domingo, 29 de março de 2009

Sem Palavras

Eu andei quieta esses dias.













Quando ficamos muito tempo esquecidos de nós mesmos, temos a tendência de querer buscar num primeiro momento essa essência de volta desenfreadamente. Como cachorro preso, a gente sai sem direção. Se junto com essa euforia sentimos dor, o resultado pode não ser bom. Pode ser catastrófico, eu diria. Porque a gente pode se utilizar de válvulas de escape que no lugar de ajudar, apenas mascaram a dor que a gente sente. E pior do que tudo, podem nos levar à direção contrária do que a gente quer.

Ainda bem que de tempos em tempos somos forçados a pausas para reflexão. E no meio dessas pausas, a gente acaba olhando para as coisas com mais sobriedade. A gente para para avaliar aquilo que foi realmente crescimento e o que foi dano. Ouve as pessoas. E recebe a bênção de contar com pessoas que trazem de volta à gente o que há de melhor em nós.

No outro dia eu acordei, depois de meses de sofrimento e me senti melhor. Isso aconteceu porque eu tive um vislumbre de volta da pessoa que eu era, que andava meio perdida dos seus sonhos e das suas convicções. Eu recebi algumas ajudas, isso é verdade. Mas isso não tira o mérito da minha alegria. Porque a gente recebe ajuda por algum motivo.

Em seguida, eu senti vergonha. Senti vergonha de me desviar do meu caminho, de deixar de acreditar. Lamentei vários atos. Mas eles ficarão lá para sempre, para não deixar que eu esqueça daquilo que me faz bem ou mal. Foi uma vergonha bem mais profunda do que a que eu descrevi no dia em que quase me envolvi no acidente. Mas de certa forma, elas, as vergonhas, têm relação porque em ambas as situações, tive testemunhas que assistiam enquanto eu quase me quebrava de vez.

Pena é que as pessoas não estejam preparadas para a nossa recuperação. As mesmas pessoas que nos estendem a mão, as retiram por incapacidade de assimilar a mudança. Junte-se a isso inseguranças íntimas, talvez. E muito provavelmente o deixar-se dominar por opiniões alheias, contaminadas por preconceitos próprios. Sim, porque nem sempre o que a gente escuta aparentemente com a intenção de ajudar, é para ajudar realmente. As pessoas às vezes dizem coisas aos outros com um tom de amizade, mas podem misturar nessa ajuda um tanto de interesse próprio ou ciúme que acabam tornando a intenção desprovida de sinceridade e portanto envenenando no lugar de enriquecendo.

Sim, eu sou muito sensível. Eu percebo as coisas. Eu pressinto ações de terceiros a minha volta. Eu entendo as motivações humanas. Mas eu também acredito que aquilo o que as pessoas fazem que causa dano, uma hora outra acaba se revelando por si só. É necessário separar o joio do trigo.

Mas como eterna melacólica porém otimista que sou, acredito que o momento de clareza vem para todos. Se veio para mim, também vem para as outras pessoas. Eu acredito que no momento certo, livre de interferências negativas e preconceitos, todos estamos preparados para enxergar o nosso valor próprio e o dos outros e trilhar um caminho de alegria, trazendo para nós as experiências e as pessoas que nos fazem bem.

4 comentários:

André Lima disse...

"inseguranças íntimas..."

Nossa Lilly! Que ousadia!

Lindos demais, esses negócios que dissestes. Ja me conheces um pouco para saber o quanto tenho de cominhão com estes sentimentos. Você foi longe neste texto.

Um pouco à oeste de tudo que acontece, "eis aí a eternidade" - ou coisa parecida - disse uma tal de Emily Dickinson.

Abraço

Lilly disse...

Ai André, que boa a sua visita. Eu andei meio sem inspiração. Mas a produção que vem da dor sempre traz algo de bonito. Um dia desses recebi um poema da Emily Dickinson, veja que coincidência...

beijos.

Raphael disse...

Não posso deixar de comentar sobre a foto que colocaste no post.
Trata-se da pirâmide do sol vista da pirâmide da lua em Teotihuacan - Mexico.
Tive o prazer de ter essa vista ao vivo.
O significado de Teotihuacan é "o local onde os homens se tornam deuses".
somente para registro
Bjs
Rapha

Lilly disse...

É Rapha... eu sei... ;)
Mas não sabia que o significado era esse...
bjs!