terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Construtivismo


Como eu sempre gostei muito de ler, costumo utilizar a leitura como um momento "lúdico-filosófico" com os meus filhos. Normalmente eu não me restrinjo à estória. Ao longo da leitura (na maior parte das vezes antes de dormir), procuro fazer perguntas, associar a ilustração à narrativa, buscar o porque das coisas. Isso tudo eu sempre fiz intuitivamente e acompanhando o que eu sentia que era apropriado à faixa etária deles, já que não tenho nenhuma formação pedagógica.

Quando meu filho era ainda bem pequeno (2 ou 3 anos) eu procurava contar as verdades sobre as coisas numa linguagem que ele pudesse entender. A chuva, por exemplo, era quando um dia muito quente transformava a água dos lagos e dos rios num vaporzinho que subia até o céu e que chegando lá em cima encontrava de novo o frio que o transformava de volta em água fazendo com que as gotinhas caíssem de volta para a terra. Historinhas que ele gostava e memorizava. Tinha várias outras histórias. Do Sol que iluminava uma parte do planeta e o restante ficava no escuro criando a noite, das nuvens que ficavam se arrastando no céu fazendo muito barulho, os trovões, e assim por diante.

Depois que meu filho cresceu e comecei a trocar experiências com as professoras que seguem o método construtivista, cheguei à conclusão de que o que eu praticava empiricamente era um pouco do que se exercita nesse método. Eu sempre evitei dar respostas prontas. Estimulo o pensar. Num exercício de escola, se vejo um erro, tento apontar que existe uma falha para que o meu filho relendo o exercício o encontre. E na maior parte das vezes ele encontra.

Dois fatos interessantes aconteceram com meus filhos, os dois envolvendo dinossauros. O primeiro foi quando meu filho tinha uns 5 anos de idade, foi comentado pela professora durante uma reunião individual. Ela disse que explicou na classe que na época em que os dinossauros viveram, os homens ainda não existiam e que tudo o que se conhece hoje sobre os dinoussauros foi descoberto através dos fósseis. Meu filho perguntou para ela como então os cientistas conseguiram descobrir as cores dos dinossauros já que os fósseis não têm pele.

Hoje tive uma experiência com a minha filha. Menos científica e mais filosófica, eu diria. Estávamos no carro e ela tagarelando a respeito dos dinossauros. Ela tem cinco anos e meio e me disse: mamãe, os cientistas não sabem porque os dinossauros foram extintos (sim, é isso mesmo, as crianças dessa idade falam assim). Eu tenho uma idéia. Eu acho que o homem precisava existir e os dinossauros carnívoros comiam todos, então eles tiveram que morrer para que o homem existisse.

Há mais de um ano atrás eu comprei esse livro do Josteïn Gaarder, "Ei! Tem alguém aí?", para ler com meus filhos. Como eu já havia lido 2 livros deste autor e sabia que se trata de filosofia, li sozinha antes para ter certeza de que seria apropriado. Eu ainda achei um pouco avançado para eles. Mas devo dizer que fiquei bastante satisfeita pois percebi, de novo, que várias temáticas abordadas no livro são tratadas em nossas conversas ou brincadeiras.

Devo fazer somente uma ressalva. Meu filho que tem um perfil mais lógico, tem alguns problemas com a espiritualidade e religiosidade. Como ele sempre procura o porque das coisas, tem dificuldade de aceitar Deus. Ele estuda num colégio católico e espero que as aulas de formação religiosa o auxiliem nisso. Minha filha sempre foi mais "artista", sensível, menos ligada ao motivo das coisas. E embora consiga seguir muito bem uma linha de raciocínio, ela ainda consegue acreditar mesmo que logicamente não faça tanto sentido. Sendo assim, ela ainda acredita em Papai Noel. É quase como se ela ainda quisesse acreditar pois quando algo lhe parece inverossímil, ela mesma trata de buscar uma justificativa que resgate a veracidade da estória.

5 comentários:

Cacau! disse...

Qual o signo do seu filho?

Lilly disse...

Capricórnio!

Cacau! disse...

Já fez aniversário? É teimoso?

Lilly disse...

O aniversário dele é amanhã. Ele é um pouco teimoso sim!
bjs.

Barbara disse...

Minha mãe também faz aniversário amanhã :)