terça-feira, 10 de agosto de 2010

Métrica

Estava lendo um artigo sobre criatividade voltada para negócios e me chamou a atenção a expressão "pressão por resultado". Pensei na sua aplicação. Eu já trabalhei sob essa pressão. Então a coisa funciona mais ou menos assim: a gente tem tópicos, chamados, problemas, como queira se chamar e somos pressionados várias vezes por dia a atualizar status e resultados sobre os temas. Paralelamente relatórios são enviados diariamente, às vezes mais de uma vez por dia, mostrando a partir de referências de tempo (horas, dias, semanas, meses) quantos assuntos foram resolvidos, há quanto tempo estão pendentes.

Existem vários tipos de pressão por resultado. Dentro de vendas, de finalização de projetos, de valores em geral. Quis citar esse tipo para dar uma ideia de como a pressão age no dia-a-dia do profissional. 24 por 7 (24 horas por dia, 7 dias da semana) como se diz na área.

Devo dizer que eu consegui desempenhar bem a tarefa. Mas é algo que a gente faz por um tempo e precisa de intervalos para recarregar as energias pois é algo extremamente "drenante", neurótico.

Lembro que me peguei várias vezes, depois que conheci este tipo de trabalho, imaginando como seria se na vida a gente também tivesse métricas. Bastaria a cada dúvida ou problema pessoal a gente listar prós e contras e a partir de uma escala determinar a importância dos problemas e mesmo decidir baseado na quantidade de fatores: "até X mentiras eu consigo manter a amizade. A partir daí, fim."

De uma forma, o pensamento lógico até nos auxilia a organizar a vida. Poderia ser mais fácil decidir assim. Mas tem questões em que a métrica não funciona. Tem coisas que não são mensuráveis, nem em quantidade, nem em volume e nem em nada. Não existe referência, não existe o certo ou o errado. Existe a nossa visão em relação ao acontecimento, a nossa verdade, que serve tão e somente a nós mesmos. Então a tentativa de sistema entra em colapso e não adianta tentar aplicar o raciocínio puro. Tem que pesar também com o coração.

Foi assim que eu cheguei à conclusão de que a "pressão por resultado" embora factível, é inversa ao que nos é saudável e aos valores que deveríamos estar aplicando em nossas vidas. Pois quem mais faz números não necessariamente é melhor ser humano. Não necessariamente é quem ajuda os colegas, quem se preocupa com o bem-estar da família e da comunidade. Não necessariamente é quem ouve e sabe escolher com o coração.

Bom, com relação ao artigo? O que ele diz é justamente isso. Que a "pressão por resultado" é um fator prejudicial à criatividade e às grandes ideias. Simples assim.

9 comentários:

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Eu, decididamente, não consigo trabalhar sob pressão! Parece que trava, não consigo me concentrar e nem as idéias fluem. O pior é que a maioria das empresas quererm pessoas que trabalhem e produzem sob pressão, ou seja, tô ferrada! kkk

bjs

Janine disse...

Lily, concordo que viver sob a pressão de metas mina a nossa capacidade criativa... eu sou empresária e por algum tempo exerci a gerência comercial, como gestora de equipe e atuando diretamente na prospecção de clientes. Confesso que a minha escolha me gerou resultados muito bons, financeiramente falando, mas em contrapartida não escrevi uma linha sequer. Hoje, como me afastei da área por escolha, resolvi criar um blog para deixar a tal criatividade correr solta... e voilá...após anos imobilizada, tenho conseguido!
Bjs e apareça por lá de vez em quando!

Lilly disse...

Pois é, Márcia. Não é fácil mesmo. A gente faz por necessidade e acaba se acostumando. Mas é uma violência...

Janine, nada melhor do que a experiência na pele para fazer a gente entender na profundidade né. Parabéns pelo blog! Continue pois te fará muito bem!

Beijos.

Labelle® Paz disse...

Eu adoro trabalhar sob pressão, adoro a correria, o ritmo acelerado, adoro um relatório......risos. O blog também me ajuda a relaxar, mas profissionalmente eu gosto mesmo é disso: metas alcançadas, desafios, reuniões e uma equipe bem afinada. Pessoalmente, as coisas para mim tendem a ser bem mais flexíveis.

Lilly disse...

Ah, Labelle, é como eu disse. Por um tempo acho até interessante. E acho que depende também do momento de vida. Sem filhos, por exemplo, pode ser algo que te mantém estimulada. Com filhos a história muda de figura, você tem quem depende de você em casa... não dá para viver somente na adrenalina porque de alguma forma isso reflete negativamente... Bom, é a minha visão.

Beijos!

Anônimo disse...

Não gosto de trabalhar sob pressao e muito menos de ser intimidada. Quanto à cobrança vinda " de cima" confesso que não acredito em cobrança "por resultados" em área de saude, ou educação, e afins.
Medicina é ciência biologica e não exata. O fato de vc receitar o remédio correto,e aconselhar o paciente corretamente não significa- infelizmente- que o organismo dele vá responder ao tratamento, ou que o paciente vai seguir sua orientação- sem contar fatores como miséria, analfabetismo( inclusive o funcional, que impede a pessoa de ler e entender uma receita médica), más condições de habitação e saneamento básico que com certeza interferem no processo de saúde ou de adoecimento do individuo.Se fosse simples em medicina, se fosse tudo preto no branco, não precisaria de faculdade, nem de estudo, era só fazer um curso de memorização ou clicar no google para saber qual conduta tomar...
Então não acredito em " meta por numero de consulta"( pq o que importa é a qualidade e não a quantidade de atendimentos); não acredito em " meta de abaixar a moartalidade infantil"( por tudo o que expliquei aí em cima), asism como não sou professora e tbem não entendo " meta de melhorar a nota ou diminuir a repetencia", já que se o professor quiser, pode dar a nota que bem entender, pela cara do aluno e " tá resolvido", entre aspas, a meta e o problema. A questão da area de educação é melhorar as condiçoes de trabalho e de salario dos profissionais.Fazer a diferença é só pra quem gosta mesmo, quem tem paixão pelo trabalho, e quem tem o minimo de estimulo para poder criar algo sem ser massacrado. E não me venha o Serra com essa babaquice de que ' professor ganha bem,', pq duvido que ele fosse querer trocar de salario com um professor. Quando tiver o proximo debate, dá vontade de ligar e perguntar isso rpa ele no ar, pra ver o que ele responderia...

bjs!!

Labelle® Paz disse...

Sim, Lilly, é esse o ponto! Tudo é fase, então enquanto adio a maternidade, encaro minha vida profissional com toda a pressão que vier, numa boa, sem maiores grilos ou conflitos. Com um pequeno a tiracolo, tenho certeza de que as prioridades serão outras completamente diferentes.

Lilly disse...

Val,

A-D-O-R-E-I.

É isso aí.

Beijos.

Lilly disse...

Pois é, Labelle. A Val colocou um ponto a ser considerado, que chega mais ou menos onde eu queria chegar. Métrica em Telemarketing, por exemplo, pode fazer algum sentido. Já em Saúde pode ficar mais delicado, e por aí vai... A sensação que eu tenho é que a falta do bom senso na utilização da métrica acaba nos levando a relações menos humanas. Talvez o cliente ficasse mais satisfeito se o atendente tivesse mais calma para tratar dos casos, assim, o número de chamados também cairia pois muitos chamados são encerrados pelo atendente mas dias depois um novo é aberto porque a solução não foi definitiva...

Beijos!