Eu escuto e profiro a frase constantemente "quero ser melhor, quero evoluir". Mas o que é a evolução de verdade?
Para mim a evolução implica em alguns fatores macro como ser mais generosa, estar mais contente com a vida, ser mais gentil comigo mesma, aprender sempre e mais. Minimizar o orgulho e o egoísmo. E daí derivam várias outras resoluções menores, mais aplicadas ao cotidiano, que eu creio serem necessárias para atingir os objetivos maiores.
Existe portanto um padrão pessoal dentro do conceito de evoluir. Como tudo na vida, é relativo. Então quem é severo demais consigo mesmo tenta ser mais indulgente. Quem é eloquente demais e expõe o desnecessário, procurar falar menos. Fica até temeroso às vezes a gente escrever sobre um determinado tema e atingir o público errado. Como no post anterior em que eu falo sobre pequenos sonhos, pequenas concessões. De repente a pessoa já está sofrendo com alcoolismo ou com a dificuldade em manter uma dieta alimentar e se sente autorizada a enfiar o pé na jaca, só porque se falou em pequenos prazeres diários.
Chego então no ponto mais difícil: como saber quando a gente realmente precisa mudar? O que precisamos exatamente mudar? Enxergamos nos outros coisas que eles precisam mudar mas não mudam. Coisas que não precisam ser diferentes mas em que o outro insiste em mudar. Tem os que pensam constantemente em mudar, para melhorar, e aqueles para os quais visivelmente as coisas não funcionam mas eles nem se preocupam, continuam agindo de forma autodestrutiva. E pior, será que o outro precisa mudar mesmo? Será que a mudança que a gente propõe é o que ele precisa ou a gente não está querendo de uma certa forma satisfazer um gosto ou uma regra pessoal?
Pouco podemos fazer fora de nosso contexto. Quando entendemos que mudanças são possíveis dentro de nós mas podem ser pouco factíveis nos outros se a outra parte não quer mudar, tiramos um peso do ombro. Vale o otimismo, vale continuar tentando altruisticamente, não podemos abandonar nosso papel de educadores (afinal com filho acho que a história é diferente pois existe a responsabilidade ímplicita ao papel), mas não podemos calcar as nossas maiores expectativas nas mudanças dos outros pois estamos fadados à decepção agindo assim. Existe até, me ocorreu agora, quem deixa de se perceber por buscar o tempo todo a mudança nos outros. Quer tanto corrigir o que está em volta que não conclui que a mudança necessária, na verdade, é em si próprio.
Então volto à pergunta: como saber o que mudar em nós? Ajuda a auto-observação. Analisar fatos e consequências e tentar mudar padrões. Mas tem um grande detalhe que descobri recentemente: mudar para o oposto do que a gente é ou querer fazer a mudança de forma radical não gera bons resultados. É como li no outro dia: a gente pode até se manter num estado de negar uma determinada característica, certo comportamento, mas isso não implica na mudança verdadeira. Torna-se repressão. E não é bom ficar reprimido pois em algum momento o caldo entorna. Não podemos nos violentar e decidir ser exatamente o oposto do que está na nossa essência. O tímido não precisa se tornar o mais popular do colégio, ninguém precisa falar com todo mundo, desde que quando a gente fale, que seja de valor, que seja generoso. Então podemos, por exemplo, agir de forma menos tímida dentro de nosso espectro. Dentro do que a gente alcança. Mudanças menores que nos dão fôlego para tentar outras e assim sucessivamente.
Quem disse que é fácil? Não é fácil para ninguém. Estamos todos em busca de algo. Com mais ou menos acertos. Estamos todos vivos e passíveis de escolhas. Não é fácil mas não é ruim. E não parece que o fácil, às vezes perde a graça?
3 comentários:
Oi Lilly,
teus textos sempre me deixam assim, pensativa. Realmente evolução tem muito a ver com o que a pessoa almeja, o que é evolução prá mim pode não ser para outra pessoa. E prá mim eu preciso evoluir de dentro prá fora, tentar ser uma pessoa melhor para que o fora aconteça... acho que compliquei o negócio kkkk
É mais ou menos isso, preciso evoluir muito!
bjs
Nossa, adorei isso: "E prá mim eu preciso evoluir de dentro prá fora, tentar ser uma pessoa melhor para que o fora aconteça". É uma abordagem que eu não tinha pensado.
Que bom, se faz pensar é porque ajuda, eu acho.
Beijos!
E não seria esta a grande questão filosófica de todos nós? Isso implica auto conhecimento, bom senso, maturidade, sensibilidade...temos uma vida inteira para evoluirmos e para provocar as pequenas mudanças necessárias... às vezes dói, não acha? Mas que o resultado seja positivo, afinal, a idéia é essa! Excelente post, Lilly... gosto bastante dos seus textos! Bjs!
http:// impressoesminhasimpressoes.blogspot.com
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