terça-feira, 31 de agosto de 2010

Nick Hornby - Juliet Naked

Sabe aquela máxima que diz que não se deve comprar um livro pela capa? Pois é, devo confessar, diria que quase sem nenhum pudor, que eu compro livro pela capa. A falta de pudor eu atribuo a um dos benefícios que a idade nos traz que é o de deixar de ter vergonha das coisas banais.

Estava um dia passeando na livraria e dei aquela passadinha pela seção de "pockets", dos quais sou fã confessa. Foi quando vi assim, numa pilha, vários livros do Nick Hornby, autor que sabia que tinha ouvido falar mas que não lembrava exatamente o quê.

Bom, aí comecei a manusear os livros e simpatizei com a sinopse de "Juliet Naked" (isso por que foi a capa que me causou maior impacto, deixando de lado a hipocrisia). Comprei o livro e ele ficou aguardando na minha fila.

Certo dia me disse uma amiga que estava querendo retomar as leituras em espanhol mas que andava meio sem paciência para os dramalhões da Isabel Allende ou as bizarrices de Gabriel García Marquez. Eu disse a ela que talvez houvesse alguma escritora de chick-lit espanhol, que poderia ser uma boa forma de retomar a leitura para depois passar a algo mais "sério". Pesquisando a respeito, me deparei com uma definição na wikipedia onde uma das informações passadas era a de que certos autores são classificados como lad-lit ou mais vulgarmente dick-lit. E figurava entre esses autores o "tal" do Nick Hornby.

Lembrei-me imediatamente do meu recém-adquirido livro. Pensei: "se for para ficar lendo sobre carros e mulheres, melhor trocar o livro". Pensamento preconceituoso, talvez o equivalente feminino ao pensamento masculino quando avalia um chick-lit.

Decidi manter o livro e iniciar a leitura. Para minha surpresa, não só a leitura está sendo agradável como extremamente atual. Eu diria que para um "guy", o Nick Hornby trata com extrema sensibilidade os sentimentos que acometem pessoas de uma idade um pouco mais avançada; questões como "o que foi feito da vida", "onde seus relacionamentos os levaram". Uma narrativa que intercala presente e passado, reflexões dos seus diferentes personagens e um estilo criativo e moderno, onde figuram iPods, blogs e sites populares.

Fiquei feliz com a decisão de manter o livro e dar uma chance a ele. Mais tarde fui pesquisar melhor e aprendi que ele também é o autor de "Alta Fidelidade" livro que não li mas cujo filme está na lista dos que mais aprecio e também do recente "An Education" (Educação) filme sobre o qual só ouvi bons comentários.

Devo dizer que não devo parar em "Juliet Naked".

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Alerta: Hipotireoidismo

Eu andei esquisita. Assustadoramente esquisita. Desanimada, triste. Por causa da minha necessidade de controlar o açúcar, consultei uma endocrinologista e ela acabou identificando, a partir do relato dos meus sintomas e dos exames de sangue, o hipotireoidismo. Fui por causa de um problema e achei outro. Mas estou feliz que tenha sido diagnosticado pois minha vida melhorou muito desde que iniciei a medicação.

Tanta coisa rola pela internet hoje em dia, tantos hoaxes e afins, que a gente acaba sem saber no que acreditar. Eu particularmente deixo de ler muitas coisas porque evito sofrer por antecedência, prefiro enfrentar os problemas conforme eles vão aparecendo. Mesmo assim, resolvi falar sobre o que aconteceu comigo, pode ser que ajude. Nem sempre tristeza sem motivo é sem motivo de verdade. E nem sempre é tão sério como depressão. Para ter um esclarecimento melhor sobre o problema, recomendo a leitura do excelente post da Sam Shiraishi no A Vida Como a Vida Quer: sério e esclarecedor.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Evolução

Eu escuto e profiro a frase constantemente "quero ser melhor, quero evoluir". Mas o que é a evolução de verdade?


Para mim a evolução implica em alguns fatores macro como ser mais generosa, estar mais contente com a vida, ser mais gentil comigo mesma, aprender sempre e mais. Minimizar o orgulho e o egoísmo. E daí derivam várias outras resoluções menores, mais aplicadas ao cotidiano, que eu creio serem necessárias para atingir os objetivos maiores.

Existe portanto um padrão pessoal dentro do conceito de evoluir. Como tudo na vida, é relativo. Então quem é severo demais consigo mesmo tenta ser mais indulgente. Quem é eloquente demais e expõe o desnecessário, procurar falar menos. Fica até temeroso às vezes a gente escrever sobre um determinado tema e atingir o público errado. Como no post anterior em que eu falo sobre pequenos sonhos, pequenas concessões. De repente a pessoa já está sofrendo com alcoolismo ou com a dificuldade em manter uma dieta alimentar e se sente autorizada a enfiar o pé na jaca, só porque se falou em pequenos prazeres diários.

Chego então no ponto mais difícil: como saber quando a gente realmente precisa mudar? O que precisamos exatamente mudar? Enxergamos nos outros coisas que eles precisam mudar mas não mudam. Coisas que não precisam ser diferentes mas em que o outro insiste em mudar. Tem os que pensam constantemente em mudar, para melhorar, e aqueles para os quais visivelmente as coisas não funcionam mas eles nem se preocupam, continuam agindo de forma autodestrutiva. E pior, será que o outro precisa mudar mesmo? Será que a mudança que a gente propõe é o que ele precisa ou a gente não está querendo de uma certa forma satisfazer um gosto ou uma regra pessoal?

Pouco podemos fazer fora de nosso contexto. Quando entendemos que mudanças são possíveis dentro de nós mas podem ser pouco factíveis nos outros se a outra parte não quer mudar, tiramos um peso do ombro. Vale o otimismo, vale continuar tentando altruisticamente, não podemos abandonar nosso papel de educadores (afinal com filho acho que a história é diferente pois existe a responsabilidade ímplicita ao papel), mas não podemos calcar as nossas maiores expectativas nas mudanças dos outros pois estamos fadados à decepção agindo assim. Existe até, me ocorreu agora, quem deixa de se perceber por buscar o tempo todo a mudança nos outros. Quer tanto corrigir o que está em volta que não conclui que a mudança necessária, na verdade, é em si próprio.

Então volto à pergunta: como saber o que mudar em nós? Ajuda a auto-observação. Analisar fatos e consequências e tentar mudar padrões. Mas tem um grande detalhe que descobri recentemente: mudar para o oposto do que a gente é ou querer fazer a mudança de forma radical não gera bons resultados. É como li no outro dia: a gente pode até se manter num estado de negar uma determinada característica, certo comportamento, mas isso não implica na mudança verdadeira. Torna-se repressão. E não é bom ficar reprimido pois em algum momento o caldo entorna. Não podemos nos violentar e decidir ser exatamente o oposto do que está na nossa essência. O tímido não precisa se tornar o mais popular do colégio, ninguém precisa falar com todo mundo, desde que quando a gente fale, que seja de valor, que seja generoso. Então podemos, por exemplo, agir de forma menos tímida dentro de nosso espectro. Dentro do que a gente alcança. Mudanças menores que nos dão fôlego para tentar outras e assim sucessivamente.

Quem disse que é fácil? Não é fácil para ninguém. Estamos todos em busca de algo. Com mais ou menos acertos. Estamos todos vivos e passíveis de escolhas. Não é fácil mas não é ruim. E não parece que o fácil, às vezes perde a graça?

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Convite

Motivada pelo Selinho Mágico, eu criei um selinho do blog Realizando Sonhos. Eu me dei conta de que em alguns anos de blog, eu nunca havia pensado em criar o meu próprio selo. Ou talvez tenha pensado mas não tivesse tempo, de tão dominada que eu estava pela correria diária e acúmulo de tarefas.

O meu selinho vem com um convite. Um convite a sonhar. O sonho pode ser grande, como tomar aquele passo que você vem adiando há tempos, ou pequeno. Diria que prefiro até o pequeno: convido-os a reservar alguns minutinhos a mais na pausa do almoço para tomar um café naquela lojinha charmosa e caminhar ao sol no dia frio. Não vale engolir o café. Precisa saborear, tomar consciência da importância do momento, o momento que você reservou para si próprio. Vale também olhar através da janela do escritório durante o expediente. Não importa que a paisagem seja meio cinza ou congestionada: perceba o horizonte, mesmo que visto por entre os prédios. Lembre que há um mundo lá fora. E que ele também é seu. Descubra seu próprio sonho, aquele pequeno hábito abandonado. Porque não criar este hábito diário de novos sonhos e alegrias tangíveis? Seja gentil, sorria. Sonhe sempre e cada vez mais. Sonhe com os pés no chão e realize.

E aí vai o selinho: oferecido a todos. Divulguem aos amigos que gostam de sonhar ou àqueles que esqueceram. Aos que não se permitem sonhar. Façam o convite. Espero que hoje o dia seja diferente e especial.

Eu vou gostar se você puder contar no seu blog qual foi o seu sonho e as sensações que ele causou em você. Descreva, se puder, o que você pensa em fazer para manter este hábito.

Selinho mágico

Eu fui presenteada pela Beth (Noites em Claro) e pela Janine (Impressões Minhas) com o Selinho Mágico.


Bom, as regras são:

1. Postar o selinho:

Já pode ser visto acima.

2. Responder: "O que é mágico para você?". 


Descobri que a magia existe nas pequenas coisas e na forma de encarar a vida. Tenho procurado viver  dia após dia procurando o melhor nas coisas e dentro de mim mesma. Entrego-me à magia da renovação diária, colocando objetivos e realizando feitos que me transformem numa pessoa melhor e feliz. Felicidade é magia. 

3. Coloque uma imagem que você acha mágica:

A imagem vai ser na forma de presente para todos que acessam este blog. Vai no post seguinte.


4. Indicar outros blogueiros:

Sempre fico um pouco constrangida na hora de indicar. Na maioria das vezes os meus conhecidos já foram indicados e ao mesmo tempo, detesto passar a impressão de que estou esquecendo ou desconsiderando alguém. Bom, indico o selinho a todos! 



sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Desapego



Quando a gente ouve falar em desapego, a gente pensa logo em desapego material. A gente lembra de Jesus Cristo em seus trajes modestos e em plácidos monges tibetanos que vivem isolados de tudo e de todos. E parece tão longe de nossa realidade, tão distante de nosso dia-a-dia.

Entendi recentemente que apego é um conceito muito mais amplo.

Ser desapegado implica em não gerar expectativas exageradas e sobretudo desnecessárias. Porque expectativa parece andar de mãos dadas com a decepção. Decepção porque se muitas vezes nem nós mesmo somos capazes de prever as consequências de nossos atos ou escolhas, imagina então quem vive ao nosso redor. Um desconhecido é capaz de entender que a gente queria andar naquela ponta da calçada? Uma amiga consegue prever que naquele modelo de blusa a gente acha que a cor não cai bem? Se a resposta dessas perguntas é não, para que então complicar, gerando em cima de situações simples mais e mais fatores de expectativa potencializando a nossa decepção? Criando no que poderia ser binário uma verdadeira múltipla escolha onde as respostas certas parecem nunca ser marcadas?

Claro que ser desapegado também implica em não valorizar tanto algo material. Por que o que é material deprecia, pode ser roubado ou destruído. Então a gente pode cuidar tendo a compreensão de que um dia aquilo pode ser tirado de nós por motivos alheios ao nosso controle. Pode ser mais fácil se a gente tiver por dentro coisas que não poderão ser tomadas: as nossas virtudes.

Dentro da amplitude do desapego, descobri que precisamos nos desapegar dos pensamentos, dos maus hábitos. A gente busca às vezes no mundo externo, em terceiros, as causas das nossas desgraças e não percebe que sem querer a gente é que está cultivando aquilo que nos incomoda. Sem notar, a gente trás de volta para dentro da cabeça o pensamento nocivo, ou mesmo aquelas coisinhas que a gente pensa, aparentemente sem importância, lembranças, análises, como nós gostamos de pensar, mas que na verdade são as nossas algemas, que nos mantêm presos no mesmo lugar.

"I will not harbor negative thoughts". Eu não vou abrigar pensamentos negativos.

Assim citou Elizabeth Gilbert em seu best-seller. Um grande passo é reconhecer que esses pensamentos existem e que eles não são saudáveis. É a prática do desapego. É mais fácil a gente voltar num pensamento antigo, mesmo ruim, do que substituí-lo por um novo. A gente tem medo de criar novas complicações. Então porque deixar ir? Deixa eu ficar aqui quietinha com o meu antigo pensamento. É o que a gente sente no fundo, sem se dar conta.

Se a mente insiste em não ajudar, mesmo a gente sabendo que não quer abrigar os tais pensamentos, então vale de tudo. Vale repetir a tal frase, do "Eu não vou abrigar pensamentos negativos". Vale rezar, vale cantarolar, vale correr, fazer abdominal, lavar a louça, ler um livro, ver um filme. Só não pode é deixar ele lá, como a mesma autora tão bem apontou: como um mantra de negatividade. Então basta a nós, se não somos capazes de esvaziar nossas mentes, substituir o mantra ruim por um mantra bom. Pode ser um inventado, não precisa ser complicado. Só precisa nos fazer bem.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Métrica

Estava lendo um artigo sobre criatividade voltada para negócios e me chamou a atenção a expressão "pressão por resultado". Pensei na sua aplicação. Eu já trabalhei sob essa pressão. Então a coisa funciona mais ou menos assim: a gente tem tópicos, chamados, problemas, como queira se chamar e somos pressionados várias vezes por dia a atualizar status e resultados sobre os temas. Paralelamente relatórios são enviados diariamente, às vezes mais de uma vez por dia, mostrando a partir de referências de tempo (horas, dias, semanas, meses) quantos assuntos foram resolvidos, há quanto tempo estão pendentes.

Existem vários tipos de pressão por resultado. Dentro de vendas, de finalização de projetos, de valores em geral. Quis citar esse tipo para dar uma ideia de como a pressão age no dia-a-dia do profissional. 24 por 7 (24 horas por dia, 7 dias da semana) como se diz na área.

Devo dizer que eu consegui desempenhar bem a tarefa. Mas é algo que a gente faz por um tempo e precisa de intervalos para recarregar as energias pois é algo extremamente "drenante", neurótico.

Lembro que me peguei várias vezes, depois que conheci este tipo de trabalho, imaginando como seria se na vida a gente também tivesse métricas. Bastaria a cada dúvida ou problema pessoal a gente listar prós e contras e a partir de uma escala determinar a importância dos problemas e mesmo decidir baseado na quantidade de fatores: "até X mentiras eu consigo manter a amizade. A partir daí, fim."

De uma forma, o pensamento lógico até nos auxilia a organizar a vida. Poderia ser mais fácil decidir assim. Mas tem questões em que a métrica não funciona. Tem coisas que não são mensuráveis, nem em quantidade, nem em volume e nem em nada. Não existe referência, não existe o certo ou o errado. Existe a nossa visão em relação ao acontecimento, a nossa verdade, que serve tão e somente a nós mesmos. Então a tentativa de sistema entra em colapso e não adianta tentar aplicar o raciocínio puro. Tem que pesar também com o coração.

Foi assim que eu cheguei à conclusão de que a "pressão por resultado" embora factível, é inversa ao que nos é saudável e aos valores que deveríamos estar aplicando em nossas vidas. Pois quem mais faz números não necessariamente é melhor ser humano. Não necessariamente é quem ajuda os colegas, quem se preocupa com o bem-estar da família e da comunidade. Não necessariamente é quem ouve e sabe escolher com o coração.

Bom, com relação ao artigo? O que ele diz é justamente isso. Que a "pressão por resultado" é um fator prejudicial à criatividade e às grandes ideias. Simples assim.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O dia difícil

Esse post é para a Labelle. Eu ia escrever um comentário mas me dei conta que ia ficar tão grande que acabaria se tornando um post.

Você me disse que está evitando filmes tristes. Só que eu vou ter que citar "Precious". A narrativa do filme é no formato de pensamentos da Precious, uma garota truculenta, de pouca fala, mas com uma mente que não pára de refletir sobre o que acontece com ela, dentro da simplicidade de seu vocabulário que ela, analfabeta, alcança. Então teve uma passagem que me tocou profundamente. Ela disse:

"The other day, I cried. But you know what? Fuck that day. That's why God, or whoever, makes other days".

Fiquei pensando que não só é uma benção que os dias acabem e novos dias comecem como, de uma forma meio bizarra, os dias ruins parecem existir para que a gente consiga reconhecer os bons dias, quando eles "aparecem". A mente humana é assim. A gente identifica com facilidade as coisas ruins mas parece ter dificuldade em lembrar ou se abrir para o que é bom. Deve ser por isso que existe tanta religião ensinando a gente a ser feliz.

Bom dia! ;-)

Quotes da Precious:

http://www.imdb.com/title/tt0929632/quotes

domingo, 8 de agosto de 2010

A metade vazia

Há ditados, citações, ensinamentos que valem para quase tudo na vida. Isso é bacana mas ao mesmo tempo nos dá uma sensação excessivamente genérica por vezes. É como aquela parábola do copo, se está metade cheio ou metade vazio. Todo mundo está careca de saber que é a postura diante da vida, se a pessoa se coloca de forma positiva ou se prefere destacar os aspectos negativos.

Existem momentos em que a gente precisa ser generalista e perceber o ensinamento do copo vazio ou cheio na sua totalidade. Em outros, somos acometidos por insights, constatações que apesar de óbvias, são verdadeiras revelações que nos fazem querer, nem que seja por segundos mudar certos hábitos. São aqueles segundos em que a gente se dá conta ou relembra que numa determinada situação, a gente continua enxergando o copo vazio, mesmo que na maioria das vezes a gente já esteja conseguindo enxergá-lo cheio.

Mentes ativas, curiosas. Um mundo de idéias, lugares, livros, filmes, teorias e práticas a conhecer e dominar. O copo, eu diria, está quase que o tempo todo de metade vazio para quase que totalmente vazio....

Se por um lado existe o benefício que é o de manter a sede de aprender, uma engrenagem que nos move para cima, por outro existem momentos em que a gente precisa entender que o copo, embora nunca vá se encher de verdade, está no nível bastante adequado. É um nível elástico, que precisa ser movido para cima ou para baixo. E sempre para cima no momento em que beiramos o exagero.

Numa escala de desenvolvimento, existem sempre os que estão acima e os que estão abaixo. A gente não precisa olhar nessas direções. A gente precisa é olhar para dentro e se satisfazer com o que já foi alcançado, sem perder nunca o horizonte de vista.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Eat Pray Love


Felizmente tenho lido bastante nos últimos tempos. Digo felizmente porque deixar de ler é algo que me aflige demais. Parece que tem todo um mundo de idéias correndo lá fora sem que eu consiga alcançá-las.

Apesar de tentar diversificar a minha leitura, vou confessar que não deixo de ter uma predileção por chick-lits. Ora, que mal faz uma leitura  de entretenimento? Nem tudo precisa ser inteligente o tempo todo, né?

Mesmo assim, vale salientar que o livro que estou lendo nesse instante, "eat pray love" me surpreendeu por ter uma dose certa de profundidade. A autora confessa todas as dificuldades que enfrentou em seu divórcio, inclusive os episódios de depressão. Revela suas fraquezas e o que fez para tentar solucionar seus problemas. A partir do momento em que ela vai para a India e em seguida para a Indonésia, ela compartilha de uma forma bastante digerível uma série de ensinamentos de filosofia oriental. O livro é bem escrito e a linguagem rica e bem humorada.

Eu mesma já li livros de várias correntes espiritualistas e sempre fiquei com uma sensação de que é muito penoso atingir o tal nirvana, o contato direto com Deus. Não que não seja trabalhoso. Mas acho que existe dentro do crescimento espiritual algo de prático, que pode ser aplicado no dia-a-dia, sem que a gente tenha que raspar a cabeça e ficar cantando na rua enrolado em mantos. E é justamente isso que me agradou no livro. Apesar da autora embarcar numa viagem exótica e que envolve sim, reclusão e treinamento intensivo de meditação e yoga, fica uma sensação boa de que é possível, para quem quiser prestar atenção, conectar-se com a felicidade, com a divindade presente em nós e no mundo que nos cerca, desde que a gente se dedique e persista.

Eu recomendo que quem se interessar leia logo o livro pois o filme já saiu e deve chegar em breve ao Brasil.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Precious


Como falei anteriormente, andei numa maratona de filmes. Gosto para filmes é algo completamente particular. Eu, por exemplo, gosto dos agitados aos parados. Sou capaz de gostar dos filmes que ninguém gostou assim como de desgostar daqueles que todo mundo gostou. Não que eu seja do contra. Só queria de certa forma provar a minha teoria. O que faz a gente gostar de um filme, uma música? Momento, um aspecto isolado. Sei lá. O mesmo filme que a gente viu há anos atrás e revê numa fase diferente de vida, que decepção, já não tem o mesmo gosto. Ou aquele que a gente viu e torna a ver, puxa vida, não é que eu não tinha reparado nisso? E de repente ele passa a ter um novo sabor, uma graça, a explicação de tudo.

Entre os filmes que vi e gostei, poderia citar "Amor sem escalas" com o George Clooney, longe de uma comédia romântica como o anúncio leva a entender. Na verdade uma abordagem totalmente inusitada da crise americana e da frieza das relações profissionais de nossos tempos. Vamos lá, claro que evoluímos. Antigamente era mandar embora, deixar de morrer de fome e pronto. Hoje, tenta-se mesmo que minimamente, em ambiente um pouco mais evoluído, deixar-se uma impressão de que o ser humano por trás do empregado importa. Através de frases pré-construídas, estratégias bem boladas, que o filme tão fielmente retrata. Amei, a estética, paisagens que se entrecortam, a arte em mostrar belo aquilo que não é belo, câmeras que focam tão maestralmente olhos, sim, maestria nos olhos. Parabéns para os atores. É um filme de olhares.

Gostei também de "Um lugar para viver". Filminho despretensioso, mostra a jornada de um casal que se descobre grávido. Sabe aquele casal meio alternativo que vai vivendo a sua vidinha, o seu sonho, fazendo aquilo que gosta? E de repente questiona se a vida de sonho é suficiente para criar um filho. Realidade esmagadora de alguém que precisa criar um filho, que não se sente obrigado a seguir regras, a ter um plano de saúde, a privilegiar o estudo em instituição renomada, até que aparece um filho. Por que de fato, para pessoas com consciência, um filho muda tudo. A gente quer proporcionar ao filho tudo o que há de melhor, mesmo que a gente mesmo não tenha tido acesso a uma determinada coisa.

Tem outros filmes... Mas eu queria finalmente comentar "Precious". Eu venho fugindo de filmes extremamente tristes, vocês sabem como quem. Vou me isentar de pronunciar o nome dele. Mas dentro da minha fugaz fantasia de o mundo é belo, pausa que me dei de trabalho e das atrocidades do mundo, tenho evitado me envolver com questões negativas. Tenho passado "batido" de assassinato de Elisa, de morte de skatista e tudo o que possa se imaginar. Mas "Precious", é daqueles filmes infinitamente tristes mas que a gente não pode deixar de ver. A poesia que vem na figura de uma menina esteticamente e socialmente deformada, e quando a gente acha que nada mais pode dar errado na vida dela, ainda dá. É daquelas situações em que não se sabe explicar por que, a nossa esperança é renovada. Onde a gente, com olhos cheios de lágrimas enxerga a beleza da vida dentro do caos.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Por um mundo melhor

Faz tempo que estou devendo um pronunciamento sobre como eu desejo que o mundo seja e o que pode ser feito para fazer um mundo melhor.

Eu recebi indicações da Val de Com toda a minha alma e da Labelle de Mulher de Trinta, o que me deixou muito lisonjeada. Por isso achei por bem postar uma resposta quando tivesse algo de conteúdo a declarar. Bom, pelo menos vou tentar responder adequadamente.


A regra diz que precisamos:

  • Exibir o selo no blog e apoiar,
  • Colocar o link do blog que nos deu o selo
  • Indicar quantos blogs quiser
  • Ah! E falar sobre o tema, é claro
Queria indicar a minha amiga Pat Ferret mas acho que ela anda dando um tempo na escrita. Bom, vou arriscar indicar as "arteiras", a Mara da Creative Scrap House e a Valéria da Artes em Madeira porque elas fazem um mundo melhor criando belas obras, colírios para nossos olhos. Indico também o André do Só falta respirar que também anda sumido.

Vou correr o risco aqui de ser chamada de saudosista. Mas o mundo que eu imagino é uma mistura das coisas boas que haviam na minha infância com aquilo de bom que o progresso nos trouxe. Queria um mundo em que as pessoas pudessem caminhar tranquilas na rua, onde vizinho conhecesse vizinho, onde as crianças pudessem jogar bola até o sol se por e andar sozinhas para o colégio. Queria bolo assado em casa, jantar e conversa em família, menos carro na rua e deslumbramento com as coisas simples. Queria que computador servisse para armazenar dados, evitando desmatamento, que aproximasse as pessoas de verdade, com trocas significativas.

O que eu faria para tornar o mundo melhor? Acredito que podemos tornar o mundo melhor promovendo mudanças em nós mesmos. Se cada um se empenhar de verdade, disseminando o amor pelo próximo, agindo certo porque é certo e não apenas pelas regras, se procurarmos sorrir mais, ser mais gentis, acredito que se conseguirmos promover essas mudanças, sendo menos materialistas, menos ambiciosos, ajudando, compartilhando, isso é que vai fazer o mundo melhor. Puxa, agora além de saudosista sou piegas...

No outro dia eu estava na fila do supermercado. O supermercado havia aberto apenas um caixa que era justamente o caixa preferencial. Formou-se uma fila enorme. Ao simples sinal de que mais um ia ser aberto, praticamente toda a fila se deslocou para o outro caixa. Eu estava já colocando minhas compras na esteira quando me dei conta de que eu havia "sobrado" no caixa preferencial e que atrás de mim tinha uma senhorinha com 2 potes de iogurte na mão. Olhei para ela e felizmente "caiu a ficha". Perguntei: "a senhora gostaria de passar as suas compras antes de mim?". O olhar dela se iluminou e ela, muito simpática, me respondeu que "sim, muito obrigada!". Ela estendeu seus potes de iogurte para a moça do caixa muito delicadamente e informou: "estou aceitando a gentileza de minha amiguinha aqui". Pagou e me agradeceu mais umas 2 ou 3 vezes. E eu saí com um belo sorriso do supermercado.

Fazer o bem faz bem. Believe me!