Eu fico lendo as histórias do Felipe e morrendo de rir. Fiquei pensando sobre as piadas e as brincadeiras que eu sempre fiz e diria que o meu estilo é totalmente diferente, é um estilo muitíssimo mais sutil. É a tal coisa, questão de estilo. O que não quer dizer que eu não ache outros estilos engraçados também.
Fiquei tentando lembrar de alguma brincadeira mais radical que eu tenha feito no passado. Aí lembrei de uma historinha que não vai fazer nem cócegas perto das do Felipe, é até bonitinha.
Tinha um cara que estudava comigo no 1o. ano do segundo grau, o J. Ele era estrangeiro, acho que morava no Brasil havia alguns anos. Pat Ferret não tem a melhor das memórias mas vai lembrar dele, eu acho.
J. era um cara que sentava na primeira carteira do meio da sala e prestava atenção em tudo o que o professor dizia na aula. Fazia perguntas durante a aula e depois da aula ficava batendo papo com os professores. J. era CDF e um pouco mala.
Eu me sentava no meio de uma fileira do canto, me sentia meio excluída porque era nova no colégio, achava tudo muito chato, tinha amigos "vadios" e passava muitas aulas jogando batalha naval com a menina que sentava atrás de mim. Eu também era CDF mas era um tipo mais largado de CDF.
Um belo dia, J. deu para se aproximar de mim. Até que ele tinha bom papo. Contava umas coisas da terra dele e me dizia que gostava de escrever poesia. Ele me mostrava umas poesias dele e eu (apesar de nunca ter gostado de ler poesia), achava que algumas era realmente muito boas.
Eu não lembro exatamente como começou a história. Acho que foi porque ele transcreveu uma poesia numa folha de caderno e me deu. Eu fiquei bastante constrangida mas aceitei a poesia e guardei.
Eu tinha uma grande amiga que era exímia escritora. Ela lia muito, desenhava e gostava de mais estilos literários do que eu. Eu a conhecia do curso de inglês e ela morava a uma quadra de casa. Muitas vezes eu chegava em casa, tomava banho, almoçava e me debandava para a casa dela.
Naquele dia, obviamente, levei a poesia. Minha amiga nem bem começou a ler e disse:
- Mas isso aqui é de Fernando Pessoa, porra!
Caímos numa gargalhada sem fim. Naquela época, qualquer coisinha era motivo para a gente ter ataques de riso.
A minha amiga era bem mais maldosa do que eu. Dar de presente uma poesia de Fernando Pessoa manuscrita como se fosse de autoria própria nos pareceu algo digno de vingança, de receber uma lição.
Foi então que começamos uma troca de cartas com J. Escrevemos uma carta apaixonada para ele (essa sim, de autoria própria, com direito a versinho e tudo). Eu cheguei no dia seguinte no colégio e contei para o J. que uma amiga tinha gostado do poema dele e que como ela também gostava de escrever, quis se corresponder com ele.
As cartas continuaram. E quanto mais J. se empolgava, mais apaixonadas eram as respostas. Até que pensamos no golpe final: marcar um encontro. Minha amiga tinha um desafeto. Uma amiga que havia lhe roubado o namorado. A ladra de namorados era bastante bonita. Adicionamos a foto da menina na carta seguinte e estava pronta a isca.
J. ficou louco. Queria marcar o encontro. Pensamos no lugar, no horário, em tudo. Eu não podia ir espiar, muito arriscado. Naquela época a cidade era mais vazia, ele poderia me ver. Minha amiga com outra foram lá olhar.
Mas J. não apareceu. J. amarelou.
No dia seguinte, no colégio, perguntei a J. o que tinha acontecido. E ele cabisbaixo me respondeu: - Não sei, não tive coragem.
E foi assim que terminou a história de J. História de mentira, vivida em carta e sem final feliz. Como muitas histórias por aí. A vingança ganhou um ar de melancolia.
As cartas foram guardadas. Minha amiga ficou com elas. J. continuou meu "amigo" mas nunca mais falou no assunto. E no final do ano, J. voltou com os pais para o país de origem. As amigas da Pat, que eram amigas mais verdadeiras do que eu, ainda falaram com ele por carta (naquela época não havia e-mail) mas eu nunca mais soube de J.
13 comentários:
Virgem Santa! Não faço a MENOR idéia de quem é o J. Mas vc sabe bem que minha memória é um lixo - até já desabafei a respeito no blog.
Agora, diabolicazinha, vc, hem? Qdo morrer, São pedro terá muito a lhe perguntar... Rsrsrsrsrs
Eu posso nem me lembrar direito dos detalhes dessa época, mas sei que nunca aprontei uma dessas... Só fui "encapetar" depois de velha! Rsrsrsrs
Algumas linhas de MSN e a memória foi no detalhe né?
Não se esqueça do fato de que ele se utilizou de FERNANDO PESSOA para tentar iludir o que ele achava que era uma inocente adolescente de 15 anos. Coitado, não sabia onde estava se metendo... ;)
Eu sei quem é, tô orgulhosa da minha esperteza. Achava ele muito chato, acho q nunca parei par conversar. Mas dar um poema de Fernando Pessoa, mesmo com mentirinha, vale perdão.
Cacau, agora tô boba. Jurava que você era super amiga dele. Lembra daquela festa à fantasia? Tinha uma foto histórica, eu com uma teia de aranha no ombro... kkkkk bem que vc podia resgatar essa foto... bjs.
Voce conhece a Pat???? Que maneiro!!
"Isso é Fernando Pessoa porra"
hahahahaha
Ri muito aqui! Que maluco fdp!
Viu, J não era tão vadio assim. Não teve coragem de encontrar a menina!
Beijocas
Ah... eu era sutil sim vai!rs
Conheço sim, Felipe. Nós estudamos juntas!
bjus!
Não éramos amogos... Agora me veio uma vaga lembrança dele sentado à minha frente, me encarando com uma caa de bobo sem falar nada.
Ah, pode deixar que vou resgatar a foto! Ele estava na festa?
Lilly, minha amiga divorciada,
Prazer em conhecer!!!! Obrigada pela visita e vamos trocar figurinhas. Inclusive sobre sugestões de posts, hahaha!!!
Hoje escrevi sobre casamento, by the way.
Beijão,
Bela - A Divorciada
alguém era amiga dele. Acho então que era a S.F.! A festa foi no playground do prédio dele, queria dizer o nome da rua mas já não lembro mais, tô esquecendo tudo do Rio... é uma rua que vai subindo e tem um clube lá no final.
bjs!
Oi Bela!
Muito obrigada pela visita. Vamos nos falando sim!
Beijão.
Uruguai?
Isso mesmo, Cacau.Eu até pensei nesse nome mas não quis arriscar...
bjs!
Não me lembro onde foi a festa, só da gente se arrumando na Pat.
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