quarta-feira, 13 de maio de 2009

Insegurança

Certa vez eu tive um amigo muito especial. Tínhamos em comum o bom-humor e a música. Após horas e horas de conversa, uma coisa levou a outra, um convite para um sábado à noite e começamos a namorar.

Em pouquíssimo tempo de namoro, um desentendimento. Um final de semana perdido, algo a ver com ele ter que ir à opera com os pais. Comunicação truncada ao telefone, traumas passados rondando. Em cima de meras suposições concluí que não havia nada a fazer senão terminar.

Minha pressa foi tanta com a minha pobre conclusão, baseada em pouquíssmos fatos reais e muita imaginação que não consegui me conter. Num ímpeto peguei o telefone de volta e terminei em poucos minutos algo que havia sido construído ao longo de alguns meses. Terminei aparentando frieza quando o sentimento era puro medo.

Feita a besteira, chorei. Chorei nos dias que se seguiram e por pelo menos mais um ano lamentei a perda, a precipitação. Algumas vezes pensei em me desculpar, em voltar atrás. Mas o medo não me permitiu. Eu me deprimi, bombei em matéria na faculdade, rejeitei outros amores.

Acho que foi depois desse ano inteiro, só depois que consegui superar a experiência, que concluí que não poderia nunca mais deixar de viver uma emoção por pura insegurança, por orgulho. Medo de ser rejeitada, de levar o "pé" primeiro. Eu me prometi experimentar sem medo o que me fosse oferecido de interessante. Enquanto valesse a pena, enquanto houvesse algo a agregar. E o mais importante de tudo: eu me prometi nunca mais basear as minhas conclusões em hipóteses. Em histórias imaginadas, monstros particulares. Prometi que a partir deste dia, tomaria decisões mais acertadas, baseadas em análises mais demoradas de fatos concretos, combinando o resultado com a constatação do que fosse importante para mim, pelo seu valor essencial, despido de orgulho fútil.

Em toda relação existe a soma e a subtração. Os valores são ponderados. Cada característica recebe seu peso no cálculo da média. Se os fatores de redução do equilíbrio não podem ser mudados, não há o que fazer. Sim, por insegurança cometemos erros terríveis. E é por isso que não me permito mais me dominar por ela.

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