sábado, 24 de janeiro de 2009

A room with a view


Quando a gente viaja, principalmente para o exterior, tudo é bonito. A gente presta atenção nos cartazes, nos formatos das coisas, na arquitetura dos prédios, na maneira como as pessoas estão vestidas. Na nossa própria cidade, por mais que ela tenha a oferecer para ser visto, os detalhes nos passam desapercebidos, apagados pela rotina.

Saindo da rotina normal, se nos dermos a oportunidade, somos capazes de capturar novamente essas sutilezas, beneficiando-nos destes pequenos momentos de beleza.

Hoje eu estava num humor um tanto melancólico, facilmente explicável pelo momento de vida em que me encontro. Entrei num determinado restaurante, local teoricamente não agradável para almoçar. Atrairam-me umas mesinhas coladas na janela. Escolhi a que estava mais no fundo e sentei-me de uma forma que eu visualizava todo o pequeno salão de refeições.

Uma vez acomodada, olhei para fora da janela. Fui engolfada por uma vista espetacular. Ali estava, no alto de sua imponência, o MASP que pelo que constatei naquele momento é muito mais bonito visto pelos fundos do que pela frente na Avenida Paulista. Seus contornos de vermelho vibrante constrastavam com o céu inevitavelmente cinzento e nublado, corpo de vidro parecendo um tanto grande para as colunas de sustentação. Logo abaixo, pracinhas de acesso à Avenida Nove de Julho e os túneis da mesma avenida, remetendo com seus desenhos a épocas longínquas.

Que tenha sido por apenas alguns segundos. Momentaneamente a opressão do peito diminuiu e entreguei-me à tarefa de imaginar um novo post. A cada dia difícil, uma nova mostra de que passamos por momentos recheados de diferentes sensações e sentimentos. Não existe um estado permanente de tristeza ou alegria. O quanto mais eficientes formos em administrar estes momentos, melhor nos sentiremos.

3 comentários:

Cacau! disse...

Vou fazer um pequeno post sobre isso...

Barbara disse...

”Não existe um estado permanente de tristeza ou alegria. O quanto mais eficientes formos em administrar estes momentos, melhor nos sentiremos”. Essa frase tem muito de filosofia oriental. O Tao. O movimento contínuo do viver e morrer. Após sua leitura, voltei a ela várias vezes. E como em vários de seus textos, não há como não fazer uma reflexão. Perceber onde, o que é dito, nos toca. E como toca. Amiga, com certeza não existe estado algum de permanência. A busca por esse equilíbrio é caminho sagrado. Caminho de homens santos. Mas podemos sim perceber esse movimento da vida e acalentar nosso coração. Tudo passa. Aproveitemos, pois, todas as emoções. Vivamos cada momento, seja na alegria ou na dor. A aceitação nos dá a Paz. Nessa visão ampliada, percebemos o real significado de cada coisa vivida. Elaboramos, nos descobrimos. Isso tudo nada tem haver com medo ou coragem. Podemos compreender e perceber o momento que vivemos, e o medo estar lá, junto, lado a lado. A compreensão, na verdade, nos dá fôlego e força para superar. Acho que não se trata de eficiência, mas de amor. Compaixão com o próximo e acima de tudo conosco.

Lilly disse...

"Compaixão com o próximo e acima de tudo conosco".
Gostei disso. É verdade, não adianta a gente sofrer como tentativa de viver o sofrimento do outro.