terça-feira, 3 de agosto de 2010

Precious


Como falei anteriormente, andei numa maratona de filmes. Gosto para filmes é algo completamente particular. Eu, por exemplo, gosto dos agitados aos parados. Sou capaz de gostar dos filmes que ninguém gostou assim como de desgostar daqueles que todo mundo gostou. Não que eu seja do contra. Só queria de certa forma provar a minha teoria. O que faz a gente gostar de um filme, uma música? Momento, um aspecto isolado. Sei lá. O mesmo filme que a gente viu há anos atrás e revê numa fase diferente de vida, que decepção, já não tem o mesmo gosto. Ou aquele que a gente viu e torna a ver, puxa vida, não é que eu não tinha reparado nisso? E de repente ele passa a ter um novo sabor, uma graça, a explicação de tudo.

Entre os filmes que vi e gostei, poderia citar "Amor sem escalas" com o George Clooney, longe de uma comédia romântica como o anúncio leva a entender. Na verdade uma abordagem totalmente inusitada da crise americana e da frieza das relações profissionais de nossos tempos. Vamos lá, claro que evoluímos. Antigamente era mandar embora, deixar de morrer de fome e pronto. Hoje, tenta-se mesmo que minimamente, em ambiente um pouco mais evoluído, deixar-se uma impressão de que o ser humano por trás do empregado importa. Através de frases pré-construídas, estratégias bem boladas, que o filme tão fielmente retrata. Amei, a estética, paisagens que se entrecortam, a arte em mostrar belo aquilo que não é belo, câmeras que focam tão maestralmente olhos, sim, maestria nos olhos. Parabéns para os atores. É um filme de olhares.

Gostei também de "Um lugar para viver". Filminho despretensioso, mostra a jornada de um casal que se descobre grávido. Sabe aquele casal meio alternativo que vai vivendo a sua vidinha, o seu sonho, fazendo aquilo que gosta? E de repente questiona se a vida de sonho é suficiente para criar um filho. Realidade esmagadora de alguém que precisa criar um filho, que não se sente obrigado a seguir regras, a ter um plano de saúde, a privilegiar o estudo em instituição renomada, até que aparece um filho. Por que de fato, para pessoas com consciência, um filho muda tudo. A gente quer proporcionar ao filho tudo o que há de melhor, mesmo que a gente mesmo não tenha tido acesso a uma determinada coisa.

Tem outros filmes... Mas eu queria finalmente comentar "Precious". Eu venho fugindo de filmes extremamente tristes, vocês sabem como quem. Vou me isentar de pronunciar o nome dele. Mas dentro da minha fugaz fantasia de o mundo é belo, pausa que me dei de trabalho e das atrocidades do mundo, tenho evitado me envolver com questões negativas. Tenho passado "batido" de assassinato de Elisa, de morte de skatista e tudo o que possa se imaginar. Mas "Precious", é daqueles filmes infinitamente tristes mas que a gente não pode deixar de ver. A poesia que vem na figura de uma menina esteticamente e socialmente deformada, e quando a gente acha que nada mais pode dar errado na vida dela, ainda dá. É daquelas situações em que não se sabe explicar por que, a nossa esperança é renovada. Onde a gente, com olhos cheios de lágrimas enxerga a beleza da vida dentro do caos.

5 comentários:

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Já assisti todos que você citou, menos Preciosa, justamente por não ter tido coragem de enfrentar o filme e chorar o tempo todo. Admito, saiu correndo de filmes assim, porque sei que vou sair de olhos vermelhos de chorar, mas, como você descreveu me deu vontade de assistir. Vou vê-lo e comentar contigo.
bjs

Lilly disse...

Legal!! Eu costumo fazer isso com a Beth. Na maior parte das vezes ela costuma ver os filmes antes de mim. Então quando eu consigo assistir, comento algo no post dela. Adorei a idéia!
Beijos.

Anônimo disse...

Lilly,
Sou amante do cinema e ao contrário de vc, prefiro os filmes mais calmos, mais reflexivos.
Gosto dos detalhes, das mensagens nem sempre tão explícitas e de saborear os diálogos, paisagens. Enfim, gosto de filme que me faz pensar e pensar. mesmo depois de visto.
Gostei muito de Precious. Lindíssimo, embora triste na mesma proporção.
Amor sem Escalas também é muito bom. A história como um todo é bem conduzida e a questão de que nem sempre as mulheres são enganadas pelos homens (o contrário também e verdadeiro!) é muito bem colocada.
BeijO*

Lilly disse...

Amélie,
eu não me expressei muito bem. Eu também sou mais fã dos filmes calmos. Mas de vez em quando tem os agitados que também me agradam. Na maior parte do tempo busco opções no circuito alternativo...
Beijos!!

Labelle® Paz disse...

Eu definitivamente estou numa fase em que fujo de dramas e tudo o que pode me fazer refletir demais. Tenho dado mais atenção às comédias românticas, aos filmes de meninos [sim, aqueles de super heróis e policiais], aos filmes de aventura e chego a passar pelos filmes de horror, mas drama, não dá. Nem assisto mais aos jornais na tv, e só não fico alienada full time porque não me permito, mas quero distância de tristeza. Me faz mal, me dói o estômago, me causa estresse. Adorei Amor Sem Escalas por tudo! [e confesso que não dava nada por esse filme].