sábado, 28 de fevereiro de 2009

O ônus da independência

Eu sou filha única. Vocês vão imediatamente lembrar daquela célebre frase: "filho único é mimado".

Posso afirmar que isso não é verdade. Eu tive muito conforto material e uma base de educação sólida. Instituições particulares, alto nível de ensino. Meus pais, sendo de origem mais simples, me deram oportunidades, sempre enfatizando o valor das coisas. Eu não recebia nada de "mão beijada". Eu tinha que valorizar o que recebia, entender o que se esperava de mim e o que no futuro eu poderia construir para mim, como resultado do esforço do estudo e do trabalho.

Minha mãe era filha do meio de nove irmãos. Teve que sair de casa cedo para estudar, já no ginásio. Morava na casa de outra família. Meu pai, perdeu o pai aos 16 anos e foi à luta.

Com certeza, recebi desde cedo ingredientes para ser independente, devido a esse quadro que descrevi brevemente. Entretanto, olhando para mim no passado, ainda bem novinha, vejo que havia algo, desde que nasci que me tornava intuitivamente independente.

Eu era pequena de idade e de tamanho. E cheia de opinião. Envergonhava-me se não soubesse alguma matéria que era ensinada na escola. Queria ter boas notas. Em casa, nunca recebi cobrança de nota, que tivesse que ser 9 ou 10 ou melhor da turma. Eu não era a melhor da turma. Mas queria estar entre os melhores. Era um sentimento meu.

Desde cedo aprendi a fazer tarefas de casa, a ser responsável pelo meu quarto, arrumação e muitas vezes limpeza, arrumar o lanche da escola, passar a camisa do colégio, prezar pelo meu material e pelo cumprimento das tarefas escolares, pegar ônibus ou caminhar para as diversas atividades extras que eu frequentava, enfim... Responsabilidades que eu recebia, abraçava e cumpria.

Depois de adulta, isso não mudou muito. Ou melhor, mudou. As responsabilidades cresceram exponencialmente ao ponto de por vezes, tornarem-se quase que insuportáveis. Oportunidade de rever o que realmente é importante ou perfeccionismo exacerbado. Por que quando a gente se acostuma a dar conta de "tudo", sem querer a gente acaba pecando pelo excesso. O parâmetro torna-se exagerado.

Infelizmente, o parâmetro torna-se exagerado no total, para o mundo externo também. Por que quando a gente dá conta de tudo, a gente eleva as expectativas dos outros. Todo mundo está tão acostumado a nos ver dando conta de tudo que se um dia a gente fraqueja, alguém corre para nos cobrar ou dizer que não estamos dando conta. Não importa que a maioria faça quase nada ou muito menos do que a gente produz. O que fica evidente é que a gente fazia e deixou de fazer.

Esse é o ônus da independência.

Distribuição de Selinhos

Eu recebi um selinho na 2a.feira passada, o "Prêmio Dardos". Esse selinho me permite que eu eleja outros blogs ao prêmio. Imediatamente eu lembrei de três que frequento assiduamente. Como perfeccionista que sou, queria fazer do jeito tradicional. Colocar o selinho para a pessoa copiar e tudo mais. Por falta de tempo, enviarei por e-mail mas cito aqui para quem quiser conhecer.

O selinho vai para:

Cacau , Pat e André


Vale a pena visitar!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Sintonia Virtual

Uma coisa que eu venho percebendo faz tempo é a sintonia que existe entre os blogueiros. Idéias transitam quase como um inconsciente coletivo. Na verdade, acho que tem a ver com aquilo que eu comentei no outro dia em "O que vai na cabeça da gente".

Diariamente somos expostos a várias situações em comum. Notícias, filmes, fatos do dia-a-dia. Tudo isso provoca reflexões em comum com conclusões não necessariamente iguais. Faço um post, leio outro blog e um assunto igual ou parecido com o meu, com pontos de vista em comum ou nem tanto. Leio outro blog e sinto vontade de postar algo relacionado ao comentário que fiz.

Nesta semana fiquei particularmente feliz porque recebi novas visitas. Blogueiros interessantes, cada qual com seu estilo. Uma diversidade que torna ainda mais interessante o hábito de escrever e ler blogs. Cada blogueiro que passa a me acompanhar me faz crescer, através dos comentários que me mostram novas perspectivas, dos esclarecimentos, do compartilhamento de sensações, emoções e histórias de vida, reafirmando o que já disse, que gente vale a pena.

Ontem eu fiz um post emocionado. Foi algo que arranquei do fundo do coração. Existem marcas dentro da gente que em princípio nem notamos. Após a constatação, muitas vezes temos vergonha de admitir. Considero um ato de coragem meu, me expor da forma como fiz em "Sobre ser oriental no Brasil". Devido ao tom sincero e descontraído que o texto tomou, pode parecer que foi fácil mas não foi.

E sinto que valeu a pena por que despertou reflexões em outras pessoas. Pensamentos relacionados a não sofrer por pouco, não se auto-criticar desnecessariamente. Perceber que muitos problemas na vida existem só na cabeça da gente.

E deixo com vocês o belíssimo texto que a minha visitante Sam escreveu motivada pelo meu post. Algo que me emocionou e nutriu ainda mais o meu orgulho:

"Japonês tem quatro filhos"

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Sobre ser oriental no Brasil



Agora eu vou "despirocar" geral. Precisa ter muita coragem para revelar o que eu vou postar agora. Vocês vão me entender.

Eu sou mestiça. Os paulistas vão achar a minha denominação normal. Os não-paulistas podem estranhar o termo. Por mestiço ou mestiça, entende-se em 90% dos casos no Brasil, "cruzamento" entre japonês e brasileiro. É aceitável também para chineses ou coreanos (com brasileiros).

Eu nasci no Rio de Janeiro. Cresci no Rio de Janeiro (capital) numa época em que japoneses e chineses representavam aproximadamente 1% da população. Mesmo sendo mestiça, eu era normalmente referenciada na escola como japonesa. Sim, porque, quando fazemos parte de 1% da população, imediatamente nos tornamos "ponto de referência".

No primário (como chamado na época), havia um professor de educação física que insistia em me carregar nos ombros e fazer referências a minha pessoa como japonesinha e coisas do tipo, o que me causava extremo constrangimento. Acho que posso dizer que eu era a ÚNICA oriental no colégio inteiro.

No ginásio (então 6a.série), eu devia ser uma das 2 ou 3 orientais do colégio. Certa vez passou um filme na televisão ambientado no Vietnã. E havia uma menina chamada, se não me engano, Sing-Ling. Isso foi suficiente para que durante uns 3 meses eu fosse conhecida pelo apelido de "Sing". Anos mais tarde vim a saber que o menino, autor do apelido, era apaixonado por mim.

No segundo grau, a coisa melhorou um pouco de figura. De aproximadamente 100 alunos na minha série, passei a ser uma entre uns 6 ou 7 orientais (japoneses, chineses, mestiças de japonês - EU, e mestiças de chineses - que por sinal eram lindas). E nutria uma admiração super especial pelos chineses que eram muito inteligentes!

Onde eu quero chegar: não foi fácil ser semi-oriental no Rio de Janeiro. Posso afirmar que frequentemente eu ouvia comentários que me desagradavam. Havia quase sempre uma conotação negativa. Fora as crises normais da adolescência, havia o "plus" de ser oriental. Eu não me aceitava. Não me achava bonita por ser oriental. Na época da música "Imagine" depois de John Lennon ser assassinado e Yoko Ono ficar em alta, as pessoas diziam: "olha, ela parece com a Yoko"! E eu me desesperava porque achava a Yoko feia pra burro.

Por outro lado, eu me encantava com diversas coisas da cultura oriental. Coisas que eu não tinha acesso por viver no Rio de Janeiro. Eu queria aprender japonês mas ninguém sabia falar. Eu queria comer comida japonesa mas ninguém fazia. Ocasionalmente chegavam uns doces de quem vinha visitar. Anos mais tarde a comida japonesa passou a ser moda e pelo menos o problema gastronônico foi resolvido.

Cresci assim, meio querendo ser oriental e meio me negando. Sendo brasileira e chamada de japonesa. Não adiantava dizer para mim: "você é bonita". O que ficava na cabeça era: "japonês é feio" e o resto ia por associação.

Vim para São Paulo e virei carioca. Japonesa paraguaia, japonesa falsificada, tudo quanto é tipo de rótulo que vocês possam imaginar. O que sempre me salvou na história foi ter um senso de humor grande e uma mente muito aberta. E ser muito sociável.

Depois de anos de crise, posso dizer para vocês o que eu aprendi: existe gente feia e gente bonita em qualquer raça. Existe gente bonita por fora e feia por dentro. Assim como existe gente bonita por dentro e feia por fora. Hoje eu tenho orgulho de ser oriental. Orgulho do meu cabelo, da minha pele e da minha aparência jovem. Orgulho de ter recebido valores íntegros, noção de que o trabalho vale a pena. Orgulho de ter uma sensibilidade apurada, de estar atenta para a beleza das coisas, de um legado artístico, da organização, exercício da paciência, humildade. Valorizar a família, alimentação, gostar de verduras, legumes, modo de vida saudável. Orgulho de ser oriental e de amar os orientais.

Dedicado a todos os orientais no Brasil. Conhecidos e desconhecidos. Desejo que todos possam algum dia inebriar-se com a dádiva de ser oriental.

Gentem ces naum taum entendendo...

Olha, é muita emoção para uma semana só... recebi outro selinho! Apesar dos tropeços, estou adorando esse mundo virtual!!

Dessa vez o selinho veio do Elas e Eles. Blog que eu também recomendo. Divertido, atual e nada careta. Confiram os meus links.

Quando eu recebi o meu primeiro selinho na 2a.feira, me chamou a atenção que eu criei um marcador chamado "selos". Eu criei e pensei: "que pretensão, colocar no plural". Eis que o marcador se tornou realidade.

Estou muito feliz...

O caminho normal

Havia um tempo em que eu queria entender as coisas. Eu buscava a causa, o significado. Com o tempo estou me dando conta de que em muitas coisas na vida não interessa o porque. Interessa é saber como vamos interagir com as situações e o que podemos fazer para torná-las no mínimo toleráveis. É necessário ser prático, "sin perder la ternura jamás".

Quando eu digo, "é necessário ser prático", digo por ser conclusão minha aprendida na experiência. Por que outra coisa que estou aprendendo com o tempo é a ser cada vez menos rígida, não afirmar as coisas como regra geral, ser menos moldada e ter menos expectativas em relação às pessoas baseadas nos meus entendimentos segundo o que a minha visão alcança.

Um dia desses, empolgada com o perfil "cult" da minha locadora, eu resolvi tirar o atraso do cinema nacional e selecionei na prateleira o filme "Cristina quer casar". Comecei a assistir o filme e tudo me pareceu muito familiar. O fato é que eu já havia assistido o filme... rsrsrs... Confusões à parte, chamou-me a atenção um momento em que Cristina, desesperançada e desolada com o imbroglio em que se encontrava, confidencia no balcão do bar que: "tudo parecia tão simples, em princípio era estudar, arrumar um emprego, conhecer um cara legal, casar e ter filhos".

Eu me pergunto quantos de nós diariamente nos fazemos essa pergunta. Alguns por que não encontram emprego, outros porque são gays, outros por que não encontraram a pessoa especial, aqueles que não conseguem ter filhos e por aí vai... Várias pessoas que seguem rumos diferentes, que deveriam buscar o seu próprio caminho mas que muitas vezes fixam-se naquilo que acham que é o modelo da normalidade na vida. E por não enxergarem outras alternativas acabam se sentindo infelizes e frustradas quando na verdade podia ser diferente.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Gente, eu não sou santa...

Quando eu escrevo no blog procuro filtrar o que vou escrever e a forma como escrevo as coisas. Dependendo do dia posso usar um tom um pouco mais bem-humorado ou um linguajar mais sério. Em geral, procuro exprimir bons sentimentos por que foi este o objetivo que eu escolhi para o blog. Se quero falar sobre algo mais melancólico, tento tirar uma conclusão produtiva. Se faço um desabafo mais ácido, a intenção é arrancar risadas.

Isso não quer dizer que:

1. Eu não falo palavrões
2. Eu não ache graça de histórias mais apimentadas
3. Que eu não me irrite nunca
4. Que eu não seja nunca grossa ou impaciente

Ou seja, eu não sou santa. Normalmente eu me irrito com motivo. E muitas vezes me desculpo quando sinto que fui injusta.

Hoje eu estava pensando sobre um assunto, observando uma determinada atitude. Sobre pessoas que têm pontos de vista muito estreitos, muito radicais, que ficam querendo dar lição de moral, fazendo discursos inflamados e cansativos. Pessoas que parecem estar sempre de mau-humor e com raiva do mundo. Pessoas que se acham as "maiorais" e que têm resposta para tudo, mesmo quando não é necessário.

Junte-se a isso algo que li num blog. Era um post engraçado, falando sobre comportamentos atuais. Entrou um blogueiro na parada e fez um comentário extremamente baixo nível e preconceituoso, provocando uma verdadeira revolta entre os leitores.

Pode-se perceber pelo que citei acima que eu não me choco tão facilmente. Palavrão, baixaria em tom de brincadeira, discussões sobre sexo, não é isso o que me choca. O que me choca é sentimento ruim, radicalismo e preconceito. Dá para falar palavrão sem ferir ninguém. Assim como dá para ferir os outros sem falar palavrão. Hoje eu presenciei duas situações, uma no mundo real e outra no mundo virtual: preconceito sem palavrão e falta de respeito com palavrão. O que os dois tinham em comum era a pouca consideração pelas pessoas.

Processo criativo

Escrever é uma coisa engraçada... Tem dias que não vem idéia nenhuma. Em outros dias, escrevo 2 ou 3 posts de uma vez só e quase nem dá tempo de respirar... saem umas coisas com erros, frases que eu releio e reescrevo depois de postado.

Hoje eu estou assim... tenho pelos menos 3 idéias diferentes planando na mente... elas ficam lá passeando... frases soltas, constatações e eu não consigo dar forma, parece que as idéias existem mas sem desfecho... quando isso acontece, pode ser que o post só saia daqui a alguns dias ou até um mês depois...

Deve ser assim com todo mundo que gosta de escrever...

Mensagem bonita



Recebi mês passado de uma amiga esta mensagem. Fiquei muito emocionada por que ela reenviou algo que eu mesma havia enviado para ela em 2006. Existem mensagens que a gente lê e acha bonito, mesmo que não façam sentido no momento. E depois, num outro momento, pode ser que passem a fazer...

Infelizmente não vou conseguir dar a referência correta quanto ao autor desta mensagem. Eu a recebi como um texto de Mário Quintana, entretanto um colega blogueiro que me acompanha alertou-me para a falsidade desta informação.

Aproveitando para transcrever uma parte do comentário onde ele cita um link esclarecedor:
"Aqui vai o link de um site de um sujeito que tenta desfazer este e uns outros equívocos do mesmo tipo: http://www.fabiorocha.com.br/mario.htm"

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Zoando o próprio filho

- Mãe, você já passou 1 mês no Rio?
- Sim, eu já passei 25 anos...

Senso de humor ele tem... morreu de rir! :P

Recebi um selo!!

Hoje eu fiquei muito emocionada. Recebi o meu primeiro selo!! A Mara do Creative Scrap House, que por sinal faz uns trabalhos maravilhosos, foi quem me enviou.

Transcrevendo o que ela postou hoje no blog dela:

"O Premio Dardos é dado aos blogueiros que transmitem valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. Que, em soma, demonstram sua criatividade, através do pensamento vivo que está, e permanece intacto, entre suas palavras."

Para acessar o post completo, clique

Mara, muito obrigada!!

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Carnaval


Desde que me lembro gente, digo para quem me pergunta que não gosto de Carnaval. Só que no outro dia eu estava pensando: eu adoro o som do batuque de um bloco de carnaval ou de um bailinho de salão. Sei cantar várias marchinhas. Alguns samba-enredos. Eu não sou de procurar folia mas se alguém me leva para o meio dela, é difícil de sair. Vale marchinha, vale axé. Eu caio na gandaia mesmo.

Então como posso dizer que não gosto de Carnaval? Eu, que já fui a 3, 4 dias seguidos de baile e carnaval de rua em cidade de interior?!

Cheguei à conclusão de que o que me aflige é a falta de opção. Lembro-me de quando era criança ou adolescente, de ligar a televisão e não ter nada além de desfile de escola de samba ou cobertura de baile famoso para assistir.

Hoje em dia com internet, dvd, hobbies, acho que é bem mais fácil. Se der uma vontade de ver como está o desfile, uma zapeada e pronto (apesar de que não deu...). Sinto-me livre para ir e vir, fazer o que mais gosto e fico assim, até com um sentimento de que faltou algo. Uma noite de bailinho para animar.

Sobre chorar os mortos

Após o falecimento do meu pai eu passei por um período de euforia. Baladas, chopps. Se eu sofria? Sofria sim. Creio que pessoas podem até ter pensado em como eu podia sair e me divertir daquele jeito se o meu pai havia acabado de morrer.

Existem algumas explicações para isso. Não que eu deva explicações. Mas é que para uma pessoa como eu, existe sempre uma tendência à consciência pesada, à auto-punição. Com o tempo eu estou percebendo que ninguém tem o direito de nos cobrar sentimentos ou atitudes quando não lhes dizem respeito e acima de tudo, quando não estão fazendo mal a ninguém. Quando agimos de forma verdadeiramente nociva, aí sim, acho que as pessoas podem nos questionar. Digo isso por dizer por que na verdade, não senti nem de meus amigos e tampouco de conhecidos, que tenham me julgado por isso.

A nossa forma de reagir diante do sofrimento é imprevisível, estou percebendo. Acho que usei e posso até estar usando ainda estas saídas como droga. Uma forma não consciente de esquecer. Música alta, alguma bebida, esquecimento. E quando volto para casa, de novo melancolia.

Outra coisa que reflito, é sobre o início deste luto. Por que a gente pode lamentar a perda de uma pessoa mesmo em vida. Ver o quanto a pessoa mudou, o quanto ela está sofrendo e enfrentar a constatação de que um dia, não se sabe se logo ou um pouco mais tarde, essa pessoa não vai estar mais por perto. A gente reza pela melhora mas percebe que não é tão viável assim. Então, posso afirmar sem dúvida que esse luto não começou no dia em que ele faleceu. Ele começou muitíssimo antes. Talvez no dia em que eu vi o primeiro exame dele.

Aí vem um outro ponto que eu não havia me dado conta. Ao longo dos últimos 15 anos, o convívio com o meu pai foi próximo mas entremeado de longas ausências: viagens minhas, viagens dele. Semanas inteiras sem contato devido à atribulação da vida. É como se mesmo sabendo que ele não está mais entre nós, ele ainda vivesse em algum lugar, longe de mim. E só me dei conta disso agora. Porque neste feriado, apesar de tudo de bonito e divertido que estou vivendo, estou frequentando o espaço dele. São dezenas de livros antigos de faculdade, fitas de vídeo com títulos anotados a mão, aparelhos eletrônicos que ele amava e que estamos usando. Tudo organizado, guardado com capricho, da forma metódica que lhe era tão peculiar.

E para minha surpresa, me peguei chorando novamente. Olhando os livros, orientando o meu filho a ter cuidado com o controle remoto que era dele, vendo a televisão que era dele e chorando. Percebendo que a pessoa se vai mas a energia fica impregnada no ambiente. A presença é sentida nas coisas quando as vemos e lembramos de como ele interagia com elas. Entrar na rotina e perceber que aquilo o que fazíamos juntos nunca mais vai acontecer.

O que vai na cabeça da gente


Uma coisa que eu comecei a refletir depois que os meus filhos nasceram é sobre o quanto as pessoas têm de igual entre si e o quanto têm de diferente.

Quando acompanhamos a evolução de um bebê percebemos que muitas coisas, mas muitas mesmo são iguais de uma criança para a outra. Não é à toa que existem centenas de livros dando dicas sobre como cuidar do bebê e o que fazer em determinadas situações. O momento em que o bebê começa a rir, quando começa a engatinhar, que posições podem ser mais confortáveis para aliviar certos incômodos. Conversando com outras mães, percebemos que muitos comportamentos são parecidos, reações diante de brinquedos, gestos. Mas é claro que existem diferenças também e isso pode ser impresso pela personalidade que já desponta neste ser tão pequeno.

Dependendo da forma como somos criados e das experiências pelas quais passamos, as diferenças estre esses indivíduos vão se acentuando. Acho que é uma afirmação até meio óbvia demais de se fazer. Mas o ponto onde eu queria chegar: mesmo sendo essas diferenças em determinados momentos enormes, creio que não nos damos conta da quantidade de semelhanças que permanecem guardadas no nosso íntimo e até no nosso inconsciente.

Creio que é muito comum as pessoas sofrerem sozinhas. Passarem por situações de dificuldade perguntando-se porque somente elas enfrentam aquilo. E causa um verdadeiro alento quando elas têm oportunidade de conversar ou ler a respeito de um sentimento de outra pessoa que coincide com os seus.

Acho que é assim o tempo todo. A gente só não se dá conta de que muitas coisas que pensamos ou sentimos estão na cabeça das outras pessoas também. Por que a gente ainda não consegue ler mentes. Caso contrário, tornaria-se óbvio. A gente olha para uma pessoa e pensa: olha só como ela é bonita, ela deve ser muito feliz! Mas não percebe que se para nós a aparência pode ser motivo de incômodo, para o bonito pode ser a timidez, e assim por diante. Cada pessoa tem algum obstáculo a enfrentar.

Ao longo da vida passei por experiências que me fizeram crescer. Hoje em dia me pego olhando para outras pessoas que sofrem e pensando: puxa, eu já passei por isso e hoje em dia tenho uma postura diferente. Eu cresci, eu melhorei. É claro que ainda sofro desnecessariamente, faço coisas das quais me arrependo, possuo limitações que não consigo superar. Mas acredito que quando estamos atentos, não tememos mudanças e buscamos o auto-conhecimento, a tendência é que continuemos nesta melhora constante.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Equilíbrio

Eu tenho repetido muito isso. Que a chave de tudo é o equilíbrio. Mas eu me pergunto: porque é tão difícil encontrar o equilíbrio?

Eu sou uma pessoa bastante sociável. Não me considero uma pessoa "top" em socialização mas diria que estou satisfeita com o nível em que me encontro. E com a possibilidade de melhorar ainda mais. Eu gosto de conversar com as pessoas e aprender com o que elas me contam.

Percebo por aí que muitas vezes as pessoas estão em extremos: muito tímidos, muito expansivos, calados, eloquentes demais. Tem pessoas que se impedem de crescer porque não acreditam em si próprias, ficam remoendo pensamentos negativos, pensando sobre o que os outros vão pensar delas. Ou ficam presas a modelos formais, aprisionadas em idéias do que é certo ou errado. Por outro lado, há aquelas que tomam a frente de tudo, falam demais, sonham demais e acabam sobrecarregadas ou mal-interpretadas.

Eu me classifico no segundo grupo. Eu falo demais. Confesso demais. Busco demais o que eu quero. Ao longo da vida, tenho exercitado a paciência, o saber observar antes de agir, pensar antes de falar, conviver com as consequências dos meus atos e das minhas falas quando descambam para o lado do excesso. Mesmo assim, ainda acho que é preferível arriscar do que ter medo e se recolher. É o risco calculado: é preciso aprender a medida do risco. E é preciso não se cobrar ou se criticar demais quando o resultado não for o esperado.

Nem sempre o risco é algo perigoso ou complicado. Às vezes são coisas pequenas, atitudes diante de pessoas, coisas do cotidiano. Agir, obter o resultado, avaliar e ajustar. Tem coisas que a gente aprende no trabalho e que são aplicáveis à vida em geral. São os tais "lessons learned" que as metodologias sacais nos obrigam a fazer mas que se a gente parar para pensar, são necessárias mesmo, em tudo.

Não adianta chorar sobre o leite derramado.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Sonhos

Os sonhos me fascinam. Ultimamente tenho passado longos períodos sem sonhar e alguns dias eu sonho mas coisas ligadas ao cotidiano, como continuação do dia. Gosto dos sonhos enigmáticos, cheios de símbolos e imagens poéticas. Esses valem a pena contar.

Hoje eu sonhei muito. Anteontem, eu tive insônia. Só que os sonhos de hoje não foram bons. Ou melhor, foram pesadelos. Sonhei com duas situações que estou vivendo no presente. Nas duas situações eu brigava muito, discutia, argumentava muito.

Antigamente eu achava que toda batalha precisava ser lutada. Pior do que isso, às vezes nem era batalha e eu já estava armada. Hoje em dia, tenho me isentado de discutir ou mesmo apenas debater quando eu acho que não vale a pena. Tem coisas que não vão mudar nunca, independente do que a gente diga ou faça. Nestes casos, eu tenho me recolhido mesmo.

Concluo que mesmo quando a gente se recolhe, se o pensamento ainda martela, mesmo que de leve certas questões, acontece isso. A gente não fala no presente mas fala no sonho. Acordei cansada hoje. Mas o pesadelo me mostrou que realmente não vale a pena falar. Se o desgaste já foi grande, só sonhando, imagina na vida real?

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

10 coisas não nojentas

Eu estou andando uns 10 minutos do carro até o meu posto de trabalho. Com a mochila contendo um notebook antigo nas costas. Na maioria das vezes, usando salto alto, coisa de mulher baixinha e vaidosa.

Grande parte desses 10 minutos, é andado através de passarelas futuristas, como já descrevi anteriomente. Suspensas. E lá do alto, em alguns trechos a gente vê jardins, com cálidas águas correntes. E no final delas, uma área de carregamento, por onde trafegam empilhadeiras.

Ironicamente, é na área das empilhadeiras que presenciamos o maior prazer de todo o trajeto. Eu me explico: é uma área que estimula o nosso senso olfativo. Hoje pela manhã fiquei, de olhos abertos, tentando identificar o que aquela área evocava no fundo do meu cérebro. A minha vontade era fechar os olhos. Mas ia ficar muito estranho, caso alguém me visse ali, com notebook nas costas, toda arrumada no dia do feriado local, de olhos fechados e respirando fundo.

Depois de algum tempo, me dei conta de que a lembrança era a do Free Shop de aeroporto. Aquele momento em que a gente se aproxima da loja e é invadido por dezenas de bons aromas de perfumes caros, todos ao mesmo tempo. Sensação de frescor, limpeza e sofisticação. Tudo junto.

Após a identificação do cheiro, fiquei pensando na quantidade de boas lembranças que estão associadas a cheiro. Cheiros, assim como músicas nos lembram lugares e pessoas. Fiquei pensando se isso daria um post.

Para minha surpresa, entrei agora à noite na internet e me deparei com um post de uma amiga falando sobre 10 coisas nojentas. Post a gente não questiona. Certamente teve um bom motivo para ele. Provavelmente exorcisar alguma sensação desagradável.

Sendo assim, acabei motivada a descrever a minha sensação da manhã e postar 10 coisas não-nojentas que se possível, estejam dissociadas de cheiro. Juro que vou tentar.

10 coisas não-nojentas, de estimular os sentidos:

1. Cheiro de pele ou cabelo após banho recém-tomado.
2. Cheiro de bebê.
3. Cheiro de bolo assando ou pão assando ou café.
4. Cheiro de lençol lavado, recém-trocado.
5. Pele quente e macia.
6. Champanhe geladíssima descendo pela garganta.
7. Chocolate derretendo na boca.
8. Cobertor quentinho e macio.
9. Música puxada no grave.
10. Cheiro de chuva.

Nossa, viajei.

Gostar de música

Eu gosto de música. Gosto de todas que me fazem sentir bem, que tem uma linha melódica agradável, um ritmo estimulante, uma letra bonita. E não necessariamente todos estes quesitos ao mesmo tempo. Gosto também de conversar sobre música.

Lembro que na adolescência a música tinha uma conotação menos saudável. Era algo como religião. Eu tinha uma tendência a achar que existia o "certo ou errado" da música. Tal estilo é bom, o resto não presta. Conhecer um determinado grupo não conhecido por reles mortais era algo que acreditava nos colocar num patarmar superior aos outros. Saber de detalhes da vida dos músicos. Radicalismo, é a palavra.

Para tudo na vida existe um amadurecimento. Até para música. Acho que a partir do momento que me tornei mais aberta, menos regrada, tornei-me musicalmente mais feliz. E isso abre novas possibilidades, shows a assistir, ritmos a dançar, transitar por tribos diversas, conhecer gente. E tira da gente aquele pedantismo, aquele achar-se superior por gostar somente de um estilo. O objetivo é se divertir, creio eu. E não ser especialista de p. nenhuma, que não vai levar a lugar algum.

Mas nem todo mundo amadurece musicalmente. E preciso dizer: como isso é cansativo!!

Splendour of the seas

Eu não vou e nem sei se tenho pique. Mas achei legal!

http://www.pachasp.com.br/news_231008.shtml

Ser consultor

A comunidade do Orkut que melhor define a vida do consultor é: "A gente se fode mas se diverte".

Quando eu entrei para a faculdade, tive algumas crises existenciais porque tive que abafar a minha alma, que eu acreditava ser de artista, para absorver todas as demandas de uma carreira na área exata. Foram alguns anos de crise na faculdade e no início da carreira.

Com o tempo, vi um benefício nessa escolha. Porque afinal, ninguém pode viver de vento e de sonhos. E no fim, a gente acaba alimentando esses sonhos de uma forma mais interessante que é o hobby. Porque ser humano é assim. Tudo o que se torna hábito, acaba perdendo a graça. De repente a pessoa embarca em trabalhar com uma coisa que é paixão e com o tempo ela vai esmaecendo, como aparentemente acontece com toda paixão...

Passadas as crises, acabei entrando num ritmo de trabalho que me obriga estar em diferentes lugares com diferentes pessoas por períodos curtos ou um pouco mais longos. Posso dizer que se a gente se abre para a beleza disso, no fim o saldo é positivo. Porque a gente tem poucas regalias, precisa se adaptar à necessidade do cliente, às vezes há dificuldade de locomoção, outras vezes de alimentação, muito trabalho, horários inusitados, finais de semana e feriados perdidos. Mas no meio disso tudo, sempre alguma história curiosa para contar, coisas totalmente novas a aprender (por exemplo, você sabe o que é um rebolo? Eu sei...) E muita risada porque posso afirmar sem sombra de dúvida, que a maioria dos consultores ao longo do tempo, vai desenvolvendo uma mente aberta e um senso de humor incomparável. Com o tempo, tornamo-nos todos um pouco "Forrest Gump".

Estava pensando no outro dia na quantidade de histórias que eu tenho para contar. Só que como já disse anteriormente, eu adoro conversar. Tenho medo de ficar escrevendo aqui essas histórias e com o tempo ficar sem assunto... Será possível?

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Se a Carolina Dieckman pode, por que eu não?

Li numa revistas dessas de salão, enquanto fazia as unhas, uma declaração da Carolina Dieckman onde ela dizia que contrariava as orientações da assessora de imprensa para que não falasse de cocô nas entrevistas. Sei lá o que ela fala, deve ser dessas coisas de intestino preso, dicas para melhorar, papo de mulher.

Mulher realmente tem problema com isso. Talvez venha de infância. Lembro-me que duas amigas reclamavam de uma outra que se aproximava delas para conversar, sempre com os mesmos assuntos. A primeira, só ficava ouvindo falar de homens. Achou que a outra a julgava ninfomaníaca. E a segunda, só escutava de intestino. E ela perguntava desolada: "se ela tem cara de ninfomaníaca, eu tenho cara de quê?"...

Aí tem aquela do seriado infantil, produzido aqui no Brasil, que sendo supostamente educativo, cismou de colocar num dos episódios um cocô que cantava e falava! Vê se pode! Criança tem imaginação fértil. Imagina sentar no trono depois disso! E depois mandar o dito cujo latrina abaixo, dando tchau para ele!

Já que comecei, termino. Outro terror para as crianças é descarga de avião: sugar a vácuo com um barulho ensurdecedor também é demais... até eu tenho medo! E na mesma linha: descarga automática por sensor. Isso é muito comum nos Estados Unidos. A criança já está lá num vaso que parece uma piscina, sentada muito próxima da água. Aí junta-se isso aos movimentos da criança, mais os da mãe e pronto! Descarga na hora errada. E vai explicar que ela não vai ser sugada junto....

Que assunto hein?

Orgulho de ser brasileira

Estou numa empresa brasileira. Dessas que dão orgulho. Sempre ouvi falar bem mas só vendo para acreditar. A fábrica é enorme. Entrar aqui dá uma impressão futurista: lembrei daquele filme "Gattaca", nem sei porque. Concreto, vidro e tubulações brancas. Jardins minimalistas. Lindo demais. De cima das áreas de separação vemos as esteirinhas correndo, trazendo os produtos dos depósitos fechados e automatizados com robôs. Chão de fábrica limpo e organizado, pessoal uniformizado, almoço simples mas de qualidade.

Quem disse que tecnologia não tem poesia?


domingo, 15 de fevereiro de 2009

Ontem eu patinei por 3 horas

Fui num aniversário infantil ontem... numa pista de patinação.

Coloquei os patins nos pés... parecia que pesavam 10 quilos. Dificuldade para me equilibrar, apoiava-me na barra... Aos poucos fui me soltando. Passei a patinar ao lado da barra apoiando uma das mãos. Em seguida passei a patinar ao longo da barra, mãos soltas.... Mais um tempo.... atravessava a pista, de um lado para o outro, sem precisar da barra.

Patinar é como andar de bicicleta. A gente nunca esquece. Basta auto-confiança. Conforme a minha confiança crescia, ia relembrando... Patinando, patinando, velocidade... ventinho frio do ar-condicionado atravessando a roupa... braços soltos... virada! Como faz mesmo a curva cruzando? Vou tentar.... Um pé diante do outro... desequilibro mas não caio.... curva, curva, curva...

Curva cruzada.... virada.... costas.... curva de costas.... De novo, eu tinha 15 anos... Priceless...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Lendas Urbanas

Quando eu tinha uns 8 anos de idade, sofri durante alguns meses com a lenda da "Loira do banheiro". Lembro-me exatamente de como era o banheiro da minha escola. Em parte devido à minha memória de elefante e também porque imaginava de onde ela viria dentro desse banheiro. Às vezes, na minha imaginação fértil desde criança, o terror se alastrava até a escadaria da escola.

Aprendi há algum tempo, que essas estórias fantásticas transmitidas de boca-em-boca nos tempos modernos são chamadas de "Lendas urbanas".

Eu sempre acreditei que a estória da "Loira do banheiro" fosse algo bem característico da minha infância e da cidade onde eu morava, mas para meu espanto, pude observar que realmente é uma lenda que independe de cidade e de época. Já conversei com pessoas até 13 anos mais novas que eu que vivenciaram o mesmo medo na infância.

É isso aí. Falei sobre a loira do banheiro. Só não posso contar porque lembrei dela...

Mentirinhas

Como a galera respondeu, vou revelar as mentiras. Depois, num momento oportuno, arrisco as mentiras das blogueiras.

1. Eu como doces todos os dias (mentira)
Tenho tendência a diabete (ou diabetes, sei lá) e por isso abdiquei 80% dos doces.

2. Tenho tatuagem (verdade)
Tenho uma no pé e adoraria fazer outra(s), apesar da dor.

3. Já fui num show de pagode (verdade)
Levei um gringo no Clube Avenida para ver "Fundo de Quintal". Sambei horrores.

4. Já fui num show de música sertaneja (verdade)
Ganhei um show na faixa do "Zezé de Camargo e Luciano". Fui de coração aberto mas definitivamente não é a minha praia.

5. Fui barrada na entrada do clube com carteirinha falsa (verdade)
Na verdade era emprestada. As blogueiras devem recordar.

6. Adoro esportes ao ar livre (mentira)
Eu detesto qualquer possibilidade de ver insetos e suar sem ar-condicionado.

Mentiras (ou não)
1. Quando era criança eu era apaixonada pelo Batman (da série antiga) (verdade)
Não perdia um episódio e fantasiava casar com ele

2. Eu adoro Dire Straits (mentira)
Na época que a banda fazia sucesso, passava mal com "Money for nothing". Só não era pior do que Engenheiros do Havaí.

3. Eu não sei nadar (verdade)
Não afundo (poupem-me as piadinhas óbvias) mas não sei nadar.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Confissão

A vantagem de ter um blog anônimo é que a pessoa pode despejar tudo o que pensa sem medo de ser julgada e criticada. Este blog aqui nem é tão anônimo assim mas de repente me deu vontade de fazer uma confissão.

Uma vez, quando eu tinha vinte e poucos anos, entrei numa loja de brinquedos para comprar um presente de aniversário para o filho de alguém que nem me lembro mais quem era. Eu que normalmente não entrava em lojas de brinquedo naquela época, me deparei num certo momento com uma prateleira de Polly, bonequinha minúscula com roupinhas tão minúsculas quanto ela. Eu nunca tinha visto nada igual na minha vida. Fiquei completamente fascinada e paralisada diante de tanta perfeição.

Depois de investigar todas as embalagens da prateleira, eu resolvi comprar uma para mim. Pode parecer ridículo para quem lê agora mas na ocasião me pareceu algo proibido: eu morri de vergonha que alguém percebesse que eu queria aquela bonequinha. Acho que é assim quando a gente tem vinte e poucos anos. A gente tem vontade de fazer umas coisas bestas e acha que todo mundo está olhando e reprovando.

Eu escolhi uma das embalagens, olhando para os lados como se alguém pudesse ler o que ia na minha cabeça, me dirigi ao caixa com os dois brinquedos na mão, suando frio e paguei. Quando a moça perguntou se eu queria que embrulhasse para presente, quase morri (achando que ela tinha desconfiado de algo) e obviamente respondi que os dois eram para presente.

Chegando em casa, abri, brinquei (porque tem as roupinhas para vestir) e guardei embrulhado no fundo do meu guarda-roupa.

Dá para acreditar em tamanho sofrimento por tão pouco? Nem eu acredito que foi assim... Ainda bem que com a idade isso passa e a gente começa a se autorizar cada vez mais...

Olha o meme aí: 6 verdades e 3 mentiras

Tava fuçando um blog engraçado e me deparei com esse meme. Eu humildemente vou lançar aqui para os poucos blogueiros que eu conheço, porque esse pessoal anda meio devagar (assim como eu), e quem sabe a brincadeira não vai animar um pouco.

Eis as regras:

Quem receber este Meme, deverá postar nas suas respostas as 3 mentiras do blogueiro.Quem indicou revela depois (ou não)!!! Será que vocês conseguem descobrir as mentiras?

Verdades (ou não)
1. Eu como doces todos os dias
2. Tenho tatuagem
3. Já fui num show de pagode
4. Já fui num show de música sertaneja
5. Fui barrada na entrada do clube com carteirinha falsa
6. Adoro esportes ao ar livre

Mentiras (ou não)
1. Quando era criança eu era apaixonada pelo Batman (da série antiga)
2. Eu adoro Dire Straits
3. Eu não sei nadar

Estou indicando para este meme:

Cacau
Pat
Pierre

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Momento cultura

Eu como usuária entusiasta de metrô vou divulgar agora algo que me faz me sentir no primeiro mundo. Existe uma programação cultural no metrô com belas exposições nos saguões das estações. Bom, na verdade eu sabia das exposições porque passo por elas todo dia. O que eu não sabia era que se tratava de algo tão organizado, com agenda e tudo.

Fica até difícil comentar o que eu vi porque não sou nenhuma expert em artes mas como leiga, posso dizer que gostei. Mês passado tinha uma exposição linda de litografia na estação das Clínicas e este mês me chamou a atenção uma exposição de Mandalas na estação Trianon-Masp.

Eu fiquei impressionada com a delicadeza e a perfeição das mandalas e me deu curiosidade de saber a técnica utilizada. Para minha surpresa, trata-se de fotografia. O artista é o Marco Ulgheri.

Bom, como informação adicional, descobri agora olhando a agenda que as exposições saem de uma estação para outra. Certamente muito justo.



terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Highlander

No outro dia coloquei no Orkut um video do Queen, da música "Highlander". Lembro-me que na adolescência assisti esse filme e chorei copiosamente na cena em que a primeira esposa dele morria em seus braços, muito idosa. Embora ele permancesse jovem, ele enxergava na idosa a essência que conhecera quando jovem.

Acontece que o "Highlander" havia sido premiado com a "benção" ou "maldição" de permanecer eternamente jovem. "Highlander", "Benjamin Button". São filmes que nos fazem refletir sobre o mesmo tema. Juventude x maturidade.

Ouvi uma história no outro dia a respeito de uma pessoa que atingiu seus cento-e-poucos-anos. E o relato era exatamente o do "Highlander": como sobreviver a gerações e gerações. Ver entes queridos morrerem antes de si próprio. Ter experiências a dividir e não ser ouvido.

Nem sei o que quero dizer com isso tudo. Tenho pensado sobre isso.... nascimento, morte, envelhecimento, juventude. Imagem e essência. Afortunados os que enxergam além da imagem.

Imagem e alma

Uma coisa que me intriga desde criança é a imagem que vemos de nós mesmos versus a essência (alma) que existe dentro de nós.

Já falei anteriormente que por volta dos meus 5, 6 anos, uma vez me olhei no espelho e fiquei me perguntando se o que eu via ali, a menina de "maria-chiquinha" era a mesma que pensava, a voz que falava na cabeça.

Por volta dos meus trinta e poucos anos, me senti subitamente muito envelhecida. Eu me olhava no espelho e pensava: "esta imagem não corresponde ao meu sentimento". Eu me sentia mãe de dois, trabalhadora, profissional experiente mas ao mesmo tempo plena, experiente e sobretudo jovem. A mesma jovem que gostava de balada, de se vestir bem, de ouvir rock e pop, de fazer piadas.

Passaram-se mais alguns anos. Rejuvenesci na imagem. Fatos trágicos aconteceram na minha vida que motivaram amadurecimento, experiência de vida. Mas continuei gostando das músicas atuais, de videogame, de me vestir de forma jovem.

Tenho impressão de que os anos vão passar, as rugas vão eventualmente aparecer (desculpe se Deus me dotou de sangue oriental) mas a alma vai permanecer jovem. Alegria de viver, de cantar, de fazer academia, de ser vaidosa, de ouvir boas canções.

Sim, assim vai ser. Se Deus quiser.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Filme alemão


Um dia desses eu liguei a televisão e vi um filme que estava passando com a Catherine Zeta-Jones: Sem Reservas ("No Reservations").

Vamos colocar desta forma: dá para ver o filme. Mas tudo parece meio artificial, a Catherine Zeta-Jones com aquela carinha bonitinha tentando parecer uma pessoa séria e problemática e o parceiro de cozinha dela (porque ela é chef de cuisine) tentando parecer irreverente (até demais). Digo tentando, porque nenhum dos dois me convenceu muito, cada um em seu papel.



Bom, estava eu ontem de novo de bobeira e fiquei zapeando até chegar no Telecine Cult. Passava um filme alemão chamado "Simplesmente Martha". Bateu uma saudade da época em que eu estava naquele projeto cheio de alemães. Época conturbada mas interessante. Comecei a assistir o filme que já estava pelo meio, tentando identificar as poucas palavras que eu conheço (apesar de que pode parecer pedantismo, mas eu mesma me espanto quando entendo frases inteiras). De repente, tudo começou a parecer muito conhecido: menina adotada, mulher que vai na escola conversar sobre os problemas da menina, etc. Foi quando me dei conta de que o filme era EXATAMENTE o da Catherine Zeta-Jones.


Olha, pode ser que eu quebre a cara. Nem fui atrás de descobrir quem nasceu primeiro, se o ovo ou a galinha. Mas acho que tá meio óbvio que o tal do "Sem Reservas" é uma refilmagem ipsis-literis do "Simplesmente Martha". Já disse outras vezes e repito: eu não sou adepta do anti-americanismo, pelo contrário, admiro sem nenhum pudor várias coisas naquele país. Mas devo confessar que ontem me deu uma certa irritação. Que mania é essa de refilmar as coisas, que problema que esse povo tem para ler legenda? Aí, fez todo o sentido a cara de múmia da Catherine Zeta-Jones tentando parecer alemã (agora lembrei até do saudoso Paulo Francis que se referia sobre a Meryl Streep nos meados da sua carreira como "cara de formiga". Pena que ele não pôde testemunhar o crescimento desta atriz em papéis antológicos como em "Mamma Mia", por exemplo).

No outro dia mesmo estava comentando no almoço sobre esse lance de refilmagens. Sobre o desastre de "Silêncio do lago", por exemplo. Outro dia quando tiver mais tempo, falo sobre esse filme também.

É isso. Abaixo a refilmagem.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

É como morar em vila

Quando eu era criança, bem pequena, a minha avó morava numa vila do início do século com umas 8 casas. Coisinha mais linda. Casinhas com o pé direito alto, portas da frente e janelas que abriam em duas folhas.

Apesar de ser muito novinha, eu devia ter uns 4 anos de idade, lembro-me bem de algumas coisas que vivi naquela vila. E uma coisa que me chamava a atenção é que as pessoas se referiam umas às outras como o "fulano da casa 5", por exemplo. E em geral, todo mundo sabia da vida de todo mundo.

Apesar de vivermos hoje em dia em prédios que também são coletividades, esse comportamento mudou porque hoje em dia as pessoas correm mais, nem encontram os vizinhos e a rotatividade é maior.

Outro efeito de morar em vila a vida toda, era que as pessoas com o tempo acabavam pegando algumas antipatias e inimizades. Rixas desagradáveis e sem fim.

Veja como isso não é muito diferente de trabalhar muito tempo numa empresa. Se por um lado tem o benefício da suposta estabilidade, por outro tem esse caráter negativo gerado por colocar várias pessoas convivendo por muito tempo no mesmo "quadrado". É um tal de "você viu como a fulaninha do financeiro veio vestida hoje" ou "a fulana e o fulano do andar tal estão andando muito juntos" e outros comentários exatamente iguais aos de uma vila de um subúrbio ou periferia qualquer.

Penso nisso toda vez que tenho oportunidade de começar um novo projeto. Novos ares, novas pessoas, novas experiências, aprendizados, horizontes expandidos. A gente aprende a ser um pouco mais condescendente, mais humano. Isso por que somos obrigados a conquistar a confiança de pessoas desconhecidas para conseguir desenvolver o trabalho e o principal: olhamos com olhos menos viciados.

Sobre medos

Acho que já escrevi sobre isso antes. É comum a gente confessar um medo e as pessoas rirem ou acharem absurdo. Aprendi que medo a gente não questiona. Toda pessoa tem medo de alguma coisa, muda de pessoa para pessoa.

Eu costumava dizer para quem caçoava do meu medo de avião o seguinte: "Sim, eu tenho medo de avião. Qual o problema? Pode ser que você conheça algum dia um piloto de avião que tenha medo de baratas".

No prédio onde estou trabalhando tem uns elevadores medonhos. Tem um que dá de vez em quando de travar a porta em algum andar (aleatoriamente). E outro que sobe chacoalhando para os lados. Eu tive um pouco de medo de elevador quando era criança. Agora não mais.

Aqui no projeto tem uma moça que não entra no elevador de jeito nenhum sozinha. No outro dia eu subia dentro do elevador cheio, aquele que trava a porta, e ele parou num andar e não saiu mais. Percebi que uma senhora ao lado já suava de medo. Acabamos saindo todos e entrando no outro elevador, justamente o que chacoalhava. Quando chegamos somente as duas no meu andar, a senhora disse para mim: "ai moça, sobe comigo até o meu andar, eu tenho medo".

Eu fiquei morrendo de pena da senhora. Mas aqui no prédio é o seguinte: uma viagem de elevador perdida pode custar uns 10 minutos. Além disso, eu não estava me sentindo tão samaritana assim nesse dia. Acabou que descemos as duas no meu andar e ela optou por subir os dois andares que faltavam de escada.

Fui ruim né. Mas confesso que além de eu estar de má-vontade, a senhorinha também me deu um pouco de medo. Me lembrou a Bruxa Meméia.... ui!!

O retrato de Dorian Gray

Quando eu era adolescente eu li muitos clássicos, principalmente ingleses. Eu era super fã da Jane Austen, li alguns de Dickens, alguns das irmãs Brontë. Eu morri de medo mas li "Os inocentes" de Henry James. Eu andei lendo uns franceses também, como Guy de Maupassant. E houve outros tantos que já não me recordo mais.

Confesso (naquela linha de bloqueios que a gente cria para si mesmo) que me esquivei dos russos pois os achava densos demais. Muito embora ouvisse falar muito bem deles.

E houve também um romance em particular "O retrato de Dorian Gray" de Oscar Wilde que volta e meia me caía nas mãos e que eu rejeitava. Eu me explico: é que na sinopse do livro dizia que tratava-se da história de um rapaz que vendia a alma para manter-se eternamente jovem e belo. E isso de fazer pacto ou vender a alma causava-me um medo terrível, mais ainda do que fantasmas.

Pois é, muito ainda para ler.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Sentimento religioso

Acho que em certas fases da vida é inevitável termos mais pensamentos em relação a religião. E é o meu caso agora. Ultimamente tenho pensado muito nisso.

Eu sempre achei que religião, fé, é algo que devemos ter independente do momento. Existe uma tendência entretanto para que o apelo à religião ocorra no momento do desespero. Eu sou tão ética que nem isso eu consigo fazer. Não me permito, não me sinto no direito. Eu acho que se não estou em dia com minhas obrigações religiosas, não tenho direito a pedir nada dentro de uma religião.

Se existe algo que se herda por viver em um país católico é a culpa. Mesmo quando não se é católico, parece que convivemos com a culpa, vivemos em dívida.

Quando eu estava na 3a.série, fomos convidados na escola para participar do Catecismo. Por motivos que não vêm ao caso no momento, pois seria remoer o passado, eu não participei. Acontece que a minha melhor amiga era filha de portugueses e obviamente foi encaminhada para as aulas. E eu, muito incomodada com a situação, porque eu também queria participar, acabei indo com ela algumas vezes por vontade própria.

Sempre ficou essa lacuna em mim. Eu gostaria de ter feito a primeira comunhão para depois optar se aquele era o direcionamento religioso que eu gostaria de ter. Posso afirmar com bastante segurança que na idade de ser crismada eu já era suficientemente articulada para decidir. E talvez, quem sabe, eu tivesse optado por não fazer.

Hoje, conversando com a mesma amiga da 3a.série, descobri para minha surpresa que ela também se sente deslocada nas missas. Digamos que isso aliviou um pouco a minha dúvida porque apesar de saber que ela mais tarde se dedicou a estudos alternativos, eu achava que mesmo assim, ela devia conhecer toda a ritualística.

De certa forma foi libertador descobrir isso. Libertador porque eu tinha nela um referencial criado na infância. E é bom saber o resultado que veio depois. Creio que mais uma vez, confirma-se em mim a quase certeza de que a fé é algo que pode ser perseguido individualmente, desde de que em conjunto, pratiquemos alguns conceitos básicos como amor ao próximo, por exemplo.

Novamente sobre Deus

Missas me dão um desconforto tremendo. Eu sou uma pessoa extremamente obediente e dedicada. Em geral, gosto de fazer as coisas certas, seguir todas as regras. Não que isso seja bom. É bom quando o resultado é um trabalho bem feito, por exemplo. É ruim quando eu acabo me cobrando desnecessariamente e sofrendo, ou quando deixo de fazer algo que poderia ser bom pelo simples medo de descumprir as regras.

Por que então a missa me causa desconforto? Por que eu não sei me como me portar nelas. Eu não fiz catecismo, não fiz primeira comunhão e nenhum outro rito ou sacramento. Só batismo, quando era bebê. Toda vez que eu entro numa missa eu me sinto deslocada. Não consigo me sentir pertencente ao ritual. Vejo as pessoas cantando, repetindo rezas... aquele sinalzinho de 3 cruzes é um tremendo desespero para mim, por que eu não sei fazer. Ainda bem que eu sei pelo menos fazer o sinal da cruz e rezar o Pai Nosso e a Ave Maria.

Estou abrindo o meu coração e confessando uma vergonha sem medo de rejeição. Eu queria entrar na missa e sentir o poder tranquilizante e purificador do ritual mas fico presa a procedimentos. Eu gosto de fazer tudo certo, não gosto de nada pela metade. E não sei aproveitar uma missa quando não entendo a função de cada parte e não posso comungar.

Por acreditar em Deus, acho que ele não me julga por isso. Não é?

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Luto

Quando a gente perde uma pessoa querida com quem convivemos muito mas não tínhamos mais o contato diário, o pranto é baixinho, devagar, sofrimento calmo. Ele aparece em pequenas lembranças, recordações do passado e mínimas coisas que nos acostumamos a fazer com aquela pessoa. Em geral vem quando estamos sozinhos, quando o pensamento se desliga das obrigações diárias.

Sofre muito quem tem ligação forte, sinergia, quase dependência.

Sofrem também de forma saudosa, aqueles que conheceram a pessoa no passado e que dela guardam doces recordações.

Eu não podia deixar de registrar 2 posts feitos por bloggers queridas relacionados à minha recente perda:

Impotência

Elegia

Perdas de pessoas queridas são fechamentos de ciclos. Momentos para lamentar, refletir, reorganizar e buscar novos caminhos. Que o novo ciclo se inicie utilizando aquilo de bom que conseguirmos extrair das experiências vividas, mesmo que sofridas.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Ô meme difícil

Aceitei o duplo desafio de Cacau e Pat e estou respondendo a este meme que foi dificílimo mas valeu a pena.

Regras:

1 - Escolher um cantor, dupla ou grupo, como quiser;
2 - A cada pergunta feita, escolher uma música cuja letra (ou parte dela) represente a resposta;
3 - Nomear outros blogs para o desafio (este eu vou ficar devendo por motivos explicados anteriormente)

O grupo escolhido foi: Legião Urbana

1 - Você é homem ou mulher?

Eduardo e Mônica era nada parecidos
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
Ela fazia Medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês

(Eduardo e Monica)

2 - Descreva-se a si mesmo:

Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola

(Geração Coca-cola)

3 - O que as pessoas acham de você?

Tenho andado distraído
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso
Só que agora é diferente
Estou tão tranqüilo
E tão contente...

(Quase sem querer)

4 - Como você descreveria o seu último relacionamento? (Revisado)

Às vezes parecia
Que de tanto acreditar
Em tudo que achávamos
Tão certo...

Teríamos o mundo inteiro
E até um pouco mais
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços
De vidro...

Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente
Quase parecendo te ferir...

(...)

Eu sei é tudo sem sentido
Quero ter alguém
Com quem conversar
Alguém que depois
Não use o que eu disse
Contra mim

(...)

Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais
Como sei que tens também...

(Andrea Doria)

5 - Descreva o estado do seu relacionamento atual:
Nota: não sou lésbica!

E hoje a noite não tem luar
E eu estou sem ela
Já não sei onde procurar
Não sei onde ela está

Hoje a noite não tem luar
E eu estou sem ela
Já não sei onde procurar
Onde está meu amor?


(Hoje a noite não tem luar)

6 - Onde você gostaria de estar agora?

Ele queria sair para ver o mar
E as coisas que ele via na televisão
Juntou dinheiro para poder viajar

(Faroeste Caboclo)

7 - O que você pensa a respeito do amor?

É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja
Ou se envaidece...

(Monte Castelo)

8 - Como é a sua vida?

O que sinto muitas vezes
Faz sentido e outras vezes
Não descubro um motivo
Que me explique porque é
Que não consigo ver sentido
No que sinto, que procuro
O que desejo e o que faz parte
Do meu mundo...

(Eu era um lobisomen juvenil)

9 - O que você pediria se tivesse direito a apenas um desejo?

Quem me dera
Ao menos uma vez
Acreditar por um instante
Em tudo que existe
E acreditar
Que o mundo é perfeito
Que todas as pessoas
São felizes...

(Índios)

10 - Escreva uma frase sábia:

"É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã"

(Pais e filhos)


How cool is your mom?

Menino: Mãe, o R. está na minha sala?
Mãe: Aquele que tem a mãe que é personal trainer?
Menino: Sim.
Mãe: Ah, ele está sim.
Menino: Que legal!... A mãe dele já ganhou concurso de levantamento de pesos, sabia?
Mãe: Eu não... bacana!
Menino: Mãe, você já ganhou algum concurso?
Mãe: Eu sim... de redação... eu ganhei 2o. lugar.
Menino: CDF!

Gargalhadas...

Nota: E eu nem contei pra ele que ganhei também placas e troféu no curso de inglês....

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Pas formidable


Resolvi ver por causa da atriz. Audrey Tautou, a mesma de "O fabuloso destino de Amélie Poulain", filme que adoro.

O que dizer? Não foi formidável. Ela é excelente atriz. Conseguiu mostrar uma faceta totalmente diferente. Sensual, manipuladora. Figurino deslumbrante, luxo, Côte D'azur, paisagens lindas. Mas apesar de considerar o enredo totalmente original, não me envolvi com ele.

Não diria não veja. Diria, veja e me dê a sua opinião. Ruim não é. Tem umas cenas bem engraçadinhas, por sinal.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Meme - Fatos aleatórios sobre mim

Parece que definitivamente passei a fazer parte deste universo blogueiro. Eu recebi na semana passada o convite da "Fuça de Ferret" para participar de um meme. E fiquei muito lisonjeada.

Infelizmente não poderei ainda cumprir os dois últimos itens uma vez que ainda não tenho tantos amigos blogueiros e os poucos que tenho já estejam participando da brincadeira.

Eis as regras do jogo:
  1. Coloque o link de quem lhe indicou o meme;
  2. Escreva estas 5 regras antes do meme pra deixar a brincadeira mais clara;
  3. Conte 6 fatos aleatórios sobre você;
  4. Indique 6 blogueiros pra continuar a brincadeira;
  5. Avise aos blogueiros que eles foram indicados.
Fatos aleatórios sobre mim:

1. Sou extremamente consumista e vaidosa. Gosto de marca: roupas, maquiagem, perfumes, embora não seja essencial. Se não tiver marca, eu também compro. Tenho uma cômoda onde 2 gavetas inteiras guardam todo o tipo de acessórios. Tenho outra gaveta inteira de lenços e meias, outra mais funda com cintos e bolsas e 2 prateleiras de armário cheias de bolsas. Roupas e sapatos não vou nem citar.

2. Eu sou carioca mas não sei nadar. Mas pelo menos me garanto na água. Nado um cachorrinho com estilo.

3. Eu sempre gostei de dormir de bruços, com um braço debaixo do travesseiro (que precisa ser baixo). Depois das duas gestações, peguei o hábito de dormir às vezes de lado com um travesseiro entre as pernas. Durante a noite eu alterno entre essas duas posições.

4. Sou uma pessoa de extremos. Ou estou muito calma, em estado quase Zen ou colérica, ao ponto de ficar vermelha e tremer. Meu objetivo na vida é caminhar cada dia mais em direção ao 8 (o extremo inferior). Em defesa própria posso dizer que 99% das explosões ocorrem no dia mais crítico da TPM.

5. Eu sou extremamente medrosa mas batalho para vencer os meus medos. O único medo que acho que nunca vou conseguir vencer, é o de insetos. De insetos não gosto de ouvir falar e nem de olhar as fotos. Uma vez tive que ler um livro para o meu filho fingindo que não estava incomodada com as fotos de aranhas caranguejeiras. Em outras ocasiões, tive que me livrar de uns seres que resolveram invadir a minha casa, tentando aparentar naturalidade diante dos meus filhos.

6. Eu sou muito gulosa. Como praticamente de tudo e adoro doces e pães. Só que recentemente descobri que tenho tendência à diabete e tive praticamente que abdicar dessas delícias. A melhor comida que já inventaram no mundo para mim foi o queijo. E ironicamente, quando eu era criança, eu não gostava de queijo cru. Somente derretido.

No dia em que ele dormiu

Saiu do hospital com um peso no peito. Pensou que talvez agora ele tivesse tranquilidade para ouvir as músicas que tanto gostava. "Quem sabe se eu conseguir um mp3 player e fizer umas compilações com os CDs dele?"

Essa idéia deu-lhe um pouco de conforto.

No dia seguinte, procurou uns aparelhinhos sem muito sucesso. "No sábado pego os CDs".

Só que sábado já era tarde. Ele se foi na sexta-feira, no final da tarde.

Embora achasse que era melhor assim, que ele já não merecia mais sofrer tanto, ficou com a sensação de não ter dado adeus. Dez minutos, apenas 10 minutos numa sexta-feira de chuva foram o que a impediram de se despedir.

Ao menos teve uma chance de homenageá-lo na pequena cerimônia com uma das suas músicas preferidas. Uma entre tantas que aprendeu a gostar através dele. O concerto de Aranjuez.

Domingo, tirou pela primeira vez o seu carro da garagem com a certeza de que ele não voltaria a ver o dono. Neste tempo todo em que se tornou a guardiã do veículo, limitou-se a lavá-lo, abastecê-lo, andar com ele somente pequenas distâncias, ciente do ciúme que o seu dono tinha dele. Pensava que um dia, talvez, o carro pudesse retornar à garagem certa.

No meio do caminho para o supermercado, um imprevisto. Precisava de um lenço de papel. Abriu o porta-luvas na procura de um e se deparou com um estojo de CDs. Várias mídias preparadas com cuidado. B.B.King, outros guitarristas americanos, coletâneas de música clássica, Teleman e "The Joshua Tree" do U2.

Este último era um daqueles gostos compartilhados pelos dois. Retirou o CD do estojo e colocou no rádio. Ao início de "Where the streets have no name", subitamente sentiu como era quando ainda bem jovem ouviam juntos as músicas na sala do apartamento do Rio. O álbum era daquela época.

Foi invadida por nostalgia e tristeza. Consciência da separação. Do nunca mais ver. Foi ouvindo as músicas do U2, lembrando disso, dirigindo e chorando.

Bom senso

A gente tem que tomar muito cuidado com o que lê e a forma como aplica o que leu.

O câncer é uma doença cruel. Cruel, primeiro porque são nossas próprias células que se transformam e crescem numa velocidade exponencial, quase como se o nosso corpo tivesse se voltado contra nós mesmos. Segundo, porque ele corta a nossa defesa pela raíz. O que a gente lê por aí é que a grande chave do sucesso da cura dessa doença é não desistir, estar sempre otimista. Não que isso esteja errado, está certíssimo. Só que a doença, traiçoeira como ela é, faz com que a pessoa deixe de gostar de tudo o que sempre gostou. As comidas preferidas deixam de ter o sabor atraente e acalentador. Os hobbies perdem o colorido. Chegam até a incomodar. Buscar renovação como se aquilo que nos dá energia perde subitamente a graça?

Durante toda a doença do meu pai, chamou-me a atenção que ele deixou de ouvir música, sua maior paixão depois de minha mãe. Eu perguntava para ele se ele ia ouvir um CD ou assistir um show ou filme no DVD e ele não tinha vontade. Analisando a situação tomando por base o que dizem os livros, diríamos que ele estava desanimando, se deixando levar pela enfermidade. Esta é uma análise muito superficial, é a teoria de botequim da auto-ajuda. É necessário entender o "modus operandi" da doença, o que normalmente a gente não conhece, e ler nas entrelinhas, esquecer as interpretações grosseiras, ter bom senso.

Foram 3 semanas muito difíceis. Mas meu pai nunca desistiu. Não desistiu porque não afirmou nenhuma vez se gostaria de ser sepultado ou cremado, não escolheu roupa, não pronunciou nenhum desejo post mortem. Durante os delírios provocados pela forte medicação contra a dor, revisava consultas médicas e os procedimentos de enfermagem. Uma verdadeira prova de auto-preservação e otimismo. Havia raciocínio mesmo na ausência de lucidez. O que é dito num momento de desespero não implica diretamente num sentimento de derrota. Somos humanos, temos direito ao descanso e ao desabafo.

A batalha não foi perdida, era o destino. Vou me utilizar do velho clichê: a morte é a única coisa certa na vida. E é a mais pura verdade.