Eu fico muito chateada quando penso em citar um filme mas não consigo lembrar do nome dele e nem tenho dados suficientes que me permitam achá-lo no google. Eu queria ser mais precisa mas não vou conseguir.
Uma vez eu assisti um filme, creio que iniciava na Turquia. Era um país que estava atravessando um período difícil, guerra ou revolução. A estória (baseada em fatos reais) começava com algumas famílias combinando entre si uma fuga para os países mais ricos da Europa. Tudo o que compreende uma fuga deste tipo é mostrado. Desde o prático, como compra de passaportes, até os questionamentos entre os envolvidos e a expectativa pela nova vida.
Desde o início, pequenas dificuldades vão aparecendo. Até a maior de todas: a travessia, se não me engano da Itália para a Suíça a pé, através dos Alpes. Era algo já programado no roteiro deles. Mas os fugitivos só se dão conta da dificuldade da tarefa quando já estão por executá-la e sem opção de volta. São famílias inteiras: maridos e mulheres, filhos, mulheres grávidas.
Neste dia fazia frio. Eu não me recordo direito mas estimo que 30% do filme tenha mostrado a travessia. Neve para todo lado, noite, pessoas cansadas, pessoas carregando umas às outras, gente morrendo e frio. Muito frio. A sensação provocada pelas cenas foi potencializada pelo escuro e o frio do próprio cinema.
Eu sou de chorar muito em filmes. Qualquer ceninha mais emocionante já me arranca lágrimas. Eu chorei no Wall-e, por exemplo. Neste dia, enquanto as cenas na neve se desenrolavam, eu me envolvi de tal forma no filme que todo o desespero, o cansaço e o frio dos fugitivos, parece que tudo aquilo eu senti dentro de mim. Quando o filme terminou, eu estava esgotada, apática, vi as cenas de pessoas morrendo com tanto sofrimento que nem uma lágrima sequer rolou dos meus olhos.
Fui para casa triste e abatida e acordei do mesmo jeito no dia seguinte. Torpor, apatia, tristeza profunda.
Desde este dia, aprendi que determinadas dores são tão fortes que nos impedem até de chorar
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