sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

É como morar em vila

Quando eu era criança, bem pequena, a minha avó morava numa vila do início do século com umas 8 casas. Coisinha mais linda. Casinhas com o pé direito alto, portas da frente e janelas que abriam em duas folhas.

Apesar de ser muito novinha, eu devia ter uns 4 anos de idade, lembro-me bem de algumas coisas que vivi naquela vila. E uma coisa que me chamava a atenção é que as pessoas se referiam umas às outras como o "fulano da casa 5", por exemplo. E em geral, todo mundo sabia da vida de todo mundo.

Apesar de vivermos hoje em dia em prédios que também são coletividades, esse comportamento mudou porque hoje em dia as pessoas correm mais, nem encontram os vizinhos e a rotatividade é maior.

Outro efeito de morar em vila a vida toda, era que as pessoas com o tempo acabavam pegando algumas antipatias e inimizades. Rixas desagradáveis e sem fim.

Veja como isso não é muito diferente de trabalhar muito tempo numa empresa. Se por um lado tem o benefício da suposta estabilidade, por outro tem esse caráter negativo gerado por colocar várias pessoas convivendo por muito tempo no mesmo "quadrado". É um tal de "você viu como a fulaninha do financeiro veio vestida hoje" ou "a fulana e o fulano do andar tal estão andando muito juntos" e outros comentários exatamente iguais aos de uma vila de um subúrbio ou periferia qualquer.

Penso nisso toda vez que tenho oportunidade de começar um novo projeto. Novos ares, novas pessoas, novas experiências, aprendizados, horizontes expandidos. A gente aprende a ser um pouco mais condescendente, mais humano. Isso por que somos obrigados a conquistar a confiança de pessoas desconhecidas para conseguir desenvolver o trabalho e o principal: olhamos com olhos menos viciados.

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