segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Professor cuca fresca

Eu sempre fui boa aluna. Não me classificaria como cdf ou nerd mas boa aluna. Eu odiava física e química. Estudava por pura obrigação. Mas no resto ia muito bem.

Entrei para uma faculdade de Tecnologia. O primeiro semestre foi um baque. Choque cultural, adaptação com a instituição, estilo das aulas. Tudo diferente. Fora isso, tinha o fato de que eu havia passado uns 8 meses em casa, curtindo academia e praia pois o meu curso só iniciava no segundo semestre. Então havia um certo embotamento mental para ajudar a dificultar a história.

Havia matérias parecidas com o que eu já havia estudado no colégio e outras muito diferentes de tudo o que eu já havia vivenciado. Criar conceitos. Lógica. Uma das matérias era fundamentalmente lógica de programação aprendida através de uma linguagem de programação. Eu entrava na aula e aquilo tudo me parecia muito estranho. O professor falava e eu entendia pouco. Na verdade, fui entender mais tarde que é daquelas coisas que dependem de um clique. Num momento você não entende nada. Depois vem a luz e tudo fica muito claro.

O professor tinha um estilo todo pessoal de dar a aula. Ele falava de lógica de programação como quem fala de algo transcedental. Dava uns exemplos curiosos, a forma como ele movimentava o corpo era toda particular. Parecia um iogue, um naturalista. E na verdade ele era mesmo.

Eu ia muito mal na matéria. O clique ainda não tinha chegado. Quanto mais eu queria entender, menos eu entendia. Várias pessoas na minha turma estavam passando pelo mesmo drama que eu. Não sei como surgiu a idéia. Mas o professor nos prometeu, além de uma aula de reforço na matéria, que na véspera da prova faria uma sessão de meditação.

Minha faculdade ficava num local privilegiado do Rio de Janeiro. Micos e todo tipo de aves e animais silvestres passeavam pelo local. Havia matas tropicais, ar úmido de verão. Entramos na mata, um grupo de aproximadamente 10 pessoas seguindo o professor. Seguiu-se um momento esotérico. Não lembro exatamente como foi. Lembro apenas que estávamos num local onde havia uma pequena ponte, que ele foi nos dando instruções e que ficamos em círculo. Foi uma experiência de paz, bastante relaxante.

Eu bombei. Sim, bombei feio. Fiz meditação mas bombei. Minha nota foi péssima, pior do que as anteriores e eu tive que repetir a matéria. Eu estudava por sistema de créditos. Haveria um prejuízo mas nem tanto pensando que eu podia ir seguindo as outras matérias que não dependiam daquela. O pior de tudo foi trabalhar com a derrota, o fracasso para uma pessoa que nunca havia perdido nada.

Lembrei dessa historinha quando ontem, conversando a respeito de religiões com uma amiga, descobri que ela conhecia o meu professor. Não pela faculdade de tecnologia, até porque a formação dela é outra, mas porque atualmente ele é uma autoridade numa área de estudo religioso.

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