domingo, 11 de janeiro de 2009

Caminhada

Acordava todo dia às seis da manhã. Tinha que entrar até as sete. Controlando os bocejos se vestia, separava alguns livros que havia deixado fora da mochila no dia anterior. Se fazia frio, vestia um casaco. Na vitrola, Legião Urbana: "Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou mas tenho muito tempo, temos todo o tempo do mundo".

A caminhada não era tão longa; algumas vezes se juntava a umas colegas mais velhas. Outra vezes, seguia sozinha. Direita, esquerda, atravessar a avenida larga. Essa é perigosa, precisava tomar cuidado. Seguia mais um pouco em frente.

Quando virava na rua do colégio, algumas casas depois da esquina tinha um prédio. Já naquela hora, tão cedo, ouvia o som vindo da janela. Não saberia dizer exatamente qual era o conjunto. Nenhum do qual fosse fã. Mas o som lhe agradava. Rock progressivo. Naquele exato trecho da rua, diminuia um pouco o ritmo de seus passos, insconscientemente, prolongando por mais alguns momentos o deleite musical. Quem ouviria aquela música? Algum garoto interessante.

"Estou quase chegando lá", pensava. "Que vontade de matar o primeiro tempo. Será que o irmão Bruno deixa eu sair hoje?".

Se a aula estivesse chata, lia. Escondia o livro debaixo da carteira e lia. Alheia ao movimento em volta, ao professor, ao sinal do intervalo. Simplesmente lia, até acabar.

3 comentários:

Cacau! disse...

Lilly,vc lembra de tantas coisas, eu esqueci um monte... Na festa de 20 anos não lembrei de mta gente q falou comigo, será o Alzheimer?

Lilly disse...

Acho q as pessoas lidam de forma diferente com a memória. Alguma pessoas são mais seletivas: se não serve jogam fora. Eu lembro de tudo mesmo. Até do que preferia esquecer!!

Cacau! disse...

Obrigada pelo consolo! Vou me considerar seletiva! Mas geralmente aquilo q gostaria de esquecer eu lembro...