou. Eu tento).
Bom, falei de tudo isso para introduzir um post que eu achei muito interessante. Pessoas que chegaram à conclusão de que não precisavam de mansões para serem felizes, que ficaram felizes em ter seu pequeno espaço organizado a gosto próprio, privilegiando os hábitos que mais apreciam: Tiny Apartments. E os argumentos que a Sam coloca são interessantíssimos. Vale a pena conferir e refletir.
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Estudar
Eu não gosto de me abrir muito no blog, não porque seja uma pessoa introspectiva, mas por que sou, apesar de extrovertida, desconfiada. A gente escuta tanta história bizarra envolvendo internet hoje em dia, que fica medindo (pelo menos eu), o que pode ou não ser dito.
No passado eu já escrevi sobre sonhos recorrentes. Sobre elevadores de 4 portas, discos voadores. Enfim, nem lembro direito o que escrevi. Terei que reler. Mas eu senti grande necessidade de dividir algo que aconteceu comigo. Tem muita coisa que a gente lê e que a gente sabe na teoria. Mas eu acho que existe um valor agregado muito maior em falar sobre algo que a gente leu e acabou constatando. Eu sempre falo sobre o "estalo", o "cair da ficha". Quando a gente vive algo e se dá conta de que era sobre isso que fulano estava falando num livro, ou no filme, ou que qualquer pessoa contou para a gente.
Durante grande parte da minha idade adulta, eu tive um sonho. De que eu voltava para o colégio. O sentimento do sonho não tinha nada a ver com saudades de adolescência, dos tempos dourados. O tom, era sempre o de algo inacabado. Eu voltava para o colégio, de uniforme e tudo e encontrava tudo mudado. E me perguntava o que eu fazia ali se já tinha me formado. Às vezes era a faculdade. Eu achava que estava faltando algo para obter o diploma. Eu acordava e não sabia definir exatamente o que faltava e porque eu estava sonhando com aquilo.
Um dia eu li "Quando Nietzsche Chorou". Li por que era moda, ou por que fiquei curiosa, nem lembro direito o motivo. Só sei que li e não gostei muito. Empurrei a leitura. Não me parecia coerente (naquela ocasião), ver um grande nome da filosofia reduzido a trapos, a criatura tão severamente atormentada. Muito embora eu tivesse conhecimento de que grande parte dos grandes nomes, dos ícones que tanto admiramos, foram na verdade almas extremamente sofredoras. Tem horas, que não sei porque, a minha razão não bate com a compreensão. Eu sei do fato mas simplifico. Naquele momento, Nietzsche = sábio < > depressivo. Eu sei, não faz o menor sentido a minha equação. Mas foi o que pensei.
Também durante grande parte de minha idade adulta, eu sofri de alguns males. Ansiedade, pequenas crises de pânico, fobias inexplicáveis. Coisas que eu sofria e queria muito vencer. Coisas que praticamente foram vencidas durante algum tempo, com a vinda do primeiro filho. Por que a maternidade me deu uma força que eu nem sei de onde veio. Maternidade não sonhada, não planejada, mas que configurou um novo sentido à minha vida. E continuei eu deslumbrada por ela, até o segundo filho. Mas quando parte dos problemas retornaram. Por que embora fascinada, eu não estava preparada para toda a responsabilidade que a vida moderna infligiria nas variadas facetas que eu precisava dominar. Metódica, caprichosa ao extremo, perseguidora de ideais nem sempre factíveis, ou cabíveis, eu me enrolei. Eu me perdi nos objetivos, errei as prioridades e comecei a sofrer novamente. E comecei a sonhar com caminhadas livres ao sol das 10 da manhã e dias sem problemas e prazeres simples de infância. Coisas nem tão absurdas mas que para mim pareciam inatingíveis.
E fui seguindo assim, até que minha vida virou de cabeça para baixo. Eu sofri, eu me perdi na minha essência. Mas hoje eu entendo que tudo aquilo foi necessário para que eu voltasse ao meu trilho. Para que eu recuperasse as coisas em que eu acreditava, para que eu voltasse a ser quem eu realmente era e tivesse coragem de perseguir os sonhos que finalmente eu tinha preparo (de vida) para perseguir. Eu sofri, joguei tudo para o alto, separei o que não servia mais e recomecei. Recomeçar, não é nada fácil. Recomeçar, nem sempre é seguir em frente. Muitas vezes é questionar as decisões, duvidar de nossa capacidade.
Eu tive muitas coisas boas em que me apoiar nesse tempo todo. Poderia falar sobre várias delas. Mas eu gostaria de falar sobre algo que estou vivendo nesse momento. Algo que eu iniciei há cerca de um ano e que gradativamente me mostrou a luz no fim do túnel. Essa coisa, foi estudar. Eu comecei devagar com alguns cursos livres. Comecei a me familiarizar com os temas que envolveriam minha nova carreira. Sim, eu resolvi mudar de carreira! Radical! Fui fazendo um cursinho aqui e acolá. No final do ano passado, resolvi investir num curso técnico. Porque eu percebi que precisava de algo mais formal do que os cursos livres vinham me proporcionando. E eu tinha um tempo limitado para me recolocar na nova carreira.
E foi por isso que sumi. Porque o curso técnico começou e um novo mundo, de verdade, sem querer me utilizar de chavões, se descortinou diante dos meus olhos. Eu vi coisas que me remeteram à infância e aos gostos cultivados durante tantos anos, paralelamente ao meu trabalho formal. Eu descobri que para tudo aquilo que me fascinava, havia se não uma, milhares de possibilidades e aplicações diferentes. Eu me reencontrei, reinventei e acima de tudo: recuperei minha dignidade. Eu vi que uma hora, tudo vai dar certo. Que eu vou conseguir mostrar o meu valor e fazer o que gosto. Eu redescobri isso tudo pelo estudo. Leio ávidamente a bibliografia que meus professores passam e discuto de igual para igual os temas com colegas que são na grande maioria, 23 ou 24 anos mais novos do que eu. De igual para igual no que tange ao novo, ao moderno, porque bagagem não me falta, sobra! E eu não me sinto discriminada, eu não me sinto velha. Eu me sinto viva e atual. Eu renasci.
E onde "Quando Nietzsche Chorou" entra nessa história toda? Por que foi assim que um dia eu entendi. Simplesmente lembrei das situações do livro e compreendi por que a gente pode vomitar sem doença e o coração pode disparar e a gente achar que vai morrer, sem motivo aparente. Por que a gente pode olhar para uma comida, e a despeito de sua aparência fresca, achar que algo pode estar estragado ali e que vai nos fazer mal. A gente sente tudo isso, por que a gente está se violentando. Por mais corretos que possam parecer nossos planos, nossa dedicação, a gente pode estar seguindo um caminho totalmente errado. Descobri que tão perigoso quanto não saber o que fazer da vida, pode ser a certeza do que a gente deve fazer da vida. Por que dever, nem sempre é querer. E existe um limite para o que a gente pode suportar.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Alma
Existe aquele conceito de alma que muitos tentam classificar ou explicar. De Platão a Allan Kardec, seja no Hinduísmo ou na Cabala, muitos acreditam existir dentro da gente aquela centelha que não faz parte exatamente de nosso corpo físico. Algo que em teoria poderia continuar vivo, uma vez morto o invólucro - a parte material que nos compõe. De minha parte posso dizer que isso eu sinto, desde sempre, sem que para isso precisassem colocar tanta regra. Espírito, alma, anima, seja como queiram chamar, existe dentro de mim a certeza de algo maior, de uma força interna que me rege e que pode estar aqui, no passado ou no futuro, em lugares imateriais e simultâneos, com outros que cá ainda estão ou que já se foram. Essa essência que se transporta sozinha, no momento em que ouve uma música, no calado de um escritório vazio, num dia pré-chuvoso, e que no mesmo estante está no Rio antigo da avó querida, jovem ou já velhinha, que tanto gostava dessa música em particular ou mesmo numa abafada sala de piano com a saudosa mestre que mesmo sem conhecer, dividia as mesmas lembranças.
Brejeiro e Apanhei-te Cavaquinho de Ernesto Nazareth em majestosa execução.
Brejeiro e Apanhei-te Cavaquinho de Ernesto Nazareth em majestosa execução.
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Doce vida
Durante toda a minha adolescência e início da idade adulta eu fui magra mas me atormentava com um ideal de beleza que não estava necessariamente ligado ao meu peso. Bom, isso é outra viagem, outra reflexão. Eu gostaria de falar hoje sobre alimentação.
Fiquei aqui pensando sobre esse post, se valeria a pena ou não escrever. Por um lado, vejo uma tendência suicida da nossa sociedade, em se entregar ao prazer imediato; ao consumo de drogas, bebidas e aos vícios de toda espécie, sem medir as consequências. Porque o futuro é muito distante. O importante é o momento, o prazer absoluto, o realizar na velocidade do clique, onde esperar é impensável. Diante desse quadro, tentei imaginar se palavras de uma pessoa que prega alguma disciplina, alguma cautela, encontraria ouvidos e alguma concordância.
Por outro lado, fiquei aqui medindo o benefício da disciplina. Porque sei por experiência, que autoimpor metas exageradas, sacrifício demais, pode destruir mais do que construir. A gente aprende sim com o sacrifício, mas é preciso como tudo na vida, saber medir, saber o limite de quando a gente está fazendo de menos ou demais.
Por volta dos 28 anos fui alertada por um médico que me disse que eu poderia vir a me tornar diabética algum dia. Por mais simpático e preocupado que o médico possa ter se mostrado, não captei na ocasião, toda a gravidade da situação. Talvez porque eu fosse muito nova e estivesse mais preocupada com meus objetivos profissionais e o que eu poderia aproveitar da vida nas horas que me sobravam. Ou simplesmente porque eu achasse que era exagero.
Passados os 30, soube que estava em fase pré-diabética. Foi aí que a casa caiu. Foi quando todo o tamanho do problema me atingiu em cheio. Quando percebi a minha negligência, e a qualidade dos meus hábitos, que me prejudicava em todos os sentidos. Se for levar a fundo, diria que um hábito alimentar ruim, pode até prejudicar o futuro do planeta. Mas isso, como o assunto anterior, também é outra viagem.
A partir daí, fui, em altos e baixos, incrementando a minha conscientização interna e mudando a minha forma de me alimentar e a minha vida esportiva. Aos poucos fui abandonando os alimentos de elevado índice glicêmico que não se limitam aos doces mas também aos salgados que contém alta taxa de carboidrato.
Hoje estava rascunhando um trabalho onde preciso lançar alguns temas para desenvolvimento de peças gráficas (cartazes). Posso falar sobre o bonitinho ou sobre o feinho necessário. E foi então que me veio essa constatação de que a maioria das pessoas desconhece que ela pode se tornar diabética um dia. Fica aquela crença superficial de que diabetes é algo que alguém já nasce tendo. Mas o que as pessoas não sabem, é que os maus hábitos alimentares podem levar ao diabetes, pois o estoque de insulina que podemos produzir ao longo da vida pode se esgotar caso a gente a utilize indiscriminadamente. E é isso o que acontece quando a gente se alimenta mal. O organismo libera quantidades enormes de insulina para processar o açúcar que cai no nosso sangue.
Estou me dando ao trabalho de traduzir um texto que achei simples e eficaz. 7 passos para se evitar ou amenizar o diabetes. De novo: se existe gente que fuma e não pensa se vai ter câncer de pulmão, que se droga e não pensa se vai morrer, falar sobre isso pode ser chover no molhado. Mas vou apostar nas pessoas que gostam de se informar e seguir uma vida sadia e que podem ter alguma luz sobre o assunto, enxergar as coisas diferentes a partir daí. Eu conheço muito sobre alimentação, por interesse próprio e pela necessidade que tenho de controlar a minha tendência. E gosto de explicar os motivos. Sei que diabetes por levar a colesterol elevado e uma série de outras coisas. Mas no momento fico aqui com o mais simples, na esperança de que a simplicidade desperte o melhor. Pois na vida fica sempre difícil começar pelo complexo.
O texto original pode ser encontrado aqui.
Segue a tradução:
"1. Faça do exercício uma prioridade. Trabalhar os músculos com atividade física regular melhora a circulação e a sua habilidade em usar a insulina e absorver glicose. Estudos mostram que praticar uma leve caminhada diária de 30 minutos reduz o risco de desenvolver diabetes do tipo 2 em 30%. E adicionar mais atividade física durante o dia ajuda a reduzir ainda mais o risco.
2. Mantenha um peso saudável. Estar acima do peso é a maior causa de diabetes do tipo 2. Aumenta o risco em 7 vezes. Obesidade o torna de 20 a 40 vezes mais propenso a desenvolver diabetes do que uma pessoa com peso saudável. Se você estiver acima do peso, perder de 7% a 10% do seu peso atual cortará o seu risco de desenvolver diabetes pela metade. Perda de peso saudável é a melhor coisa que você pode fazer para diminuir o seu risco de diabetes.
3. Elimine carboidratos refinados. Açúcar, refrigerantes, bebidas de frutas e sucos de frutas, pão branco, arroz branco, massas brancas e outros carboidratos refinados causam uma rápida e furiosa elevação de açúcar no sangue. Comer esse alimentos glicêmicos pode aumentar o seu risco de desenvolver diabetes.
4. Foque em alimentos naturais. Uma dieta alta em fibras como legumes coloridos, feijões e frutas frescas e grãos 100% integrais diminuem o risco de diabetes e ajudam a manter o seu apetite e as calorias em controle.
5. Escolha gorduras saudáveis. As gorduras que você come afetam o risco de diabetes de uma forma ou de outra, então é importante saber a diferença entre gordura boa e ruim. Gorduras encontradas em peixes com ômega 3, como o salmão e o atum, castanhas, sementes, grãos e azeite de oliva ajudam você a diminuir o risco de diabetes e de doenças do coração. Enquanto as gorduras trans fazem justamente o oposto, contribuindo para o diabetes.
6. Se você fuma, pare. Diabetes é apenas um dos muitos riscos de saúde numa longa lista de problemas causados pelo uso do tabaco. Fumantes são pelo menos 50% mais propensos a desenvolver diabetes do que não-fumantes.
7. Controle a pressão e o colesterol. Diabetes, colesterol alto e pressão alta, todos danificam as veias. E quando eles trabalham juntos, aumentam o risco de enfarto, derrame e outras condições letais. Mas se você se exercitar regularmente, comer pela sua boa saúde e administrar o seu peso, você pode diminuir a pressão e o colesterol naturalmente.
Enquanto seguir estas recomendações em como evitar ou mesmo reverter o diabetes naturalmente requer comprometimento, foco e persistência, diabetes é possível de prevenir. Os resultados cabem a cada um de nós."
Gostaria de adicionar por último que embora frutas sejam saudáveis, elas contêm açúcar. Portanto recomenda-se não comê-las em grande quantidade, o ideal é uma por vez no caso de frutas médias. E limitar a quantidade das frutas pequenas. Quanto mais processado o alimento, mais rápido ele vai para o sangue. Sucos, vitaminas, sopas batidas, tudo isso é absorvido muito rápido pelo organismo. Por isso a recomendação de ingerir mais fibras e alimentos crus, pois isto retarda a digestão, impedindo que o açúcar seja enviado tão rapidamente ao sangue.
Tenho percebido que a educação alimentar, assim como todas as outras coisas, deve vir de berço. Não dá para pensar somente no lado intelectual, de valores. O corpo, assim como a mente precisam estar saudáveis, em equilíbrio. E é por isso que eu tento controlar o hábito alimentar nos meus filhos. Evitando o costume de balinhas, de suquinhos prontos, bolachas e gratificação com doce. Enfim, isso também é outra discussão para muitos posts.
Boa sorte!
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Inspirações
Recentemente voltei a estudar e tenho ido a fundo nos movimentos artísticos e de design. Precisei escrever um trabalho a respeito de Escher fazendo um paralelo com a Op Art, que é um movimento ligado à experiência visual, através da estimulação por ilusão de ótica. E para minha surpresa, um dos expoentes do movimento é Victor Vasarely, justamente o autor de trabalhos que me fascinavam, daquelas coisas que a gente gosta mas não conhece direito.
Aprendi que é importante conhecer tudo isso como referência. Sempre fui obceada por formas geométricas, recortes. Então a gente descobre que mesmo guardando uma grande distância (reconheço as minhas limitações), a gente tem algo em comum com algum gênio, como Matisse, que já mencionei no passado, ou neste caso Vasarely, alguém que explorou a fundo aquilo que nos fascina. É um sentimento de identificação imediata, de admiração, de não se sentir tão só no mundo. De constatar que outras pessoas também se deixam envolver por temas ou cores, fases azuis, de preto e branco, de figurativo ou abstrato, de experimentação. A vida exige tanta prática, tanto pé no chão, tanta eficiência que nos parece por vezes vergonhoso ser do tipo de pessoa que se embevece com o que parece pouco diante do que é considerado necessário. A gente se sente meio fora do padrão, porque percebe que aquilo que nos parece também necessário às vezes foge do que é definido como prático. Que almejar a beleza, o imensurável, é na verdade essencial, a ponto de trazer de volta o nosso equilíbrio. Equilíbrio esse, que para nossa estupefação, nos coloca diante do questionamento do que é certo ou normal, de se existe mesmo o certo ou o normal.
Bom, chega de viagem. Seguem as inspirações...
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Experiências
Eu tenho um trauma danado de pincel. Sempre tive medo de borrar, de errar. Acho que por isso me apeguei tanto ao scrapbooking, porque não tem muito erro. Errou, cola por cima e tá tudo certo. Descobri recentemente a tinta acrílica e a pintura abstrata. Que é algo, como Mondrian colocaria, por exemplo, mais ligado à expressão de sentimentos. E digamos assim, que dentro dessa perspectiva, o erro também inexiste. Eu pintei 4 telas. Estou postando essa aí, apesar de que tem outras duas mais bonitinhas. São todas nessa linha, tenho fixação por círculos, eles estão presentes em muitos dos meus trabalhos, sejam manuais ou digitais. Deve haver explicação para isso...
sexta-feira, 25 de março de 2011
Momento Flashback - If you leave / Pretty in Pink
Quem me conhece um pouco sabe da minha fixação por coisas dos anos 80 e adolescência.
Tava ouvindo uma rádio do iTunes hoje e me deparei com essa música. Bateu aquela sensação: "humm,
sempre gostei dessa música mas não sei o nome". Bom, e para minha recordação, também faz parte da trilha de um filme que eu tanto gostei....
Tava ouvindo uma rádio do iTunes hoje e me deparei com essa música. Bateu aquela sensação: "humm,
sempre gostei dessa música mas não sei o nome". Bom, e para minha recordação, também faz parte da trilha de um filme que eu tanto gostei....
Vale acrescentar que também amo Two and a Half Men.
quarta-feira, 16 de março de 2011
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Perfis
Já falei inúmeras vezes aqui sobre as facetas que mostramos nas diversas situações ou grupos onde convivemos. De acordo com o ambiente ou com quem nos ouve, mostramos esta ou aquela parte de nosso ser, tão complexa a combinação que a nós mesmos acaba nos confundindo. Até chegarmos num ponto onde encontrar o nosso verdadeiro eu torna-se premente, necessário. Torna-se insuportável viver assim, tão perdido de si mesmo.
Esses são os papéis escolhidos por nós. Equivocados ou não.
Me ocorreu no outro dia, entretanto, que para algumas pessoas o que a gente deseja é que elas simplesmente nos vejam como a gente é. Sem máscaras ou fortalezas erguidas, a gente se mostra. Verdade nua e crua, inocência pura de criança. Que elas nos vejam de verdade, para que nos entendendo, possam nos nutrir com sentimento ou com o apoio que a gente precisa ou merece. E espantosamente a gente percebe um dia que se elas nos enxergam, não é de forma alguma como a gente é mas como elas gostariam que a gente fosse. Alterada está não somente a imagem como amaldiçoada a chance de compreensão. E pior ainda é que não enxergando como a gente é, às vezes disseminam a imagem do que a gente é, misturado com o que a gente não é, e o que chega de volta na gente é um reflexo turvo, que por sua vez nada tem a ver com o que a gente queria para a gente, de verdade. E nesse ir e vir de imagens, de perfis traçados ou imaginados, no meio desse caos, a gente tenta, ao contrário de todas as vezes em que a gente finge ser quem não é, provar que o nosso verdadeiro eu nada tem a ver com o eu imaginado pelo outro. Tentativas em vão. Porque o que o outro quer, na verdade, é continuar com essa imagem sonhada. E nos atira de volta a revolta, a mágoa, por nossa incapacidade de corresponder, até que a gente em troca, cansa de ser quem a gente é, levantando, desgraçadamente, uma máscara difícil de carregar. Máscara que invariavelmente termina por nos explodir no rosto.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Le Petit Nicolas
Reaprendi recentemente que recortes e colagens fazem parte de mim desde muito tempo, desde épocas em que eu nem me lembrava mais. Sempre me encantaram, particularmente os trabalhos com dimensão. Quando pequena eu ficava admirando por vários minutos as páginas das estórias de Chapeuzinho Vermelho e Cinderela em versão dimensional, onde mini-cenários exibiam bonequinhas vestidas com pérolas e rendas. Eu examinava cada detalhe e desejava intimamente poder entrar naqueles cenários.
Eu assisti recentemente o filme "Le Petit Nicolas". O filme foi feliz em retratar o livro da forma como o lemos, ou pelo menos da forma como eu o imaginava quando o li há muitos anos atrás. E engraçado isso, o que me marcou mais no filme foi a abertura, com ilustrações originais em forma de pop-up. Genial. Isso me faria sonhar quando era criança, ou melhor, me faz sonhar mesmo depois de adulta!
Eu assisti recentemente o filme "Le Petit Nicolas". O filme foi feliz em retratar o livro da forma como o lemos, ou pelo menos da forma como eu o imaginava quando o li há muitos anos atrás. E engraçado isso, o que me marcou mais no filme foi a abertura, com ilustrações originais em forma de pop-up. Genial. Isso me faria sonhar quando era criança, ou melhor, me faz sonhar mesmo depois de adulta!
domingo, 2 de janeiro de 2011
Balanço
"Antes de ter sido sequestrada, eu acho que a felicidade estava relacionada ao sucesso. Atualmente a felicidade está relacionada para mim ao descanso, paz, serenidade".
Um dia desses caiu em minhas mãos uma revista contendo uma entrevista com Ingrid Betancourt, ex-senadora colombiana sequestrada pelas FARC e mantida em cativeiro durante 6 anos. Não posso dizer que acompanhei de tão perto a trajetória de Ingrid mas a sua história me chamou a atenção desde a ocasião do seu sequestro. O documentário que eu assisti a retratou como uma mulher de garra, que lutava contra a pobreza e a corrupção no governo colombiano. Se era verdade ou não, se a postura dela após a sua libertação em 2008 foi correta, nada disso cabe a mim julgar ou defender. O que me interessa nesse caso é a conclusão a que ela chegou após anos de reclusão e ao momento de vida em que ela se encontra.
Estamos iniciando um novo ano. Momento de inevitável reavaliação, de planejamento. Muitos dizem que estamos no início de uma nova era, mudança que se concretizará com alterações drásticas na forma como a vida é vista e valorizada no planeta. Dizem que tudo isso se concretizará em 2012, que as mudanças embora radicais e sofridas, não resultarão no fim do mundo como previa Nostradamus mas como um fim do que há de ruim e início de nova era. Bom, me parece que todo ano existem previsões deste tipo ou de todos os tipos. Eu gostaria muito que dessa vez fosse verdade.
Eu assisti muitos filmes nesse final de semana. Duas temporadas de Dexter, um serial killer que por incrível que pareça a gente aprende a amar, "Whatever Works" de Woody Allen e Casamento Silencioso, um filme de produção romena. E estou iniciando o "Petit Nicolas", livro que eu li há muitos anos atrás e que agora estou tendo o prazer de assistir, com todas as suas deliciosas interpretações infantis do mundo adulto. Ah! E antes que vocês perguntem, se é que vocês se recordam de um post meu antigo, sim, eu consegui reconhecer várias palavras em romeno.
Eu fiquei pensando após essa overdose de informação que há um momento na vida em que a gente tende a olhar para trás, avaliar o que a gente fez de bom ou de ruim e em que a gente sente necessidade de mudar. Quase sempre isso resulta em mudanças radicais. E se a gente não resolve por livre e espontânea vontade promover essas mudanças, parece que de alguma forma a vida se encarrega de forçá-las. Acho que não é nada assim de espetacular, parece ser parte da vida, como um roteiro pré-definido. Sabe aquela história de que os bebês parecem se comportar mais ou menos igual, têm um tempo de chorar, um tempo para sentar, um tempo para engatinhar, e por aí, uma cronologia mais ou menos parecida? Aí vem a adolescência em que por mais popular que se possa parecer, quase sempre lutamos contra nossas próprias inseguranças e dúvidas? Pois é, então existe um período pós-realização ou não realização, por volta dos 40 anos em que a gente resolve jogar tudo para o alto. Não necessariamente porque foi inútil, talvez simplesmente porque foi o certo durante um tempo mas deixou de ser. Ou porque a gente viu que tentar ser o que os outros querem que a gente seja e não o que a gente realmente é, não funciona. Isso me lembra que eu assisti também um documentário sobre Freud. E essa batalha foi o que ele tão brilhantemente descreveu como a luta entre o nosso Superego e o nosso Id.
Estou lendo um livro do Nick Hornby onde várias pessoas tentam suicídio no mesmo local e não só elas não se suicidam como começam uma jornada de conhecimento dos problemas uns dos outros. Eu ainda estou no início do livro. Mas o que me chamou a atenção nesse caso não foram os problemas em si mas o "awakening", o cair da ficha. O "Whatever Works", "Tudo pode dar certo", pinta de uma forma muito divertida essas oportunidades de um "fresh start" como o americano costuma dizer e termo que eu particularmente gosto pois me parece muito simpático ser refrescada com a oportunidade de um novo início. Woody Allen parece ter retomado neste filme seu velho e querido estilo de história passada em NY regada a intelectuais com seus problemas aparentemente sofisticados e complexos mas que na verdade não têm nada de particulares, são apenas de natureza humana. Filme regado a diálogos inteligentes, belas prateleiras de livros que eu tanto gosto e o principal: o sarcasmo brilhantemente bem-humorado.
Bom, parece que o meu balanço não resultou em muita conclusão. Sigo aqui pensando em todas essas coisas, refletindo sobre a vida, nas verdades que um dia a gente questiona, chega a pensar que não eram verdades como a gente imaginava. Sonhando com um novo mundo, desejando que um dia deixemos de ser prisioneiros, seja de um sistema político, uma relação equivocada, uma expectativa ou mesmo de nossos próprios pensamentos. Desejando estudar cada vez mais, melhorar não somente intelectualmente mas como ser completo e único e ao mesmo tempo interconectado. Esses são os meus desejos para o ano que se inicia e para os que estão por vir. E é o que desejo a todos vocês. Um feliz 2011!!
Um dia desses caiu em minhas mãos uma revista contendo uma entrevista com Ingrid Betancourt, ex-senadora colombiana sequestrada pelas FARC e mantida em cativeiro durante 6 anos. Não posso dizer que acompanhei de tão perto a trajetória de Ingrid mas a sua história me chamou a atenção desde a ocasião do seu sequestro. O documentário que eu assisti a retratou como uma mulher de garra, que lutava contra a pobreza e a corrupção no governo colombiano. Se era verdade ou não, se a postura dela após a sua libertação em 2008 foi correta, nada disso cabe a mim julgar ou defender. O que me interessa nesse caso é a conclusão a que ela chegou após anos de reclusão e ao momento de vida em que ela se encontra.
Estamos iniciando um novo ano. Momento de inevitável reavaliação, de planejamento. Muitos dizem que estamos no início de uma nova era, mudança que se concretizará com alterações drásticas na forma como a vida é vista e valorizada no planeta. Dizem que tudo isso se concretizará em 2012, que as mudanças embora radicais e sofridas, não resultarão no fim do mundo como previa Nostradamus mas como um fim do que há de ruim e início de nova era. Bom, me parece que todo ano existem previsões deste tipo ou de todos os tipos. Eu gostaria muito que dessa vez fosse verdade.
Eu assisti muitos filmes nesse final de semana. Duas temporadas de Dexter, um serial killer que por incrível que pareça a gente aprende a amar, "Whatever Works" de Woody Allen e Casamento Silencioso, um filme de produção romena. E estou iniciando o "Petit Nicolas", livro que eu li há muitos anos atrás e que agora estou tendo o prazer de assistir, com todas as suas deliciosas interpretações infantis do mundo adulto. Ah! E antes que vocês perguntem, se é que vocês se recordam de um post meu antigo, sim, eu consegui reconhecer várias palavras em romeno.
Eu fiquei pensando após essa overdose de informação que há um momento na vida em que a gente tende a olhar para trás, avaliar o que a gente fez de bom ou de ruim e em que a gente sente necessidade de mudar. Quase sempre isso resulta em mudanças radicais. E se a gente não resolve por livre e espontânea vontade promover essas mudanças, parece que de alguma forma a vida se encarrega de forçá-las. Acho que não é nada assim de espetacular, parece ser parte da vida, como um roteiro pré-definido. Sabe aquela história de que os bebês parecem se comportar mais ou menos igual, têm um tempo de chorar, um tempo para sentar, um tempo para engatinhar, e por aí, uma cronologia mais ou menos parecida? Aí vem a adolescência em que por mais popular que se possa parecer, quase sempre lutamos contra nossas próprias inseguranças e dúvidas? Pois é, então existe um período pós-realização ou não realização, por volta dos 40 anos em que a gente resolve jogar tudo para o alto. Não necessariamente porque foi inútil, talvez simplesmente porque foi o certo durante um tempo mas deixou de ser. Ou porque a gente viu que tentar ser o que os outros querem que a gente seja e não o que a gente realmente é, não funciona. Isso me lembra que eu assisti também um documentário sobre Freud. E essa batalha foi o que ele tão brilhantemente descreveu como a luta entre o nosso Superego e o nosso Id.
Estou lendo um livro do Nick Hornby onde várias pessoas tentam suicídio no mesmo local e não só elas não se suicidam como começam uma jornada de conhecimento dos problemas uns dos outros. Eu ainda estou no início do livro. Mas o que me chamou a atenção nesse caso não foram os problemas em si mas o "awakening", o cair da ficha. O "Whatever Works", "Tudo pode dar certo", pinta de uma forma muito divertida essas oportunidades de um "fresh start" como o americano costuma dizer e termo que eu particularmente gosto pois me parece muito simpático ser refrescada com a oportunidade de um novo início. Woody Allen parece ter retomado neste filme seu velho e querido estilo de história passada em NY regada a intelectuais com seus problemas aparentemente sofisticados e complexos mas que na verdade não têm nada de particulares, são apenas de natureza humana. Filme regado a diálogos inteligentes, belas prateleiras de livros que eu tanto gosto e o principal: o sarcasmo brilhantemente bem-humorado.
Bom, parece que o meu balanço não resultou em muita conclusão. Sigo aqui pensando em todas essas coisas, refletindo sobre a vida, nas verdades que um dia a gente questiona, chega a pensar que não eram verdades como a gente imaginava. Sonhando com um novo mundo, desejando que um dia deixemos de ser prisioneiros, seja de um sistema político, uma relação equivocada, uma expectativa ou mesmo de nossos próprios pensamentos. Desejando estudar cada vez mais, melhorar não somente intelectualmente mas como ser completo e único e ao mesmo tempo interconectado. Esses são os meus desejos para o ano que se inicia e para os que estão por vir. E é o que desejo a todos vocês. Um feliz 2011!!
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