Um dia a gente se dá conta de que o tempo não basta mais. Que por mais que a gente se esforce e tente encaixar tarefas, a gente está sempre devendo. O que aconteceu com o tempo de quando a gente era criança? O tempo que sobrava. Horas que não passavam quando a gente ansiava por alguma coisa. Meses e meses de férias que se estendiam como um ano inteiro quando os amigos viajavam e não sobrava ninguém para brincar. Chegamos então a uma conclusão: não foi o tempo que mudou, foi o estilo de vida.
Tempo, tempo, tempo. Velocidade. Fazer tudo rápido. Isso cansa. Parar, pisar no freio. Avaliar o que realmente tem importância. Deve ser essa a solução para o problema.
Falta de tempo, stress, correria. E-mails que chegam, livros e filmes que são lançados e que não conseguimos ler ou assistir. Trabalho, atividades domésticas. Compromissos sociais, afetivos. Mudaram as prioridades? A gente trabalha para viver ou vive para trabalhar? Já nem sabemos mais. Não dá para continuar assim. É preciso curtir a vida, os momentos.
Entre uma tarefa e outra, cuidar de si. Para si próprio ou para os outros? Leitura de salão de beleza. "Puxa, que coincidência!" Se é que as coincidências existem de verdade. Matéria da Época de Janeiro deste ano: não é que a velocidade se tornou um mal mundial e atual? Com o perdão da rima boba.
Reduzir, desacelerar, qualidade de vida, "Less is more", já dizia Van der Rohe?
Que bom se a gente pudesse mudar assim. Viver numa velocidade saudável. Deixar de achar que as coisas e as pessoas precisam funcionar na velocidade de um clique.
Que bom se as pessoas pudessem ter a mesma velocidade. Se fosse possível sincronizar ritmos de gostos, objetivos, fases de vida. Se pais pudessem observar seus filhos com a velocidade que requer uma criança. Sem pensar no horário da próxima reunião. Sem tanta culpa. Não é que as pessoas também tem velocidades diferentes entre elas? A gente se encontra numa pausa qualquer, se nossas velocidades permitirem. "Beijo, me liga."
Desacelerar, parece inevitável. O planeta pede. A vida pede. Pisar no freio ou "crash" total.