segunda-feira, 27 de abril de 2009

Sobre a paixão


Faz tempo que ando querendo escrever um post. Mas não me senti nem no momento e nem na organização suficiente para isso.


Eu sempre me perguntei, desde longa data, o quanto o amor e a paixão são algo natural do ser humano ou se são característicos da nossa cultura; algo que a gente aprende desde cedo, culpa dos autores românticos que surgiram e se mantiveram vivos até os dias de hoje. Canção de amor, história de amor, a gente ouve tudo isso e começa a sonhar acordado com o dia em que o grande amor vai acontecer.

A gente sonha com um amor romântico e acaba projetando desejos e ansiando por alguém que irá resolver a nossa vida, que irá nos resgatar e tornar tudo mais colorido. E isso faz com que a gente cometa erros terríveis, penso eu. Porque ao passar a responsabilidade da nossa alegria para outra pessoa, a gente acaba anulando o que de verdade importa para nós e passa a viver expectativas dos outros e não as nossas.

Ao me dar conta disso foi que comecei a desacreditar do amor romântico. Exatamente daquele pelo qual eu tanto ansiei no passado. Porque eu percebi que a gente tem na verdade é que gostar de si próprio. E que gostando da gente é que passamos a enxergar a vida mais colorida e a nos tornar mais interessantes para os outros. Interessantes de verdade porque mostramos as nossas reais qualidades. Foi então que passei a ansiar por um amor funcional. Um amor que me completasse nas vontades que eu descobri serem as minhas, verdadeiras.

Só que sonhando com o amor prático, com aquele que vai se encaixar de verdade naquilo que eu espero da vida, voltei à mesma dúvida. Fico observando as pessoas, as situações. Fico lembrando de coisas que aconteceram no passado. Existe algo intrínseco nas pessoas que faz com que num momento elas passem da indiferença à atenção. É quando passam a enxergar uma determinada pessoa com um olhar diferente. Algo que não pode ser definido. A forma como um cabelo cai para determinado lado, um olhar, a paixão com que se fala sobre determinado assunto. Cheiro, feromônio, sei lá o que. Mas parece que algo torna a máxima (seria de Mário Quintana?) que "apaixonar-se é inevitável", verdadeira. E não existe fórmula. Pode ser amor à primeira vista, amigos de longa data, um gostar que vai aparecendo aos poucos. O interessante é que ele aparece e às vezes de onde menos se espera, nas situações mais inusitadas e improváveis.

De repente uma pessoa que antes nem existia passa a ser o centro dos pensamentos e do desejo. Vontade de agradar e de estar junto. Percebe-se o olhar que se perde nos momentos de introspecção e que brilha quando a pessoa entregue, nos conta do outro. E o medo de não ser correspondido, as "borboletas no estômago", a sensação de queda-livre, sem saber se lá embaixo haverá um colchão aparador ou o chão que destroçará tudo. Montanha-russa, alegria e angústia, um turbilhão de emoções.

Fiquei olhando para isso tudo e pensando que no fim não importa. Se foi aprendido ou se é do instinto, melhor é se entregar à paixão de viver. Amar a si e ao outro, descobrir o que há de bom na vida a ser vivido. Poucos morreram de verdade de amor. E no fim, não há quem não lembre com saudades de uma grande paixão, seja ela correspondida de verdade, ou não.


7 comentários:

Felipe disse...

Olha... medo e o que eu menos tenho! Juro que queria quebrar a cara mil vezes. O problema é que eu nao me apaixono fácil... :(

Beth Blue disse...

Vixe, este seu post dá pano pra mangas, viu? E eu vou começar dizendo que o mal do século é este mito do amor romântico...amor é amor e pronto. Com momentos bons e ruins como tudo na vida. Não tem essa de príncipe encantado no cavalo branco. E muito menos e viveram felizes para sempre(OK, eu nunca fui romântica).

Outra coisa é que a gente deve ter cuidado pra não confundir amor com paixão...duas coisas bem diferentes! Eu particularmente acho que se apaixonar é muito mais fácil do que amar de verdade.

Beth Blue disse...

Fiquei olhando para isso tudo e pensando que no fim não importa. Se foi aprendido ou se é do instinto, melhor é se entregar à paixão de viver. Amar a si e ao outro, descobrir o que há de bom na vida a ser vivido.


Concordo plenamente! ;-)

André Lima disse...

Não tenho dúvidas de que é inevitável. Mas, sei lá... somos todos muito inábeis! Mal sabemos o que fazer com isso, não é um prêmio.

Paulo Tamburro disse...

Você é uma profissional, minha amiga.Pé na jaca e não deixe nunca de escrever.

Escrever é igual a ginástica, se você pára doi o corpo e engorda.

Muito bom o seu texto.

Um abração carioca.

Lilly disse...

Obrigada pela visita e pelo elogio, Paulo. Volte sempre!

Abraços cariocas pra vc tb!

Isabella disse...

Oi Lilly, cheguei aqui pela Beth. Tb adoro scrapbooking e até me aventurei a ter meu negócio próprio - http://www.alacarteps.com
não vivo disso mas bem que gostaria : )

Gostei muito do seu texto e casei "tarde", com 36 anos, crente q estava num relacionamento duradouro, onde ambos eram maduros e tinham amor próprio. Mas nem tudo são flores... Depois de 5 anos, ele desencantou... Então o tal amor romântico é balela pra vender mais! Eu quero gente resolvidad e pé no chão. Será que ainda existe?

bjs