segunda-feira, 30 de março de 2009

Sobre a permanência do amor

As pessoas insistem em justificar e a querer quantificar o amor. Principalmente quem olha de fora.

É comum e aceitável dizer: "ontem eu senti medo, agora me acalmei e já não sinto mais".

Por que não seria normal dizer: "ontem eu não amava, hoje eu me encantei e amo".

No amor, assim como na religião, parece haver um conjunto pré-estabelecido de regras. Para a religião, existe a bíblia. O ritual. Para o amor, existem regras não escritas nas quais as pessoas inconscientemente se baseiam ao julgar (veja que feio) uma situação. Porque amor tem que ser para sempre e precisa de motivo, ao que parece. Como a gente ouve às vezes a pessoa dizer: "a fulana não pode amar o beltrano porque ele é errado para ela. É carência".

"Hoje eu levei uma fechada no trânsito e senti raiva" - afirmativa correta, as pessoas diriam.

"Hoje eu olhei umas crianças brincando e senti amor" - afirmativa incorreta, se apressariam em explicar. Porque amor não é isso, não se sente em segundos, não acaba. Ele tem uma hora para começar e não pode acabar nunca.

Não consigo deixar de me indagar porque as pessoas precisam classificar sentimentos. O que se sente é o que se sente e ninguém tem nada com o que vai no coração das pessoas. A não ser, é claro, que o sentimento se ligue ao sentimento de outra pessoa. E neste caso, eu diria, interessa tão e somente aos dois.

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